Eid al-Fitr: Fim do Ramadão celebrado em todo o mundo
Umar Zaharaddeen
15 de junho de 2018
Mulçumanos por todo o mundo comemoram o fim do Ramadão com a festa chamada Eid al-Fitr – a "celebração do fim do jejum". Nos últimos dias, a mesquita de Bona acolheu os fiéis que celebraram os últimos dias em oração.
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A festa do Eid al-Fitr, literalmente, a "celebração do fim do jejum", celebra-se quinta ou sexta-feira (14.06 ou 15.06), dependendo do país. Mas os últimos 10 dias do Ramadão também são de grande importância. Isto deve-se ao "Laylatul-Qadr", ou "Noites do Poder". Neste período, os muçulmanos acreditam que Deus, ou Allah, perdoa ofensas e pecados graves e concede mais bênçãos aos seus devotos.
Em Bona, na Alemanha, a comunidade muçulmana também esteve em festa. Na Mesquita Al-Muhajiroun, o maior centro islâmico na cidade alemã de Bona, os fiéis estão a celebrar o Laylatul-Qadr.
"Ittiqaf"
Saleh Ashaba, um iemenita e estudante de medicina da Universidade de Aachen, cumpre o Ittiqaf, uma prática muçulmana que consiste num período de permanência numa mesquita, para ficar longe de assuntos mundanos. Geralmente, é praticado nas Noites do Poder, os últimos dez dias do mês sagrado do Ramadão.
"Eu rezo a Allah. Também leio o Alcorão da manhã até à noite. Não me canso, porque quando estou aqui, o meu Criador dá-me um coração forte", diz Saleh Ashaba.
Ashaba e muitos outros passam quase o dia inteiro na mesquita. Quando o sol se põe, quebram o jejum com comida e sumos.
Especialidades africanas e asiáticas estão disponíveis para todos comerem. Grupos de seis pessoas partilham a comida num prato grande.
Espírito de união
O estudante camaronês Abubakar Bubate diz que é o espírito de união que o leva à mesquita, em Bona.
"Sentirei falta destas pessoas depois do Ramadão. Agora, reunimo-nos aqui para quebrar o nosso jejum, junto dos nossos amigos de diferentes países e de todo o mundo", conta o estudante.
"Eid al-Fitr": Fim do Ramadão celebrado em todo o mundo
A mesquita de Al-Muhajiroun acomoda cerca de 600 fiéis. Nas noites do Ramadão, juntam-se para realizar a oração Tarawih.
Como em todas as mesquitas, os homens rezam num salão localizado em frente ao salão das mulheres, e a celebração é liderada por um imã masculino.
O paquistanês Yunus Haroon afirma que estes são os dias mais importantes de sua vida.
"Os últimos dez dias do Ramadão fazem de ti uma pessoa melhor. Para o futuro, vou tentar concentrar-me no Alcorão. Vou tentar ler mais", garante.
Quando o Ramadão chega ao fim, os fiéis retornam às suas casas, na fé que foram abençoados e que seus pecados foram perdoados por Allah.
Refugiados e Ramadão na Sicília
Em Itália, os migrantes recém-chegados estão a cumprir o seu primeiro Ramadão fora de casa. Para muitos, estes é um exercício de aceitação e adaptação aos desafios culturais.
Foto: DW/D.Cupolo
Jejum em terras estrangeiras
Até à data, Itália recebeu 85% da migração informal para a Europa. A maioria dos recém-chegados provém de países islâmicos e, para muitos deles, este é o primeiro Ramadão fora de casa. A cumprir o mês santo no exterior, muitos estão a viver diferenças culturais, ao mesmo tempo que encontram consolo nas instituições muçulmanas existentes como a Mesquita Masjid Ar-Rahmah, na imagem.
