Ativistas são detidos durante visita de JLo ao Kwanza Norte
15 de setembro de 2021O ativista Gomes Pablo permenece detido na esquadra policial do Catome de Baixo, em Ndalatando, capital da província angolana do Kwanza Norte, desde terça-feira (14.09).
"Os policiais disseram-nos que o companheiro Pablo escreveu um cartaz que supostamente ultraja a figura do chefe de Estado angolano", afirmou à DW África Pascoal Evaristo, companheiro de causas cívicas do ativista detido. "O Comando Municipal relatou que ele escreveu um cartaz que dizia 'JLo e Kwanza Norte são lixos'", acrescentou.
O outro detido foi Luís Dala, secretário provincial adjunto do Movimento de Estudantes Angolanos do Kwanza Norte. O ativista social foi solto horas depois da detenção. O jovem foi obrigado a apagar as fotografias que captou durante a chegada à Ndalatando da caravana do Presidente angolano.
João Lourenço finaliza esta quarta-feira (15.09) a sua visita de dois dias à província do Kwanza Norte, onde foi receber um relatório detalhado da situação da província nos diferentes domínios e conceder audiências. A presença do chefe de Estado na província coincidiu com o regresso do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos ao país, depois de dois anos ausente.
Sociedade civil critica visita
A sociedade civil no Kwanza Norte reagiu negativamente à visita de João Lourenço, alegando que o Presidente só visita a província em época pré-eleitoral para a caça ao voto.
Evaristo Nguala, secretário provincial do Movimento de Estudantes Angolanos, críticou as autoridades locais por terem paralisado as aulas esta terça feira para recepcionar o Presidente.
O gabinete provincial local da Educação reagiu ao descontentamento e orientou professores e alunos a afluírem às aulas, mas as escolas em Ndalatando permaneceram fechadas.
Durante a sua estada em Ndalatando, João Lourenço reuniu com o conselho provincial da comunidade local e procedeu ao lançamento da primeira pedra da futura urbanização das quintas casas de diversas tipologias na zona rural do quilômetro 11.
Orlando Ferraz, estudante universitário e ativista cívico, considera nula a visita do chefe de Estado angolano, pelo facto de ir à província apenas em época pré-eleitoral.
O secretariado provincial da União Nacional Independente Total de Angola (UNITA) também reagiu à visita de João Lourenço com fortes apelos ao governo local e ao Presidente para que não houvesse intimidações e paralisação das atividades laborais da vida sócioeconómica na capital da província.