Na Tanzânia, drones serão usados para transportar medicamentos e facilitar assistência em áreas de difícil acesso por causa das florestas, desertos e pouca infraestrutura. País segue modelo de outros governos africanos.
Publicidade
O Governo da Tanzânia, em parceria com a empresa norte-americana de logística Zipline, trabalha para lançar, já no primeiro trimestre de 2018, o que classificam como o maior serviço do mundo para entrega de suprimentos médicos de emergência.
Segundo o secretário no Ministério da Saúde, Desenvolvimento Comunitário, Género, Idosos e Crianças da Tanzânia, Mpoki Ulisubisya, o serviço será fundamental para suprir as necessidades da população.
"Dois mil medicamentos ajudarão mais de dez milhões de pessoas pelo país. São dados muito positivos num país com grandes desafios. Há milhões de pessoas afetadas por desastres que precisam de serviço médico de emergência. Há sempre muita procura", afirmou à DW África.
Chuvas e secas drásticas
A assistência será fundamental para fornecer medicamentos nas épocas em que a procura aumenta inesperadamente ou quando há fortes chuvas e secas.
O objetivo é também responder a pequenas necessidades, mas nem por isso menos importantes, afirma Laurean Bwanakunu, diretor-geral do Medical Stores Department (MSD), um departamento do Ministério da Saúde tanzaniano.
O secretário do Ministério da Saúde, Mpoki Ulisubisya, acrescenta que "o serviço será usado para, por exemplo, ajudar mulheres com complicações durante o parto."
Além de beneficiar crianças, também ajudará a entregar medicamentos nos casos de pessoas mordidas por cobras, explicou Ulisubisya. "Os medicamentos serão entregues com rapidez, por isso optamos por implementar essa tecnologia no país", explica
Crises humanitárias
Drones vão transportar medicamentos na Tanzânia
Os desertos e florestas tropicais africanos, além das chuvas constantes ou secas drásticas, já fizeram o Banco Mundial considerar o continente como aquele com "a pior infraestrutura entre as regiões em desenvolvimento".
Além da infraestrutura precária, com estradas rurais raramente pavimentadas, o acesso à eletricidade é escasso em muitos países - e diminui cada vez mais.
África tem enfrentado algumas das piores crises humanitárias do mundo. Entretanto, a velocidade e o espaço limitado dos drones faz com que pequenas mas efetivas quantidades de medicamentos cheguem às populações necessitadas.
Desde outubro de 2016, a empresa "Zipline" oferece serviços similares com drones no Ruanda, transportando sangue para clínicas de transfusão. O secretário do Ministério da Saúde da Tanzânia, Mpoki Ulisubisya, também garante o benefício para tanzanianos engajados no projeto, que “será importante para o ímpeto de inovação no país”.
Carências do principal hospital de Bissau
O Hospital Nacional Simão Mendes é considerado a unidade hospitalar de referência na Guiné-Bissau. Mas falta quase tudo: pessoal especializado, medicamentos básicos, aparelhos de diagnóstico.
Foto: Gilberto Fontes
Crise política deixa hospital a meio gás
Com a instabilidade política agravaram-se as necessidades no principal hospital da Guiné-Bissau e caíram por terra as expectativas da equipa hospitalar que esperava mais atenção por parte das autoridades. A Cruz Vermelha e os Médicos Sem Fronteiras prestam apoio. Mas, mesmo assim, perdem-se muitas vidas por falta de condições básicas de assistência.
Foto: Gilberto Fontes
À espera da hemodiálise...
O país ainda não consegue tratar doentes com insuficiência renal. O hospital tem estas instalações novas para iniciar tratamentos. Só falta a máquina da hemodiálise. Curioso é que o equipamento está no hospital, fechado há anos numa sala, cuja chave está com o Ministério da Saúde, segundo fonte hospitalar. Um nefrologista e vários técnicos fizeram formação em diálise, que ainda não podem aplicar.
Foto: Gilberto Fontes
Enquanto isso a população sofre
Doentes, como esta senhora, só podem receber tratamentos de hemodiálise no Senegal. No entanto, cada sessão chega a custar 150 euros. O que é insustentável para muitos doentes que, normalmente, necessitam de várias sessões semanais. Quando a doença é detetada numa fase inicial, aciona-se a evacuação para Portugal. Mas o processo é moroso. Muitos doentes acabam por falecer por falta de tratamento.
Foto: Gilberto Fontes
Há equipamentos novos parados...
O técnico de radiologia Hécio Norberto Araújo lamenta que este aparelho novo de radiografias esteja praticamente parado. Só faz alguns exames, em casos de urgência. Também o equipamento de mamografia nunca funcionou devido à falta de acessórios, como o chassi e o aparelho de revelação. O hospital militar continua a ser o único no país a fazer mamografias e tomografias, que podem custar 100 euros.
Foto: Gilberto Fontes
E máquinas obsoletas em uso
Na falta de opções, este velho aparelho de raio x continua a ser muito requisitado. Ninguém sabe quantos anos tem o equipamento que funciona com arranjos improvisados de fita-cola. A pequena sala de diagnóstico está desprovida de qualquer proteção contra as radiações. O único avental de proteção está estragado. Os técnicos de radiologia estão diariamente expostos a radiações eletromagnéticas.
Foto: Gilberto Fontes
Sem mãos a medir na pediatria
Esta unidade costuma estar cheia, principalmente na época das chuvas, com o aumento de casos de malária ou paludismo e diarreia nas crianças. Neste serviço com 158 camas, há apenas nove médicos efetivos e quase 40 enfermeiros. Entre o pessoal médico, conta-se um único especializado em pediatria. A falta de um eletrocardiograma é responsável pelo diagnóstico tardio de cardiopatias entre os menores.
Foto: Gilberto Fontes
Nem medicamentos para emergências
Nos cuidados intensivos há apenas um cardiologista. A maioria do pessoal médico são clínicos gerais. Por vezes, em plena situação de paragem cardíaca, falta medicação de urgência que os familiares do doente têm de se apressar em providenciar. A equipa hospitalar quer mais investimento em formação e em condições de trabalho. Só assim pode salvar mais vidas e diminuir a evacuação para o exterior.
Foto: Gilberto Fontes
Faltam lençóis e comida
O Hospital Nacional Simão Mendes tem mais de 500 camas. Mas não tem lençóis que cheguem para fazer a cobertura de todas elas. Devido à falta de pijamas, muitos doentes ficam hospitalizados com a roupa que trazem no corpo. Além disso, não há como providenciar alimentação aos pacientes que, na maior parte das vezes, ficam dependentes da comida que os familiares conseguem fazer chegar.