Nos primeiros seis meses de mandato, o Presidente norte-americano, Donald Trump, falou muito pouco sobre o continente africano. Os Estados Unidos arriscam-se a perder influência na região, alertam vozes críticas.
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Poucas semanas depois de ter tomado posse como Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump telefonou a dois chefes de Estados africanos: Muhammadu Buhari, da Nigéria, e Jacob Zuma, da África do Sul. E garantiu-lhes que estava disposto a fortalecer as relações bilaterais.
Em março, Trump também ligou ao Presidente queniano, Uhuru Kenyatta. Mas, desde então, nada mudou na política norte-americana para África.
O continente parece estar fora da agenda em Washington. A Casa Branca está mais preocupada com escândalos domésticos, com temas como a imigração e o terrorismo e países como o Irão e a Coreia do Norte.
Donald Trump pouco interessado em África
Seis meses depois da entrada em funções da nova administração, ainda não foi nomeado um secretário de Estado para África, critica Bronwyn Bruton, vice-diretora do Centro Africano do "Atlantic Council", um centro de pesquisa independente em Washington.
"A política para África não é desenvolvida a nível superior, mas sim por secretários-assistentes. E se não há um secretário para África ativo, basicamente não existe nenhuma política para África", sublinha a investigadora. Por causa deste desinteresse, alerta, os Estados Unidos arriscam-se a perder influência na região.
Boa notícia para ditadores africanos
A política externa de Donald Trump, em geral, não coloca muita ênfase na construção de alianças estratégicas a pensar na melhoria a longo prazo das condições económicas e na boa governação. São mais favorecidos os lucros a curto prazo através de acordos bilaterais.
Para Bronwyn Bruton, esta pode ser uma boa notícia para ditadores em África e uma má notícia para ativistas de direitos humanos. "Há uma série de regimes que foram marginalizados pelo Governo de Barack Obama, como o Zimbabué, o Sudão e a Eritreia, que estão contentes e cheios de expetativas porque há um Presidente que não se importa muito com os direitos humanos", lembra a vice-diretora do Centro Africano do "Atlantic Council".
Negligenciar as alianças e a cooperação regional também pode criar um vácuo político e económico em África, avisaram já vários observadores. Um espaço que países como a China, a Índia ou o Brasil estão ansiosos por preencher.
O advogado nigeriano Ayodele Kusamotu, que participou recentemente na Cimeira Económica EUA-África em Washington, não tem dúvidas: "Há uma grande competição por recursos provenientes de África. E a China está muito à frente e está a fazer muito mais para África e em África".
Potenciais parcerias de negócios
O que não faltam são oportunidades de investimento em África. "Há imensas oportunidades de negócio em muitos mercados africanos para empresas americanas nas área da tecnologia, produtos e serviços, lembra Brian Neubert, diretor do centro de media regional do Ministério dos Negócios Estrangeiros norte-americano em Joanesburgo, na África do Sul. "E é claro que muitos países africanos podem desenvolver produtos para o mercado norte-americano", acrescenta. Nos PALOP, destacam-se investimentos de empresas norte-americanas da área petrolífera em Angola (Chevron) e na exploração de gás em Moçambique (Anadarko, ExxonMobil).
No entanto, a única área em que é quase certo que os EUA se envolvam mais é a militar, sobretudo na luta contra grupos terroristas - uma das promessas centrais de Donald Trump durante a campanha eleitoral do ano passado.
Já no tempo de Barack Obama, os Estados Unidos aumentaram as suas bases militares em todo o continente para realizar ataques aéreos.
Donald Trump: Populista, empreendedor, Presidente
Donald Trump é empreendedor imobiliário e estrela de televisão. Muitos não o levavam a sério. Mas ele venceu as eleições e, a partir de 20 de janeiro de 2017, será o 45º Presidente dos Estados Unidos da América (EUA).
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
A família, o seu império
Trump com a sua família: a esposa, Melania (de branco), as filhas Ivanka e Tiffany, os filhos Eric e Donald Junior, e os netos Kai e Donald Junior 3º. Os filhos são "vice-presidentes seniores" do conglomerado Trump.
Foto: picture-alliance/dpa
Frederick Junior, o pai
Donald Trump herdou o dinheiro para os seus investimentos do pai, Frederick, que lhe deu um capital inicial de um milhão de dólares. Após a sua morte, em 1999, Donald e os seus três irmãos herdaram uma fortuna de 400 milhões de dólares.
