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Domingos Simões Pereira diz-se vítima de perseguição

3 de setembro de 2021

O presidente do PAIGC, Domingos Simões Pereira, acusa o Governo da Guiné-Bissau de o ter impedido de assumir a chefia de uma missão de observação eleitoral da União Africana em São Tomé e Príncipe

Foto: Joao Carlos/DW

Domingos Simões Pereira, antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, foi convidado pela Comissão da União Africana (UA) para chefiar a missão de observação eleitoral à segunda volta das presidenciais de domingo (05.09) em São Tomé e Príncipe.

Mas o líder do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), que deveria partir esta sexta-feira para a capital são-tomense, não vai viajar. Segundo Simões Pereira, as autoridades de Bissau manifestaram "reticências" em relação à sua indigitação, tendo pressionado a UA a cancelar a sua missão.

Críticas à União Africana

Numa conferência de imprensa, esta sexta-feira de manhã, em Lisboa, Simões Pereira disse que este e outros episódios fazem parte de um "filme" de perseguição política permanente.

"Sendo chocante, só vem provar que o regime não tem mãos a medir quando se trata de cercear as minhas liberdades", afirmou o ex-governante, realçando não ser o único visado: "Estou aqui acompanhado de gente que também experimentou isso. Vejo a dra. Rute [Monteiro, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros], e muitos que de forma anónima têm resistido a essas situações".

A ministra guineense dos Negócios Estrangeiros, Suzi Barbosa, não comenta as acusações de Domingos Simões Pereira Foto: DW/Braima Darame

O dirigente do PAIGC também apontou o dedo à União Africana. "O que mais choca é a submissão da União Africana aos intentos do regime golpista de Bissau a essa escandalosa e inadmissível situação", disse, adiantando que a UA aceitava sujeitar-se a ditames das autoridades de um país "contra todas as regras da própria organização".

Governo de Bissau mantém silêncio

Questionado pela DW África, Simões Pereira não vacila em reafirmar que as diligências contra a sua pessoa foram conduzidas pelo Ministério guineense dos Negócios Estrangeiros, por intermédio da titular da pasta Suzi Barbosa: "A senhora ministra tem as suas competências, mas neste caso são mínimas em relação àquilo que é a responsabilidade do Governo como um todo".

Contactada pela DW, a chefe da diplomacia guineense, Suzi Barbosa, preferiu não prestar qualquer declaração, aguardando que Domingos Simões Pereira fizesse prova das suas afirmações. Mas o porta-voz do Governo guineense, Fernando Vaz, confirmou esta sexta-feira em Bissau que vetou o nome de Simões Pereira pela sua alegada postura "antidemocrática".

"Não reúne as condições mínimas de credibilidade para chefiar uma missão eleitoral num contexto de descenso como é o atual processo eleitoral em São Tomé e Príncipe. Domingos Simões Pereira é um indivíduo que nos últimos oito anos vem desestabilizando o país, incentivando as Forças Armadas a derrubarem as autoridades civis, através de reuniões com militares nas matas e lugares recônditos", afirmou Fernando Vaz. 

Artigo atualizado às 18:08 (CET) de 3 de setembro de 2021, acrescentando a posição do Governo guineense.

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