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Disparos e detenções em dia de votação em Moçambique

Lusa
10 de dezembro de 2023

Polícia reforçou contingente em algumas mesas de voto e efetuou disparos e detenções na sequência de agitação social por alegadas tentativas de fraude já registadas na repetição da votação em quatro municípios.

Foto de arquivo: Polícia nas ruas de Guruè a 3 de novembroFoto: Marcelino Mueia/DW

O distrito de Gurué, na província da Zambézia, centro de Moçambique, está sob tensão, com a polícia a fazer disparos para dispersar a população que agride dois homens suspeitos de possuir boletins de voto preenchidos, segundo imagens transmitidas pela televisão local.

Em contacto com a Lusa, o porta-voz da Polícia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia confirmou ter havido alguma agitação em Gurué, mas não confirma a ocorrência de disparos.

"Houve uma pequena agitação e rapidamente a polícia controlou. A polícia foi chamada para a repor a ordem, sensibilizar e amainar os ânimos", disse Miguel Caetano, acrescentando que o processo decorre, agora, de forma ordeira em Gurué e também em Milange, outro município que repete o escrutínio.

Na autarquia de Marromeu, em Sofala, também no centro de Moçambique, um presidente de mesa e um membro do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, terceira força parlamentar) foram detidos por, alegadamente, possuírem boletins de voto preenchidos.

"Após os primeiros incidentes da manhã, a polícia foi obrigada a reforçar o contingente para garantir a ordem nos postos de votação espalhados pela autarquia", referiu Izidro Nhamussua, comandante distrital da PRM em Marromeu, durante uma conferência de imprensa.

Mais Integridade denuncia irregularidades

Os observadores das eleições também denunciaram um ambiente de tensão nas primeiras horas da eleição, com registo de "várias irregularidades, ilícitos, violência antes e depois da abertura da votação".

"Esta situação, de forma geral, está a preocupar a Sala da Paz pelo facto destas eleições serem a repetição de um processo que nós já tivemos no dia 11 de outubro passado, o que significa que já devíamos ter aprendido alguns elementos básicos de convivência eleitoral", disse Duarte Amaral, porta-voz da Sala da Paz, associação moçambicana que observa as eleições.

O Consórcio Eleitoral Mais Integridade, que faz a observação do processo em 72 mesas de voto, denunciou também "tentativas de fraude, incluindo atritos entre presidentes de mesa e delegados de candidatura da oposição", além de impedimento à observação.

"Os observadores do Mais Integridade puderam observar o início da votação em todas as mesas de Nacala-Porto e Gurúè, mas em Marromeu estão a registar-se muitos casos de impedimento à observação, afetando pelo menos 15% das mesas daquele município, embora estejam a ser gradualmente resolvidos", referiu o consórcio, numa nota enviada à comunicação social.

Os observadores referiram também haver pouca adesão ao processo em alguns postos de votação, notando pontualidade na abertura das mesas.

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