Duas crianças morreram durante o fim de semana em consequência das chuvas intensas em Luanda, que provocaram inundações, derrocadas, destruição de habitações e quedas de árvores na província angolana.
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Um rapaz de 14 anos morreu afogado no sábado numa vala de drenagem no município do Cazenga, segundo o porta-voz do Serviço de Proteção Civil e Bombeiros.
Faustino Miguéns alertou para as brincadeiras em valas e bacias de retenção e contenção das águas pluviais, situações que "levam a um aumento substancial das mortes por afogamentos nesses pontos", apelando ao redobrar das atenções.
Outra criança, de 7 anos, morreu na manhã de domingo devido à queda de uma árvore sobre a casa onde vivia e que ficou parcialmente destruída.
O desastre provocou também ferimentos graves numa mulher de 28 anos, que seria mãe da menina.
Lagoa do “Pinu Kuya”: Um perigo a céu aberto em Luanda
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Casas destruídas e deslizamentos
As autoridades angolanas contabilizaram também 238 habitações inundadas, 243 famílias e 1.215 pessoas afetadas diretamente pelas chuvas, cinco habitações destruídas e dois deslizamentos de terras.
Algumas ravinas abateram-se sobre estradas da cidade, nos municípios de Viana e Cacuaco, onde as ruas alagadas criaram dificuldades à circulação de pessoas e viaturas.
Faustino Miguéns sublinhou que as chuvas torrenciais já estavam previstas e que a meteorologia aponta para que continuem nos próximos dias.
Reiterou, por isso, os apelos "sobretudo para aquelas pessoas que, de forma insistente e negligente, constroem em zonas classificadas como de risco", que não devem colocar inertes ou resíduos sólidos em bacias de retenção e contenção das águas pluviais e em valas de drenagem para evitar que as águas retrocedam e invadam as residências, não estacionem viaturas debaixo de árvores e não se apoiem em postos de iluminação e muros em mau estado.
"Lagoa da morte" em bairro dos arredores de Luanda
Sete crianças e jovens já morreram em lagoa que habitantes apelidam de "lagoa da morte". Época das chuvas leva alguns moradores a abandonarem as casas. População aguarda intervenção das autoridades.
Foto: DW/B. Ndomba
Vítimas da lagoa
A “lagoa da morte" situa-se no Bairro Vila Nova, no município de Viana, nos arredores de Luanda, capital angolana. Sete crianças e adolescentes já lá perderam a vida. No entanto, a área continua a ser frequentada. Moradores aguardam intervenção das autoridades.
Foto: DW/B. Ndomba
Época das chuvas é problemática
Augusto Bernardino mora a poucos metros da "lagoa da morte". Conta que a época da chuva é muito problemática. “Já vi vários mortos aqui. A primeira foi de um corpo de um adulto, parece que tinha sido assassinado. Mas outros dois rapazes, de quase 14 anos, morreram por afogamento".
Foto: DW/B. Ndomba
Crianças banham-se e pescam na lagoa
Segundo os residentes, as vítimas, na sua maioria, são de outros bairros. Vão à lagoa para tomar banho e pescar. "As crianças que vêm tirar peixinhos aqui na lagoa vêm dos bairros como a Caop A e B e Miru. Alguns morrem. Já morreram aqui sete crianças", contou à DW Pedro Nzuzi, presidente da comissão de moradores.
Foto: DW/B. Ndomba
Espaço para projetos sociais
Segundo Pedro Nzuzi, os problemas começaram com a construção de uma estrada no bairro, situada num local de passagem de água. Sem o curso normal, a água forma a lagoa. "A população só quer que se construa uma vala de drenagem. Se fizerem uma vala de drenagem, esse espaço vai dar para construirmos escolas, hospitais e outros projetos de impacto social".
Foto: DW/B. Ndomba
Águas estagnadas lançam receio
Moradores pedem uma intervenção rápida do Governo provincial para que se entulhe a lagoa. Temem que, caso não seja feito nada, mais pessoas morram e surjam casos de malária, devido às águas paradas.
Foto: DW/B. Ndomba
Autoridades têm conhecimento da situação
População sublinha que as autoridades têm conhecimento das suas dificuldades, mas nada fazem para acudir a situação. "De momento, só há promessas. Cada administrador que vem promete e as pessoas estão a morrer, esperando pela concretização das promessas”, conta um popular. A DW África contactou as autoridades locais, sem sucesso.
Foto: DW/B. Ndomba
"É complicado viver assim"
Outro morador refere o problema dos mosquitos e conta que “quando chove não há caminhos para passarmos”. Muitas pessoas vêm-se forçadas a abandonar as casas na época da chuva. “É muito complicado vivermos assim", lamenta.