Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique anunciou que duas pessoas foram constituídas arguidas na sequência do homicídio no dia 04 do presidente do município de Nampula, norte de Moçambique, Mahamudo Amurane.
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"A investigação apurou indícios bastantes para constituir arguidos dois indivíduos", disse à agência de notícias Lusa o porta-voz do Comando-Geral da PRM, Inácio Dina.
Os dois arguidos encontravam-se com Mahamudo Amurane, quando foi morto a tiro por desconhecidos na sua residência em Nampula e aguardam em liberdade o desenvolvimento das investigações, acrescentou Inácio Dina.
O porta-voz do Comando-Geral da PRM adiantou que o Serviço Nacional de Investigação Criminal de Moçambique (SERNIC) está a trabalhar afincadamente para deter todos os suspeitos de envolvimento na morte do autarca de Nampula, nomeadamente o autor dos disparos.
Detidos vereador e mais 13 suspeitos pela morte de autarca de Nampula
Antes, a polícia moçambicana em Nampula, norte, deteve 14 pessoas, incluindo um vereador e um quadro superior do MDM, suspeitos na morte de Mahamudo Amurane, segundo disseram à Lusa testemunhas, familiares e jornalistas.
Inicialmente a Polícia deteve duas pessoas como declarantes, o vereador para área de mercados e feira, Saide Ali, e o empresário do setor de construção civil, Zainar Abdul Satar, que estavam com o finado durante o ataque, horas depois do assassinato, avançam hoje os jornais locais.
"O vereador foi chamado como testemunha, e agora ele e Zunair estão a ser acusados como cúmplices da morte do amigo dele, o presidente Amurane" disse á Lusa sob anonimato um parente de Saide Ali, incoformado com a situação.
Dois dias depois do crime, a 06 de outubro, a Polícia fez outra detenção, do membro senior do MDM, cuja identidade não foi divulgada, apurou a Lusa duma testemunha.No dia seguinte, enquanto decorriam as cerimonias funebres de Amurane, a Polícia fez outras 11 detenções, todas por suspeitas na morte de Amurane, segundo escreve a edição de hoje do Wampulafax, o mais antigo diário local.
O delegado do MDM, na cidade de Nampula, Luciano Tarieque, citado esta terça-feira (10.10.) pela imprensa local não confirmou e nem desmentiu a detenção dos membros da terceira força politica moçambicana.
Em declarações esta terça-feira (10.10.) á Lusa, Zacarias Nacute, porta-voz da Polícia em Nampula, disse que uma equipe de investigadores da Procuradoria Provincial e do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) estão a trabalhar no terreno para esclarecer o crime.
"A Polícia irá dar subsídios assim que tiver as informações (sobre o curso das investigações da morte de Amurane)" disse Zacarias Nacute, salientando que a Polícia e a Procuradoria "não têm domínio sobre as informações de detenções em Nampula".
O Conselho Municipal de Nampula declinou qualquer comentário sobre as detenções em curso, envolto a morte do autarca.
Detenção de suspeitos de ligação a grupo que realizou ataques em Mocímboa da Praia
O Comando-Geral da Polícia moçambicana anunciou que 52 pessoas estão detidas por suspeitas de envolvimento com o grupo que na semana passada atacou postos policiais no distrito de Mocímboa da Praia, norte do país.O porta-voz do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique, Inácio Dina, afirmou que alguns dos detidos são autores morais dos ataques, tendo fornecido a logística usada nas incursões do grupo.
"Estamos a investigar para apurar a dimensão do apoio logístico que os autores morais forneceram ao grupo", afirmou Inácio Dina.
Os atacantes, prosseguiu, mataram um líder comunitário no sábado passado (07.10.), fazendo subir o número de mortos para 17, incluindo 14 membros do grupo e dois polícias, acrescentou Dina.
Mocímboa da Praia sob controlo
O porta-voz do Comando-Geral da PRM afirmou que as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas têm o distrito de Mocímboa da Praia, que dista mais de dois mil quilómetros de Maputo, sob controlo. "A vida está a voltar à normalidade, a situação está controlada", adiantou Inácio Dina.
Os atacantes são dos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Mueda e Palma, todos de Cabo Delgado, mas ainda não são conhecidas as razões concretas por detrás da sua ação, referiu Dina.
Recorde-se, que na passada sexta-feira (06.10.), o Comando-Geral da PRM indicou que membros do grupo detidos pela polícia disseram que a ação visava provocar desordem no distrito.
"O grupo pretendia semear medo e terror junto da população e instalar a desordem pública", segundo respostas a interrogatórios policiais, afirmou o porta-voz do Comando-Geral da PRM, Inácio Dina, em conferência de imprensa,
Aquele responsável admitiu que a justificação seja superficial e referiu que a PRM continua em busca da "razão profunda" da violência.
Ilha de Moçambique: a "menina dos olhos" de Nampula
Há 200 anos, que a primeira capital de Moçambique foi elevada à cidade. Desde 1991 a ilha é Património Mundial da Humanidade. O arquipélago no norte de Moçambique concentra um incalculável valor histórico e cultural.
Foto: DW/J.Beck
Primeira capital de Moçambique
Situada na Província de Nampula, a Ilha de Moçambique é um destino turístico muito procurado na África Austral pelo seu vasto património histórico e cultural. "Descoberta" pelo navegador português Vasco da Gama, em 1498, aquando da viagem marítima para a Índia, esta ilha foi a primeira capital de Moçambique. É atualmente habitada por cerca de 15 mil pessoas.
