Refugiados da RDC em Angola visitados por diplomatas
EFE | AFP | ar
21 de junho de 2017
Delegação de representantes diplomáticos acreditados em Angola, visitou centros de acolhimento de refugiados da República Democrática do Congo na província da Lunda Norte.
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O grupo, com representantes das embaixadas da Alemanha, dos Estados Unidos da América, Portugal, Espanha, França, Japão, Países Bálticos e União Europeia, visitou os centros de acolhimento provisório de Cacanda e Mussungue, onde se encontram instalados, provisoriamente, cerca de 31 mil refugiados.
Numa audiência com os diplomatas, o governador da província da Lunda Norte, Ernesto Muangala, apelou ao apoio desses países para a assistência dos refugiados, cujo número continua a crescer, assistindo-se à chegada diária de cerca de 300 pessoas, com o aumento do conflito étnico político nas regiões congolesa de Kasai e Kasai Central.
Ernesto Muangala, citado pela agência noticiosa angolana, Angop, informou os diplomatas de que, num encontro que teve antes com a representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em Angola, Pierrine Aylara, ficou prevista a transferência, até agosto, dos refugiados para a localidade do Lóvua, onde está a ser erguido um novo centro.
Melhores condições de instalação e de segurança
Segundo o dirigente angolano, essa transferência visa garantir melhores condições de instalação e segurança, já até agora tem sido priorizada a assistência alimentar e de sanitária.
Em declarações à imprensa, o porta-voz da delegação e ministro conselheiro da embaixada da França em Angola, François Sow, referiu que o assunto deverá merecer atenção daqueles países, realçando o "esforço extraordinário" do Governo angolano no tratamento da situação.
Recorde-se que desde março deste ano, uma vaga de refugiados da RDCongo tem procurado o território angolano para se refugiarem de atos de violência naquele país vizinho de Angola, essencialmente a província da Lunda Norte, com a qual partilha uma fronteira terrestre comum de 770 quilómetros.
Violência na RDC força deslocamento de 1,3 milhão de pessoas
Mais de 1,3 milhão de pessoas fugiram da região congolesa de Kasai desde agosto de 2016 devido à violência, mais da metade deles crianças que em algumas ocasiões foram separadas de seus pais ou recrutadas por milícias, informou na terça-feira (20.06.) o Conselho de Refugiados Norueguês (NRC, por sua sigla em inglês).
Mais de 3,7 milhões de pessoas vivem deslocadas internamente na República Democrática do Congo, segundo dados registrados até maio, das quais 1,5 milhão se deslocaram nos últimos meses - de dezembro a maio de 2017 -, alertou a NRC num comunicado.Além disso, 475 mil congoleses fugiram para países vizinhos, segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), sendo que milhares foram para Angola, após um aumento da violência na província de Kasai, onde a milícia Kamuina Nsapu semeou terror na população.Em maio, durante uma escalada da violência na região, 8 mil pessoas foram obrigadas a se deslocar por dia, apontou o NRC que trabalha na zona, onde presta ajuda a cerca de 630 mil deslocados.
Cerca de 338 escolas na região de Kasai Central não estão a funcionar devido ao conflito, segundo o NRC, e 639 foram destruídas segundo dados da Missão da ONU na RDC (MONUSCO).
Em localidades como Nganza, um povoado da região, as escolas estão ocupadas por grupos armados, denunciou a organização norueguesa.
O conflito explodiu em agosto de 2016 na região de Kasai quando o líder da milícia Kamuina Nsapu, que leva seu nome, foi morto pelo Exército e seus seguidores lutam contra o Governo para vingar a sua morte.
Copa dos Refugiados no Brasil
A Copa dos Refugiados juntou uma centena de atletas refugiados e migrantes no sul do Brasil. O objetivo: promover a integração.
Foto: DW/L. Nagel
Angolanos apoiam refugiados no Brasil
Tudo pronto para o pontapé de partida da Copa dos Refugiados em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O campeonato reuniu cerca de 100 atletas refugiados e migrantes no Brasil, promovendo a sua integração no país. Entre os participantes estiveram jovens angolanos, que vivem há pouco mais de três anos no sul do Brasil.
