Economia da Guiné-Bissau cresce com ajuda de Angola
15 de junho de 2011Em entrevista exclusiva à DW em Lisboa, a ministra Helena Embaló falou da estratégia nacional de combate à pobreza e ao narcotráfico, dos efeitos positivos do perdão da dívida de 283 milhões de dólares e da importância da cooperação com Angola.
Angola é um parceiro crucial para a etapa de estabilidade da Guiné-Bissau, depois das várias crises político-militares que levaram alguns parceiros a suspenderam a ajuda ao país. Reconhece a ministra guineense da Economia, Plano e Integração Regional, Helena Embaló.
Angola ajuda a Guiné-Bissau
“Angola tem sido um parceiro fundamental. Quando em 2010, tendo em conta o levantamento militar, alguns parceiros retiraram a sua ajuda, Angola veio apoiar a Guiné Bissau", disse a ministra para em seguida acrescentar "graças a um programa de cooperação militar que abrange várias componentes da reforma do setor de defesa e segurança, tem contribuído muito para a estabilidade no país”, concluiu.
Helena Embaló realça também o apoio financeiro concedido pelo Governo de Luanda para cobrir o défice orçamental da Guiné-Bissau.
“E está em perspetiva uma linha de crédito para apoiar as iniciativas empresarias no montante de 25 milhões de dólares" e explica a governante guineense "isto porque já começa a haver investimentos angolanos importantes no país – refiro-me particularmente à exploração do bauxite, à construção das linhas férreas e à construção do porto de Buba”.
Fazendo parte dos países frágeis, a Guiné-Bissau augura com esse estatuto mobilizar mais recursos dos doadores internacionais para a execução de reformas imprescindíveis para o seu desenvolvimento, abrangendo a administração pública, justiça, ensino, saúde e infraestruturas. Helena Embaló assegura que o país vai continuar a dar mostras de uma gestão mais criteriosa dos fundos que recebe.
“Porque se nós conseguirmos de facto restaurar aquela confiança, a credibilidade junto da comunidade internacional, aí eles sentir-se-ão enconrajados a dar mais ajuda”,destacou a senhora Embaló.
Neste contexto, o alívio da dívida externa em Maio último, através do Clube de Paris, é um impulso a este esforço, frisou a ministra guineense na entrevista exclusiva concedida à DW.
“Foi fundamental e também é uma forma de ajuda. O país poderá utilizar esses recursos obviamente para redução da pobreza e para o seu programa de crescimento económico”.
E quais as perspectivas para este ano?
“Este ano, prevemos um crescimento de 4,3% e tudo leva a crer que esta trajetória positiva se vai manter. Nós acabámos de elaborar a nossa estratégia de redução da pobreza e também elaborámos estudos para melhor analisar as fontes de crescimento"disse a ministra guineense tendo por outro lado sublinhado que " isso é importante porque agora já há uma maior estabilização do ponto de vista fiscal e é preciso agora implementar uma estratégia que permita valorizar todo o potencial económico que o país tem” afirmou.
Mas, o combate ao narcotráfico é outro desafio nacional, regional e intercontinental, para o qual o país também definiu uma estratégia.
“Mas a Guiné-Bissau não conseguiu mobilizar os fundos de que carecia totalmente para a sua implementação", lamentou a ministra do Plano, Integração Regional da Guiné Bissau que acrescentou ... "neste momento há uma revisão dessa estratégia, uma atualização e este plano vai em paralelo com o reforço das próprias instituições judiciárias". Porque, segundo a governante guineense "é muito importante termos um sistema judicial sólido e robusto, que possa agir e reagir de forma firme contra esse tráfico”...concluiu a ministra guineense da Economia, Plano e Integração Regional, Helena Embaló.
Autor: João Carlos (Lisboa) / Carlos Martins
Edição: António Rocha