Foto: DW/J.Beck
Pequena ilha, grande história
Apesar de ter apenas três quilómetros de comprimento e 400 metros de largura, esta pequena ilha carrega uma grande história. Quando Vasco da Gama a "descobriu", ela já era um importante lugar de trocas comerciais entre os africanos e os povos árabes. Após a chegada dos portugueses, a ilha ganhou uma importância estratégica na rota que ligava Lisboa a Goa, a "Carreira da Índia".
Foto: DW/J.Beck
Habitações com história
A Ilha de Moçambique está dividida em duas partes: a “cidade de pedra e cal” e a “cidade de macuti“. Na primeira (à direita da rua), eram construídas as casas que pertenciam às camadas mais altas da sociedade, onde estavam os palácios e fortalezas. Na segunda (à esquerda da rua), viviam as pessoas de classes mais baixas.
Foto: DW/J.Beck
Cidade de "macuti"
Na chamada “cidade de macuti“ viviam os mais pobres - os pescadores, por exemplo. É nesta parte da cidade que se encontram, como o nome indica, as construções mais precárias cobertas por macuti - as tradicionais folhas de coqueiro espalmadas.
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Património Mundial da Humanidade
Foi em 1991 que a ilha de Moçambique passou a integrar a lista dos destinos considerados Património Mundial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO. De passagem pela ilha há vários monumentos que não pode deixar de visitar.
Foto: DW/J.Beck
Fortaleza de São Sebastião
Construída no século XVI pelos portugueses, a Fortaleza de São Sebastião visava dar proteção e apoio aos barcos que navegavam na chamada Carreira da Índia. É um dos mais representativos exemplos da arquitetura militar portuguesa na costa oriental de África.
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Capela de Nossa Senhora do Baluarte
A Capela de Nossa Senhora do Baluarte, construída em 1522 na extremidade norte da ilha, é hoje o único exemplo da arquitetura manuelina em Moçambique. O manuelino, ou também gótico português tardio, é um estilo que se desenvolveu no reinado de D. Manuel I nos séculos XV e XVI. O acesso à capela faz-se apenas pelo interior da Fortaleza de São Sebastião.
Foto: DW/J.Beck
Palácio de São Paulo
Construído em 1610, o Palácio de São Paulo, também conhecido como Palácio dos Capitães-Generais, funcionou primeiro como Colégio da Companhia de Jesus, tendo sido depois convertido no palácio do governador - função que manteve até a Ilha de Moçambique deixar de ser a capital do país, em 1898. No palácio podemos hoje visitar o Museu da Marinha e o Museu-Palácio de São Paulo.
Foto: DW/J.Beck
Outros locais de interesse turístico
O monumento dedicado ao poeta português Luís Vaz de Camões, que viveu entre 1567 e 1569 na Ilha de Moçambique, é outro dos locais que os visitantes da Ilha não podem deixar de conhecer, assim como a Igreja da Misericórdia e Museu de Arte Sacra e a Capela de São Francisco Xavier. Todos estes edifícios históricos estão localizados na Cidade da Pedra.
Foto: DW/J.Beck
Um destino multicultural
Apesar da clara influência do povo português, cabem na ilha de Moçambique apontamentos de muitas outras geografias mundiais. Encontramos aqui um largo número de culturas e religiões diferentes. Ao caminharmos pelos diferentes bairros da ilha, cruzamo-nos com várias igrejas e capelas, mas também com mesquitas e um templo hindu.
Foto: DW/J.Beck
Escola Maometana
A maioria dos habitantes da ilha pertence à religião muçulmana. A "Escola Maometana / The Mohamedia Madresa School" localiza-se ao lado da "Mesquita Central Seita Sunni" próximo do centro da Ilha de Moçambique. A ilha foi marcada durante séculos pela cultura suaíli e o islão dos povos da África Oriental, como também acontece na vizinha Tanzânia.
Foto: DW/J.Beck
Ilha em risco – um futuro incerto
Nos últimos anos, muitos são os especialistas que chamam a atenção para a possibilidade deste pequeno paraíso poder vir a desaparecer por causa das alterações climáticas. Teme-se que, devido à erosão costeira, um dia a ilha possa acordar no fundo do mar. Até ao momento já foram consumidas várias áreas pequenas.
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Fecalismo a céu aberto
Mas para além do câmbio climático, há outros problemas mais profanos no dia a dia da ilha. Muitos habitantes usam as praias como casa de banho, o que ameaça a saúde pública e coloca em perigo os atrativos turísticos da ilha. Para melhorar o saneamento básico, foram construídos sanitários públicos em vários lugares da ilha.
Foto: DW/J.Beck
Degradação apesar de Património Mundial
Apesar da classificação em 1991 como Património Mundial pela UNESCO, encontram-se muitos prédios em ruínas na Ilha de Moçambique. A recuperação é lenta. Desde que a capital do país passou para Maputo, no sul de Moçambique, os investimentos públicos concentram-se no sul do país. O norte e a Ilha de Moçambique perderam protagonismo político.
Foto: DW/J.Beck
Esforços em torno da preservação
No entanto, e apesar do património histórico omnipresente na ilha, ela quer continuar a ser um lugar para se viver. Por isso, o Governo de Moçambique e parceiros internacionais têm vindo a unir esforços para criar melhores condições sócio-económicas. E, claro, para preservar o património histórico e cultural da ilha.