A economia ganesa deve crescer acima dos 8% em 2019, segundo as previsões do FMI. O setor do petróleo tem crescido bastante, o que beneficiou o resto da economia.
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que o Gana seja, em 2019, a economia a crescer mais rapidamente a nível mundial. A previsão do FMI é de que a economia cresça 8,8% este ano, um crescimento impulsionado pelo setor petrolífero.
"O crescimento tem vindo do petróleo. Descobrimos novos campos e [...] empresas de exploração começaram a produzir e intensificaram as suas operações", afirma Adu Owusu Sarkodie, professor da Universidade do Gana.
"Fora do setor petrolífero, a agricultura, a indústria e os serviços também estão acompanhar o ritmo", diz. A agricultura deverá crescer este ano 7%, o setor dos serviços 6% e a indústria entre os 4% e 5%.
Incentivos à agricultura
Um dos setores com maior desenvolvimento tem sido o da agricultura. Nos últimos dois anos houve um programa de incentivos forte: 200 mil agricultores receberam sementes melhoradas e fertilizantes.
"Estamos à espera de uma colheita abundante devido ao impacto que este extraordinário programa teve na agricultura, mesmo nesta fase inicial", diz o ministro da Agricultura Owusu Afriyie Akoto.
A indústria do cacau do Gana é a segunda maior a nível mundial e tem tirado proveito destas novas políticas de incentivo.
Empresas em mãos estrangeiras
Ao contrário do que se passa na agricultura, nos setores mineiro e petrolífero há uma grande preocupação de que os ganeses não estejam a usufruir deste crescimento, pois são setores dominados por empresas estrangeiras.
"A minha maior preocupação está relacionada com a fonte do crescimento", sublinha o académico Adu Owusu Sarkodie. "O PIB é o Produto Interno Bruto, não descrimina o que é produzido por estrangeiros ou ganeses, mas nós sabemos que no Gana a maioria das empresas são estrangeiras.""A economia tem de estar em mãos ganesas. Se o crescimento do PIB estiver em mãos estrangeiras, então o impacto na vida dos ganeses vai ser mínimo", acrescenta Sarkodie.
Economia do Gana acelera a fundo
Reformas económicas
O cenário da economia ganesa mudou nos últimos três anos, depois do Governo pedir emprestados ao FMI 900 milhões de dólares para estabilizar as suas finanças. Foram então feitas reformas económicas para cortar com o défice e lutar contra a corrupção.
"A inflação está só com um dígito, o que é bom", refere o ministro das Finanças Ken Ofori Atta. "O nosso défice, como é sabido, tem descido bastante e temos tido alguns superavits nas nossas contas."
O Gana quer agora apostar em inovações tecnológicas e envolver as gerações mais novas. Os analistas acreditam que as projeções de crescimento devem beneficiar toda a população ganesa.
Gana: As ruínas do comércio de escravos
Este ano, o Gana lembra o 400º aniversário do início do comércio de escravos. Os restos de fortes e castelos onde os escravos eram mantidos são monumentos assombrosos.
Foto: DW/D. Agborli
Monumentos da vergonha
O Castelo da Costa do Cabo - agora Património da Humanidade - é um dos cerca de quarenta fortes no Gana onde escravos de diferentes lugares, como Burkina Faso e Nigéria, foram aprisionados. Esta antiga fortaleza da escravatura chegou a aprisionar mais de 1.500 pessoas antes que fossem carregadas em navios e vendidas como escravos no Novo Mundo, nas Américas e nas Caraíbas.
Foto: DW/D. Agborli
Calabouços da morte
No Castelo da Costa do Cabo, escravos eram algemados e amontoados em masmorras húmidas. Não havia espaço para dormir nem casa de banho. Os escravos chegaram a passar até três meses confinados nestas condições miseráveis, antes de serem carregados em navios.
Foto: DW/D. Agborli
Celas condenadas
Homens escravos que se revoltavam ou eram considerados insubordinados acabavam numa sala escura, onde eram deixados para morrer ao calor, sem água, comida ou luz do dia. Mulheres rebeldes eram espancadas e acorrentadas a balas de canhão no pátio da fortaleza.
Foto: DW/D. Agborli
Poderio militar
Estes canhões, agora silenciosos, são uma memória simbólica do poderio militar dos britânicos, que durante 140 anos usaram o Castelo do Cabo da Costa para manter escravos presos. Estima-se que entre o final do século 17 e início do século 19, cerca de três milhões de escravos da África Ocidental foram enviados a partir daqui para várias partes do mundo.
Foto: DW/D. Agborli
Castelo da escravidão
O Forte de Christiansborg, também conhecido como Castelo de Osu, fica no animado bairro de Osu, em Acra, capital do Gana. Foi construído pelos dinamarqueses, que originalmente negociavam em ouro, depois em escravos. O comércio de escravos foi tão bem sucedido, que tiveram de expandir o castelo em quase quatro vezes face à dimensão original.
Foto: DW/D. Agborli
Porta sem retorno
No lado marítimo dos castelos de escravos estava "a porta sem retorno", um portal através do qual os prisioneiros eram embarcados e levados para os navios ancorados no mar. Quatro em cada dez escravos não sobreviviam à torturosa viagem. Aqueles que atravessaram o Atlântico vivos nunca mais voltaram à terra natal.
Foto: DW/D. Agborli
Vergonha dinamarquesa
Construídas em 1784, as ruínas de "Fort Prinzenstein", em Keta, a leste do rio Volta, são um registo do papel da Dinamarca no tráfico transatlântico de escravos. Por ser o primeiro país de comércio de escravos a abolir a prática em 1792, o envolvimento bárbaro da Dinamarca no transporte de cerca de 120 mil escravos para as antigas Índias Ocidentais é muitas vezes ocultado.
Foto: DW/D. Agborli
História dos grilhões
Para quem passa em Acra, capital do Gana, este edifício passa-lhe totalmente despercebido. Construído pelos britânicos como base comercial em 1673, o Forte James foi usado para manter escravos. Após a escravatura, este edifício também foi usado como estabelecimento prisional até 2008.
Foto: DW/D. Agborli
História sombria
Construído em 1482, o Castelo de Elmina, na Costa do Cabo, é a primeira estrutura europeia erguida na África subsariana. Originalmente português, foi mais tarde conquistado pelos holandeses, que o utilizaram como base para o comércio holandês de escravos com o Brasil e as Caraíbas. Estima-se que passaram por aqui cerca de 30 mil escravos por ano, até 1814, ano do fim da escravatura pela Holanda.