Dois mortos e casas queimadas em Muidumbe
26 de agosto de 2025
Segundo um paramilitar, o ataque à sede da localidade de Mapate, cerca de 60 quilómetros de Muidumbe, em Cabo Delgado, aconteceu na segunda-feira (25.08), durante o dia, quando os rebeldes invadiram a aldeia e dispararam contra civis, tendo feito reféns e posteriormente decapitado dois idosos.
"Entraram sim ontem, mataram duas pessoas, elas foram degoladas de forma bárbara na aldeia após serem neutralizados quando tentavam fugir", disse um paramilitar a partir de Muidumbe.
Além dos dois mortos, no ataque várias habitações foram incendiadas na aldeia, acrescentou a fonte.
Devido ao ataque, os moradores de Mapate, assim como das aldeias de Mandela e Mandava, próximas àquela localidade, abandonaram esses locais com destino a sede de Muidumbe, enquanto as Forças de Defesa estão no local para tentar repor a ordem na zona baixa do distrito, avançou o paramilitar.
Parlamento panafricano pede fim do terrorismo
O presidente do Parlamento panafricano pediu hoje o fim do terrorismo na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, afirmando que África "está atrasada" em relação a outros continentes devido a "muitos conflitos".
"Estamos aqui para dizer que condenamos o terrorismo em Cabo Delgado de forma veemente, estamos aqui para dizer que nós não queremos terrorismo aqui no país e nem em qualquer ponto do continente africano", disse aos jornalistas Fortune Charumbira, após um encontro com a presidente da Assembleia da República (AR) moçambicana, Margarida Talapa, em Maputo.
O dirigente, que efetua uma visita de três dias a Moçambique, apontou a paz e segurança como um dos principais desafios do continente, referindo que África "está atrasada" se comparada a outros continentes "porque há muitos conflitos".
"A questão do terrorismo que era desconhecido na África. Agora nós ouvimos sobre o terrorismo, mesmo em Moçambique que, há anos, era algo desconhecido mas já temos uma situação de terrorismo bem aqui mesmo na nossa região da África Austral", referiu Fortune Charumbira.
O líder africano congratulou o Governo moçambicano por "conseguir controlar" a instabilidade pós-eleições e ter avançado com o diálogo político, onde os parlamentares, segundo referiu, tiveram uma "liderança", reconhecendo não ser momento de se ter "único partido a dirigir o país".
"Já não é momento de nós termos um partido único a dirigir o país, mas o que nós queremos que nesses debates aconteça é que haja uma política construtiva e não uma política destrutiva", avançou Charrumbira, garantindo apoio ao país na resposta às alterações climáticas, segurança alimentar, desenvolvimento de infraestruturas e na educação.
Conflito em Cabo Delgado
A província de Cabo Delgado, no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas desde então.
Pelo menos 29 pessoas morreram e outras 208 mil foram afetadas, em julho, pelos ataques de grupos extremistas em distritos daquela província moçambicana, avançou uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU).
A agência da ONU avança ainda que os conflitos entre os Grupos Nacionais de Apoio e as Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas, incluindo forças locais, intensificaram-se em Chiúre, no litoral de Macomia e em Muidumbe.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.