As mortes aconteceram depois de a polícia ter lançado gás lacrimogéneo contra manifestantes que protestavam contra as novas leis eleitorais do país, no sábado (21.04).
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As duas mortes, vítimas da violência de sábado, foram confirmadas por chefes de hospitais este domingo (22.04), segundo os quais pelo menos 16 pessoas ficaram feridas após confrontos entre milhares de ativistas da oposição e forças de segurança numa praça em Antananarivo, capital do país.
Os manifestantes estão a protestar contra as novas leis eleitorais que, a oposição afirma, poderiam impedir alguns candidatos de concorrer nas próximas presidenciais, previstas para serem realizadas no final de novembro ou dezembro.
Autoridades haviam declarado o protesto de sábado como ilegal, mas ativistas da oposição desafiaram a ordem.
O primeiro-ministro, Olivier Mahafaly, disse que uma investigação seria realizada e medidas seriam tomadas contra os responsáveis, acrescentando que o Governo iria iniciar conversações sobre as novas leis.
"O diálogo para encontrar o consenso é o que nos permitirá chegar a soluções duradouras", disse ele na rádio estatal. "O governo está pronto para o diálogo para encontrar este consenso", acrescentou.
Insatisfação popular
"Eu vivi sob regimes diferentes em Madagáscar, mas este, sob Rajaonarimampianina, é o pior", disse o manifestante Aime Abel Jocelyn, que viajou 500 quilómetros da cidade de Betroka para participar no protesto.
"Eu vim aqui para ajudar a trazer mudança, para encontrar uma solução para o meu país."
O Presidente Hery Rajaonarimampianina deve dirigir-se à nação na noite deste domingo.
Eleições em vista
Eleito em 2013, o Presidente ainda não anunciou se vai concorrer à reeleição. Mas dois ex-chefes de Estado já apresentaram suas candidaturas: Marc Ravalomanana, que foi presidente de 2002 a 2009, e Andry Rajoelina, que o derrubou no golpe de Estado de 2009.
Ambos foram impedidos de concorrer em 2013 e seus partidos participaram nos protestos.
O Madagáscar sofreu vários anos de turbulência depois que Ravalomanana foi derrubado no golpe de 2009.
A chegada de Rajaonarimampianina ao poder trouxe um fim temporário à longa série de crises políticas em Madagáscar.
Em nota, a missão da União Europria rm Madagáscar clamou os atores políticos do país a exercer contenção e expressou seu apoio a "eleições presidenciais críveis, transparentes e inclusivas em 2018".
O representante da União Africana em Madagascar, Ahmed Youssouf Hawa, também pediu calma, contenção e responsabilização.
"Madagáscar não precisa mergulhar numa situação difícil poucos meses antes das eleições", disse em comunicado.
"Acaba de me matar": jovens angolanos protestam contra o Governo nas redes sociais
Devido à falta de estrutura para lidar com os efeitos da chuva, pelo menos dez pessoas morreram em Luanda. Esta situação levou os cidadãos a iniciarem no Facebook uma onda de protestos denominada "Acaba de me matar".
Foto: Guenilson Figueiredo
Perdas após mau tempo
A morte de uma criança de quatro anos desencadeou a onda de protestos nas redes sociais, com os cidadãos a partilhar imagens fingindo-se de mortos e com a mensagem "Acabam de nos matar", uma forma de repudiar a não resolução dos problemas da população por parte do Governo. Ariano James Scherzie, 19 anos, participou na campanha que rapidamente se tornou viral.
Foto: Ariano Scherzie
Sonhos estão a morrer
Botijas de gás, livros, computadores e blocos de cimento estão entre os objetos usados pelos jovens para protestar contra o que dizem ser más políticas públicas. Indira Alves, 28 anos, lamenta a situação do seu país. "Estou a morrer. Desde as condições de vida até aos sonhos, não é possível o que temos vivido nesta Angola", conta a jovem que abandonou os estudos para trabalhar.
Foto: Indira Alves
Chamar atenção das autoridades
Anderson Eduardo, 24 anos, quis "atingir pacificamente a atenção de alguém de direito a fim de acudir-nos". Decidiu participar no protesto devido ao descontentamento com a governação em Angola. "Eles nos pedem para apertar o cinto, se contentar com o bem pouco, e ao mesmo tempo tudo sobe de preço, alimentos, vestuários, electrodomésticos, e o salário não sobe”, conta o engenheiro informático.
Foto: Anderson Eduardo
Em nome dos colegas e pacientes
Cólua Tremura, 24 anos, conta o porquê de ter participado no protesto: "A minha motivação foram os meus colegas que cancelaram a faculdade por causa da crise, os colegas que morreram antes de realizarem o sonho de serem médicos, os pacientes que apenas vão ao hospital quando estão graves. Acredito que [o protesto] não alcançou os resultados previstos, que era chamar a atenção do Governo".
Foto: Cólua Tremura
Sem reações
Lucas Nascimento, 20 anos, viu no mau tempo e na falta de estrutura razões para aderir ao protesto. O jovem quis dar apoio a uma jovem da região que perdeu a casa num desabamento provocado pelo mau tempo. "Acaba de me matar quer dizer que nós já estamos mal e o Governo está acabando de nos matar", explica. "Até aqui, não notamos nenhuma reação do Governo, talvez possa ser ignorância ou desleixo".
Foto: Lucas Nascimento
Falta justiça
Guenilson Figueiredo, 20 anos, entrou na onda de protestos e teme as consequências que ela pode trazer aos cidadãos que participaram. "Não posso falar muito sobre este protesto, porque nós vivemos num país onde a justiça só funciona contra os pobres".