Foto: Luis Gressler
Uma arena só para a Copa
A Arena do Grêmio, na cidade de Porto Alegre, foi o palco da primeira edição da Copa dos Refugiados e Migrantes, em março deste ano. O campeonato juntou jogadores amadores do Senegal, República Democrática do Congo e Angola, além do Haiti, Venezuela, Colômbia, Peru e Síria que vivem em várias cidades do Rio Grande do Sul.
Foto: DW/L. Nagel
Concentradíssimos
Antes do jogo, a equipa de Angola presta atenção às orientações do técnico Januário Francisco Gonçalves, de 45 anos. Angola enfrenta o Coletivo, considerado um adversário forte, composto por jogadores do Senegal. Januário também é o presidente da Associação dos Angolanos em Porto Alegre.
Foto: Luis Gressler
Jogo renhido
A partida entre os jogadores de Angola e o Coletivo foi renhida. A equipa de senegaleses da cidade de Caxias do Sul fez marcação cerrada aos angolanos e acabou por vencer: 1-0 para o Coletivo. Mas o que importa é participar na Copa: "Apesar de a nossa equipa não ser de refugiados, é necessário dar-lhes apoio", diz o angolano Hélder Oliveira, de 21 anos.
Foto: DW/L. Nagel
A torcer por Angola
O jogo entre Angola e o Coletivo só durou 15 minutos, mas foi bastante animado. Várias pessoas vieram ao estádio torcer pelos estudantes angolanos, na sua maioria bolseiros da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e Pontifícia Universidade Católica do Rio do Grande do Sul (PUCRS).
Foto: DW/L. Nagel
Pelos refugiados
Mário Bravo, 21 anos, nasceu em Luanda e estuda atualmente Engenharia de Energia no sul do Brasil. "Viemos prestar a nossa solidariedade a todos os refugiados que vivem aqui", afirmou o estudante. Para Mário, o povo brasileiro identifica-se muito com os africanos: "Adoro o Brasil, a alegria das pessoas. Somos muito parecidos, somos irmãos".
Foto: DW/L. Nagel
Contra o preconceito
Hélder participou pela primeira vez num torneio deste género, para apoiar refugiados e lutar contra o preconceito. Ele vive há três anos no Brasil e já foi vítima de racismo. O angolano comenta que, infelizmente, há racismo até "por um negro ser mais negro do que o outro, por um branco ser mais branco do que o outro". Mas Hélder tenta ignorar: "Escolho as pessoas certas nas relações de amizade."
Foto: DW/L. Nagel
Um evento para todos
A Copa dos Refugiados foi organizada pela ONG "África do Coração", dirigida pelo refugiado congolês Jean Katumba, que vive em São Paulo. "O objetivo do evento é integrar todas as pessoas, independentemente da sua religião, credo, raça; mostrar que todos os refugiados e migrantes são bem-vindos aqui em Porto Alegre", diz Jean, que teve de sair do seu país após denunciar fraudes nas eleições.
Foto: DW/L. Nagel
"Fair-Play"
Também para estes adeptos haitianos, o que importa nesta Copa é participar. A sua equipa perdeu frente à Colômbia, mas mesmo assim não desanimaram. O Centro Ítalo-Brasileiro de Assistência e Instrução às Migrações estima que cerca de dois mil haitianos vivem em Porto Alegre.
Foto: DW/L. Nagel
Vitória!
A Colômbia seguiu para a final, mas foi derrotada pelo Coletivo, da cidade de Caxias do Sul. A equipa formada por imigrantes senegaleses foi a grande vencedora da Copa dos Refugiados e celebrou a vitória.
Foto: DW/L. Nagel
Para mais tarde recordar
Altura para a foto de grupo, no final da Copa. Na imagem, para a posteridade, a equipa de Angola. A competição foi realizada pela Associação Antônio Vieira (ASAV) com o apoio da Agência da ONU para Refugiados e de entidades e organizações da sociedade civil.
Foto: DW/L. Nagel
O troféu
A equipa Coletivo levou, este ano, a taça da Copa para casa. O torneio já teve três edições realizadas na cidade de São Paulo, no sudeste brasileiro, mas foi a primeira vez que Porto Alegre recebeu os jogadores. Quem serão os próximos vencedores?