"Educação cívica" para as autárquicas arranca em Moçambique
Bernardo Jequete (Manica)
10 de abril de 2023
Campanha nacional visa sensibilizar e mobilizar eleitores para as autárquicas agendadas para 11 de outubro.
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Em Moçambique, arrancou esta segunda-feira (10.04) a campanha nacional de educação cívica tendo em vista as eleições autárquicas agendadas para 11 de outubro em 65 municípios.
Os órgãos de administração e gestão eleitoral no país têm vindo a realizar, desde janeiro, várias atividades visando a criação de condições para o recenseamento eleitoral que irá decorrer entre 20 de abril e 3 de junho.
A campanha de educação cívica eleitoral pretende sensibilizar e mobilizar os eleitores para aderirem massivamente à votação do dia 11 de outubro.
Para o efeito, serão mobilizados, a nível nacional, centenas de agentes de educação cívica eleitoral formados para agirem dentro dos fundamentos legislativos que orientam o processo eleitoral.
Só a província de Manica conta com 235 agentes que vão trabalhar na sensibilização de potenciais eleitores em seis autarquias. A agente Cecília Cunaca afirma que a partir desta segunda-feira os agentes de educação cívica eleitoral têm uma missão preponderante no que toca à sensibilização da população residente nas autarquias.
"Adquirimos conhecimentos possíveis para conseguir encarar a população no terreno e mobilizar a população para aderir nos postos de recenseamento", garante.
Campanha dará lugar à "caça ao voto"
Segundo o presidente da Comissão Provincial de Eleições em Manica, Januário Rucheque, a campanha de educação cívica termina a 8 de junho, para dar lugar aos concorrentes às eleições na "caça ao voto", à luz da Lei Eleitoral.
"Neste momento, está a ocorrer a credenciação dos fiscais dos partidos políticos. O processo está quase no fim, termina com a entrega total das credenciais, até ao dia 17 de abril. E finalmente, no dia 20 de abril, começa o recenseamento em todos os distritos autárquicos. A meta da província são cerca de 732 mil potenciais eleitores", explica.
Danilo Mairosse, secretário executivo da Plataforma da Sociedade Civil em Manica (PLASOC), espera que o processo seja eficiente e decorra na normalidade. Para isso, deixa um apelo: "Que o processo seja transparente, que não haja zonas em que as pessoas estão a recensear sem nenhum problema e outras zonas em que os mobiles [computadores] avariem uma semana ou duas semanas".
Durante a campanha de educação cívica, os potenciais eleitores serão informados sobre a importância do recenseamento, a documentação exigida no ato e outros aspectos atinentes ao processo eleitoral.
Autárquicas: Quem venceu nas principais cidades de Moçambique
Os resultados eleitorais das eleições autárquicas moçambicanas dão a vitória ao partido no poder em 44 municípios. A RENAMO, a principal força da oposição, venceu em sete autarquias. O MDM conquistou apenas a Beira.
Foto: DW/S. Lutxeque
Eneas Comiche, edil da capital entre 2004 e 2008, venceu em Maputo
Segundo o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) saiu como grande vencedora em Maputo com 56,95% dos votos, contra os 36,43% da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) foi a terceira força política mais votada com 5,13%.
Foto: DW/R. da Silva
Com margem estreita, Calisto Cossa conquista segundo mandato na Matola
No município da Matola, a FRELIMO foi considerada vencedora com 48,05% dos votos, contra os 47,28% da RENAMO, uma diferença inferior a um ponto percentual. A vitória da FRELIMO foi, no entanto, contestada pela oposição. Membros da Comissão Distrital de Eleições disseram mesmo que houve fraude eleitoral.
Foto: DW/Leonel Matias
Emídio Xavier, da FRELIMO, eleito pelo município de Xai-Xai
Na província de Gaza, concretamente na cidade de Xai-Xai, a FRELIMO venceu com 81,21% dos votos contra apenas 12,36% da RENAMO. Em 134 mesas, Xai-Xai registou 53,90% de votos válidos e uma abstenção de 43,86%.
Foto: DW/C. Matsinhe
Benedito Guimino, da FRELIMO, reeleito em Inhambane
Na cidade de Inhambane, capital provincial, a FRELIMO arrasou com 79,50% contra os 15,55% da RENAMO. Sobraram apenas 4,95% para o MDM. Inhambane contou com 65 mesas de voto e uma abstenção de 35,14%.
Foto: DW/L. da Conceição
Daviz Simango, líder do MDM, mantém-se na Beira
Na cidade da Beira, província de Sofala, o MDM conseguiu a única vitória neste sufrágio. A terceira força parlamentar arrecadou 45,77% dos votos. Em segundo lugar, ficou a FRELIMO com 29,26%. Em terceiro, surge a RENAMO com 24,57%. Neste município registou-se uma abstenção de 36,65%.
Foto: DW/A. Sebastiao
João Ferreira foi aposta da FRELIMO na cidade de Chimoio
Em Chimoio, província de Manica, a FRELIMO obteve maioria absoluta com 52,51% da votação. A RENAMO garantiu 44,51% dos votos válidos. Nesta cidade do centro do país havia 220 mesas e, curiosamente, não foram contabilizados quaisquer votos nulos ou brancos.
Foto: DW/M. Muéia
Manuel de Araújo reeleito em Quelimane - desta vez pela RENAMO
Na província da Zambézia, cidade de Quelimane, a RENAMO venceu com 59,17% da votação contra os 36,09% arrecados pelo partido no poder, a FRELIMO. Quelimane com 168 mesas de votos registou uma taxa de abstenção de 34,72%. Do total de votos, 61,39% foram considerados válidos.
Foto: picture-alliance/dpa
César de Carvalho volta à edilidade de Tete, que liderou entre 2004 e 2013
Na província de Tete, na cidade com o mesmo nome, a FRELIMO levou a melhor com 54,49% contra os 43,02% da RENAMO, num universo de 57,04% votos considerados válidos. Nesta província do Centro Norte de Moçambique havia 184 mesas de voto.
Foto: DW/A.Zacarias
RENAMO vence em Nampula com atual edil Paulo Vahanle
Em Nampula, a RENAMO obteve mais votos do que o partido no poder. 59,42% dos munícipes votaram no principal partido da oposição, contra os 32,20% que votaram na FRELIMO. O MDM surge em terceiro com 6,23%. Nesta cidade contabilizaram-se 196.230 votos válidos, o que corresponde a 57,30% do total da votação. Em Nampula havia 456 mesas de voto.
Foto: DW/S. Lutxeque
FRELIMO vence no município de Lichinga
Na cidade de Lichinga, na província do Niassa, a FRELIMO ganhou com 51,93% contra os 45,19% da RENAMO. O MDM garantiu o terceiro posto com apenas 2,88%. A abstenção situou-se nos 41,91%.
Foto: DW/M. David
Em Pemba, venceu Florete Simba Motarua da FRELIMO
Na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado, a vitória foi alcançada pela FRELIMO que arrecadou 54,21% dos votos. A RENAMO não foi além dos 39,01%. Pemba com 134 mesas de votos contabilizou 56,23% de votos válidos. A taxa de abstenção nesta cidade nortenha foi de 40,87%.