Foto: imago/ZUMA Press
Capitão Trump
Quando tinha 13 anos, o seu pai enviou Trump para um internato militar em Cornwall-on-Hudson, onde deveria aprender a ser disciplinado. No último ano, ele obteve inclusive uma patente militar. Ele diz que, ali, recebeu mais treinamento militar do que nas Forças Armadas americanas.
Foto: picture-alliance/AP Photo/
"Very good, very smart"
"Muito bom, muito inteligente", é o que Trump diz de si mesmo. E acrescenta que cursou a escola de elite Wharton (foto), da Universidade de Pensilvânia, na Filadélfia, onde se formou em 1968. É uma das oito universidades integrantes da Ivy League, as universidades mais prestigiadas dos EUA. Mesmo assim, sabe-se pouco sobre o percurso de Trump na faculdade.
Foto: picture-alliance/AP Photo/B.J. Harpaz
Dispensado da Guerra do Vietname
Devido a um problema no calcanhar, Trump foi dispensado e não lutou na Guerra do Vietname. Na guerra, morreram cerca de 58 mil soldados dos Estados Unidos e aproximadamente três a quatro milhões de vietnamitas dos dois lados, além de outros dois milhões de cambojanos e laocianos.
Foto: picture-alliance/AP Photo
Ivana, a primeira esposa
Em 1977, Trump casou-se com a modelo tcheca Ivana Zelníčková, com quem teve três filhos. O relacionamento foi acompanhado de rumores sobre relacionamentos extraconjugais. Foi Ivana quem apelidou Trump de "The Donald".
Foto: Getty Images/AFP/Swerzey
Anos 80: Abertura do Harrah's at Trump Plaza
Esta foto, tirada em 1984, marca a abertura do Harrah's at Trump Plaza, um complexo envolvendo hotel, restaurante e casino em Atlantic City (Nova Jérsia). Este foi um dos primeiros investimentos que tornaram Trump bilionário.
Foto: picture-alliance/AP Images/M. Lederhandler
Família número 2
Em 1990, Trump divorciou-se de Ivana e casou-se com Marla, 17 anos mais jovem que ele. A filha do casal se chama Tiffany.
Foto: picture alliance/AP Photo/J. Minchillo
As meninas de Trump
Em público, Trump não aparece só ao lado de sua esposa. Ele costuma acompanhar concursos de beleza ao lado de jovens modelos. De 1996 a 2015, ele foi o responsável pelo concurso de Miss Universo ("Miss Universe") nos EUA.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Lemm
Livro muito lido e vendido
Como fazer milhões de forma rápida? O best-seller de Trump "A arte da negociação" é um exemplo. O livro é em parte autobiográfico, em parte um livro de dicas para empresários ambiciosos. A publicação não foi somente uma das mais vendidas nos EUA, como também colocou Trump no centro das atenções no país.
Foto: Getty Images/AFP/M. Schwalm
O nome é a marca
Trump investe de forma agressiva, mas também sofre fracassos. Numa perspectiva de longo prazo, no entanto, obtém sucesso, como por exemplo com a Trump Tower em Nova York. Ele calcula a sua fortuna hoje em 10 bilhões de dólares. Especialistas, entretanto, consideram um terço desse valor mais realista. Portanto, cerca de 3 bilhões de dólares.
Foto: Getty Images/D. Angerer
"The Donald" no ringue
Como poucos, Trump consegue chamar a atenção dos mídia. Seu campo de ação inclui até um ringue de luta livre. No seu programa de TV "O Aprendiz" ("The Apprentice"), os candidatos eram contratados ou demitidos. A primeira edição foi ao ar durante o ano de 2004 na cadeia televisiva NBC. A frase favorita de Trump no programa era "Você está demitido!"
Foto: Getty Images/B. Pugliano
Ascenção rápida de Trump na política
Em 16 de junho de 2015, Trump anunciou a candidatura para a corrida presidencial pelo Partido Republicano. O seu slogan foi: "Faça a América grande outra vez" ("Make America great again"). A campanha foi feita ao lado da família e com slogans contra imigrantes, muçulmanos, mulheres e adversários políticos. Investiu muito nos mídia sociais como o Twitter onde tem 13,8 milhões de seguidores.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Lane
45º presidente dos Estados Unidos da América
A partir do dia 20 de janeiro de 2017, o populista e showman será o novo Presidente dos Estados Unidos. No início da campanha, poucos pensavam que poderia vencer as eleições do dia 8 de novembro de 2016 contra a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton. Mas a história de Donald J. Trump também mostra que este homem tem a capacidade de se transformar como um camaleão.