Foto: DW/D.Cupolo
Adaptação à Europa
O Ramadão é conhecido pelo jejum nas horas de luz do dia, mas também é um momento para a coesão social nas sociedades muçulmanas. Proveniente da Nigéria, Galdima, de 16 anos, ficou impressionado com os contrastes que encontrou neste novo continente. "O que mais surpreendeu na Europa é que podes ver as mesmas pessoas nas ruas vários meses e não sabes os seus nomes”, afirmou. “É muito estranho”.
Foto: DW/D.Cupolo
Longas horas de jejum
Para muitos muçulmanos novos na Europa, a maior diferença no cumprimento do Ramadão não é tanto cultural, mas geográfica. Uma maior distância ao Equador significa dias maiores no verão, ou seja, um período de jejum mais longo. “Nunca pensei que alguém pudesse fazer jejum das 3 da manhã até às oito horas da noite”, afirma Galadima. “Agora, estou a fazer jejum todo o dia, o que me surpreende”.
Foto: DW/D.Cupolo
Cresce a comunidade do Bangladesh
Os migrantes dos países subsaarianos e da África Oriental chegaram a Itália, tradicionalmente, através de rotas ilegais com partida na Líbia. Em total contraste com as tendências recentes, o número de cidadãos do Bangladesh a recorrer a esta mesma rota tem aumentado, informa o Ministério do Interior italiano.
Foto: DW/D.Cupolo
O Corão em bengali
Em resposta à diversidade de migrantes que têm chegado à Sicília, o imã da Mesquita Masjid Ar-Rahmah tem armazenados nas suas prateleiras várias edições do Corão traduzidas em diversas línguas. “Pessoas de todo o mundo vêm rezar aqui”, afirma Bouchnafa, de descendência marroquina. "Nós conseguimos porque estamos cá todos pela mesma razão”.
Foto: DW/D.Cupolo
Apenas de passagem
"A nossa mesquita está a crescer em número de atendimento, mas a Sicília é um lugar de passagem. Poucos migrantes ficam aqui porque não há trabalho. Eles continuam”, acrescenta Bouchnafa. "Há tantas coisas que queremos fazer para ajudar os migrantes nas suas viagens, mas o tempo é pouco e os meios financeiros também… normalmente, tentamos encontrar um refúgio para os sem-abrigo”.
Foto: DW/D.Cupolo
Choque cultural
“É o Ramadão quando estou na mesquita, mas na rua, é apenas mais um dia”, afirma Khan, um soldador paquistânes com 28 anos de idade que não aparece na fotografia acima. “Esta é uma cultura muito diferente da nossa. A Itália não é um país islâmico. Eu não sou cristão. Mas isso não importa desde que possamos tratar-nos uns aos outros com boas maneiras e respeito”.
Foto: DW/D.Cupolo
Sem tempo de descanso
As lojas tradicionais no sul de Itália fecham para pausa de almoço ou para a chamada “sesta”. No entanto, os proprietários das lojas, provenientes do Bangladesh, têm ganho a vida trabalhando durante todo o dia, mesmo no período do Ramadão. “Ficamos abertos mesmo se estivermos cansados”, afirma Momin Mattubbar, um jovem de 25 anos do Bangladesh chegado há oito meses.
Foto: DW/D.Cupolo
Diferentes gastronomias
Para muitos migrantes, o Ramadão é também sinónimo de determinados pratos tradicionais dos seus países. Cumprir o Ramadão no exterior significa experimentar novas comidas, muitas vezes com resultados mistos. “[Os africanos] utilizam frango e arroz”, explica Ismail Jammeh, mediador cultural. “Eles não sabem o que são almôndegas ou massa. Quando eu cheguei, não gostava de massa”.
Foto: DW/D.Cupolo
Sentimento de solidão
“Nos dias do Ramadão, olhamos para os nossos países e sentimo-nos muito sozinhos”, afirma Mala, uma adolescente chegada recentemente via Líbia. “É o meu primeiro Ramadão sem a minha família. Já estamos stressados por sermos estrangeiros e estarmos num novo país, mas a parte mais difícil é estar sem as nossas famílias”.