Detenção de Armando Correia Dias foi considerada ilegal por ativistas e deputados. Ministério do Interior da Guiné-Bissau acusou o dirigente do PAIGC de porte de armas de guerra. Mas advogado diz que PGR não tem provas.
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O dirigente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Armando Correia Dias "N'dinho", e o seu irmão Caló Dias foram libertados esta terça-feira (23.06) após serem ouvidos por membros do Ministério Público em Bissau. Ambos estavam detidos desde sábado.
Em entrevista à DW África, o jurista Luís Vaz Martins, do coletivo de advogados de defesa de "N'dinho", disse que o próprio Ministério Público não parece ter convicção sobre a acusação. "Tendo convicção, eles teriam aplicado - através da intervenção de um juiz de instrução criminal - uma medida de coação mais gravosa, obviamente seria uma prisão preventiva", avalia Martins.
A Procuradoria guineense decidiu aplicar uma medida de apresentação periódica contra "N'dinho", o que também foi considerado abusivo pelos advogados de defesa.
"Vamos atacar a medida de coação para que seja levantada. Acreditamos que não há razões para se aplicar uma medida tão gravosa para uma situação de simulacro. Apanham armas, supostamente no carro de um cidadão, e a pessoa que seguia no carro de boleia é que foi acusada de transportar armas", questiona o jurista.
Martins definiu a acusação contra o irmão de Dias como "caricata". Segundo o Ministério Público, Caló Dias teria tentado "assaltar a esquadra da polícia para resgatar o irmão mais velho".
O que diz o Ministério do Interior
Segundo informações do porta-voz do Ministério do Interior, Salvador Soares, o dirigente do PAIGC foi detido no sábado (20.06), suspeito de "movimentação" com armas de fogo de uso militar.
"Depois de três dias de seguimento operativo, ele foi intercetado numa viatura onde foram encontrados dois fuzis Kalashnikov (AKM), quatro carregadores e uma arma branca, facto que obrigou à sua detenção preventiva para averiguar a proveniência das armas, motivo de uso e porte", disse Soares.
Armando Correia Dias foi detido quando acompanhava o antigo secretário de Estado, Anaximandro Zyléne Casimiro Menut, e o deputado Wasna Papai Danfa. Os três seguiam na viatura de Menut. O ex-secretário de Estado acusou um civil que estava acompanhado da polícia de ter colocado as armas no interior do veículo.
Soares preferiu não comentar a acusação de Menut: "Isso não cabe a mim, sou apenas o porta-voz do Ministério do Interior. Não posso responder isso. Há um serviço competente para tal", argumentou.
Parque Natural do Rio Cacheu: Uma Guiné-Bissau desconhecida
No Parque dos Tarrafes de Cacheu esconde-se o melhor de uma Guiné-Bissau quase desconhecida. Pesca de camarão no Rio Chacheu chega a atingir 80% das licenças atribuídas, nomeadamente aos países da União Europeia.
Foto: DW/B. Darame
Três tipos de mangais
Impressiona a cobertura de mangal, tal como a vida que é levada no interior do parque de Cacheu, onde salta à vista o potencial para o ecoturismo. O parque protege a maior concentração contínua dos mangais na sub-região africana.
Foto: DW/B. Darame
Roteiro de ecoturismo
Ameaça chover no Parque Natural dos Tarrafes de Cacheu. Este local faz parte do roteiro de ecoturismo. A pesca artesanal praticada pelos povos locais, desprovidos de quaisquer meios de seguranca, é o que sustenta a riqueza da zona.
Foto: DW/B. Darame
Desfrutar da pesca
No primeiro dia após a abertura do repouso biológico do rio Cacheu, os pescadores puderam verificar que os peixes aumentaram em quantidade e tamanho.
Foto: DW/B. Darame
Pesca em família
Pai e filho durante uma sessão de pesca no interior do Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu. A pesca artesanal e de subsistência é a alavanca de várias famílias ao redor das cidades de Cacheu, São Domingos e Farim.
Foto: DW/B. Darame
Efeitos da exploração abusiva
A erosão costeira é uma das ameaças devido ao corte do mangal e da agricultura itinerante ao nível do interior do parque. A pressão sobre os recursos é notória tendo como base o aumento demográfico.
Foto: DW/B. Darame
Práticas ecológicas
A conciliação da exploração dos recursos e práticas ecológicas tendo em vista a perenidade dos recursos é apontada como o caminho para a sustentabilidade das comunidades residentes no Parque Natural dos Terrafes de Cacheu. Os habitantes fazem o cultivo de arroz à mão - uma produção ainda mecânica.
Foto: DW/B. Darame
Cultivo de Arroz
O cultivo e a colheita do arroz, a base da dieta alimentar dos guineenses, é uma atividade feita na época das chuvas que visa garantir o autosuficiência alimentar dos povos de campo. É uma atividade que envolve homens, mulheres e crianças no interior da Guiné-Bissau.
Foto: DW/B. Darame
Produção de carvão
As alternativas à produção energética para o consumo doméstico é um dos desafios da conservação na Guiné-Bissau. Troncos árvores são colocados numa espécie de forno para a sua transformação em carvão. O produto é usado essencialmente na cozinha.
Foto: DW/B. Darame
Casas improvisadas
A existência de santuários no interior do parque é um dos valores simbólicos mais importantes que a cultura desempenha na conservação do espaço natural e na ligação entre a população local e o parque.
Foto: DW/B. Darame
Diversão dos jovens no porto
Saltos e mergulhos são as atividades de lazer prediletas dos jovens no Porto de Cacheu ao fim da tarde. Um processo quase que de socialização obrigatória.