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Cabo Delgado: Muçulmanos distanciam-se dos ataques armados

4 de junho de 2019

Muçulmanos celebram esta terça-feira (04.06.) o Eid ul-Fitr, festa do fim do Ramadão. No norte de Moçambique, a comunidade muçulmana repudia ações de grupos armados que "usam a capa do Islão" para semear atrocidades. 

Oração do Eid al-Fitr em Pemba, capital da província nortenha de Cabo Delgado, MoçambiqueFoto: DW/D. Anacleto

No dia em que os muçulmanos celebram o fim do mês sagrado do Ramadão, Fátima Momade, crente residente na cidade de Pemba, deixa uma mensagem de paz: "A civilização está no Islão, a paz está no Islão. Aquelas pessoas que usam a religião islâmica para fazerem os seus escândalos, cometerem crimes, roubar e fazer várias atividades nojentas, não são muçulmanas, estão a tentar manchar o islão, mas o islão continuará porque é a paz".

Várias aldeias da província nortenha de Cabo Delgado têm sido alvo, desde 2017, de investidas de insurgentes, que queimam casas, degolam pessoas e saqueiam bens da população, deixando zonas abandonadas.  

O Governo está preocupado e tem reforçado as medidas de segurança para pôr fim a esta barbárie, disse o governador provincial Júlio José Parruque, durante a oração ocorrida esta terça-feira (04.06.) no Estádio Municipal de Pemba.

Apelos

Mas reconheceu que nenhuma ação deste género pode lograr êxitos se não contar com a participação da população. Por isso, o governador exortou à intervenção da comunidade muçulmana. 

"Na nossa província são visíveis as medidas de reforço de segurança as quais devem ser necessariamente complementadas com a vigilância e denúncia daqueles que persistem em viver na mata, para semear desgraça, luto e dor aos membros da família moçambicana", entende Júlio José Parruque.

Júlio José Parruque, governador da província de Cabo DelgadoFoto: DW/D. Anacleto

E o governador defende a unidade: "Acreditamos pois, que o povo unido contra os malfeitores jamais será vencido. Aqueles que compactuam com esta heresia têm as mãos sujas e não querem outra coisa senão desviar o nosso foco e compromisso que temos com o desenvolvimento".

Muçulmanos prometem colaboração

Os muçulmanos distanciam-se das ações terroristas que têm sido associadas à sua religião e comprometem-se a colaborar com as autoridades e a denunciar quaisquer movimentos estranhos no seio das comunidades. 

"A paz não se restringe apenas ao ato de cumprimentar uns aos outros 'Que a paz esteja consigo', mas sim tem um sentido muito mais profundo", prega o Imam na celebração do Eid al-Fitr.

 Ele elucida ainda que "a paz começa connosco para com os nossos semelhantes, paz em não apoderar-se forçosamente do bem do outro, em não ocupar-se na intriga, difamação dos demais, paz com os nosso vizinhos, independentemente da sua religião, paz em não apontar armas ao outro…"  

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Pede-se preparo para melhor usufruto das riquezas

A abundância de recursos naturais na província de Cabo Delgado também não passa despercebida entre a comunidade muçulmana. Por isso, uma das mensagens dirigidas aos crentes durante a oração foi a necessidade de apostarem na educação e formação profissional dos seus filhos para tirarem proveito da exploração de recursos naturais.

"É do domínio de todos vós que o nosso país tem sido palco da descoberta de numerosos recursos naturais que demandam um capital humano altamente qualificado. Desta feita, urge a necessidade de preocuparmo-nos incansavelmente com a boa educação dos nossos filhos, com vista a responder as exigências deste novo mercado", alerta o líder religioso.

Durante as celebrações do fim do Ramadão em Pemba, a comunidade muçulmana orou também para que Moçambique seja um exemplo de pacificação do continente africano, em alusão aos consensos que têm sido alcançados entre o Governo e a RENAMO, o maior partido da oposição, para pôr fim aos cíclicos conflitos armados.

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