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"El Dorado" angolano em destaque nas páginas da imprensa alemã

9 de dezembro de 2011

Aumento exponencial da emigração portuguesa para Angola. Eleições na República Democrática do Congo e a Conferência do Clima em Durban foram temas abordados pelos jornais alemães esta semana.

Em Luanda a construção civil têm dinamizado o mercado laboral e atraído emigrantes
Em Luanda a construção civil têm dinamizado o mercado laboral e atraído emigrantesFoto: DW/A.Cascais

“Cada vez mais portugueses tentam a sua sorte na antiga colónia Angola. Enquanto Portugal teve de ser salvo, em maio, por uma injeção financeira da União Europeia e do FMI, no montante de 78 mil milhões de euros, o petróleo angolano proporcionou ao país uma taxa de crescimento de dois dígitos”, escreve o Neues Deutschland.

Este diário sublinha que “em 2006 foram emitidos 156 vistos a cidadãos portugueses. Agora o boom económico angolano tem atraído legiões de portugueses, com formação académica superior”. Mais de cem mil portugueses vivem neste momento em Angola. Ou seja, “vivem tantos portugueses em Angola como imigrantes angolanos em Portugal”.

Depois de 27 anos de guerra civil há muito por fazer em Angola e uma enorme procura por mão de obra especializada que fale português. Para os portugueses escreve o Neues Deutschland “Angola é um destino interessante, não apenas devido à língua mas pelo facto de por exemplo um engenheiro em Angola ganhar três vezes mais do que em Portugal”.

A pujança económica dá autoconfiança aos angolanos – os últimos seis ano o Produto Interno Bruto cresceu 400 por cento – de tal forma que “nas ruas de Luanda se diz que Portugal se tornou numa colónia angolana”.

O crescimento económico angolano não tem beneficiado no entanto a maioria dos 19 milhões de angolanos, mas “apenas uma minoria próxima do Presidente José Eduardo dos Santos”, sublinha o Neues Deutschland. “ A elite de Angola é uma das mais corruptas do mundo. E grande parte dos rendimentos obtidos com a extracção de petróleo acaba em contas em bancos estrangeiros”.

Resultados preliminares das eleições na RDC, no entender da oposição, resultam de fraudes sistemáticas do governo KabilaFoto: picture-alliance/dpa

Adiar do anúncio dos resultados eleitorais no Congo aumenta receios de violência

“ A República Democrática do Congo continua à espera dos resultados finais das eleições presidenciais”, escreve o Frankfurter Allgemeine Zeitung, e esta espera é catalisadora de tensões. Etienne Tschisekedi “ não aceita os resultados preliminares [que lhe atribuem 33, 3 por cento dos votos contra os 49 por cento de Joseph Kabila], classifica-os como grosseiras falsificações e reclama para si a vitória”.

Apesar dos esforços da comunidade internacional para atenuar o clima de tensão que se vive na República Democrática do Congo, muitos temem que o anúncio da reeleição de Joseph Kabila seja a faísca que incendeie Kinshasa, bastião dos apoiantes do candidato da oposição Tschisekedi.

Citado pelo Süddeutsche Zeitung o bispo congolês, Nicolas Djombo, compara o seu país a “um comboio que se dirige a toda a velocidade contra um muro”. Este dignitário eclesiástico apela aos Estados Unidos, à ONU e à União Europeia para que ajudem a manter a paz num país “que ainda não recuperou de duas sangrentas guerras civis, onde morreram quase 4 milhões de pessoas”.

“ O governo da África do Sul”, salienta o Frankfurter Allgemeine Zeitung, “que se empenhou fortemente pela realização destas eleições, fornecendo apoio financeiro e logístico, procura uma via para evitar a escalada da violência”. Pretoria opõe-se também a uma hipotética intervenção militar de Angola no Congo. “Uma ação militar desse género teria de ser aprovada pela SADC, organização à qual tanto a RDC como Angola pertencem, e a África do Sul votaria contra”.

“A hostilidade entre as duas partes [Kabila e Tschisekedi] é de tal forma forte que milhares de pessoas atravessaram o rio Congo em direção ao país vizinho”, relata o Süddeustche Zeitung, recordando que já em 2006, quando as eleições foram organizadas pelas Nações Unidas, houve confrontos violentos quando se soube que Joseph Kabila venceu por uma margem tangencial Jean-Pierre Bemba”. Bemba é acusado pelo Tribunal Penal Internacional de Haia de crimes contra a Humanidade.

Poucas esperanças de chegar a acordo em Durban

Em Durban os ativistas da Greenpeace escolheram uma forma original de lembrar que o aquecimento global continua a progredirFoto: dapd

“A brincar com o planeta” titula o Süddeutsche Zeitung, referindo-se à Cimeira do Clima em Durban. “O relógio não para. No próximo ano termina o Protocolo de Quioto e ainda não há substituto”. Um segundo período de cumprimento de Quioto para 2013-2020 é uma das questões na agenda da conferência de Durban.

A União Europeia está de acordo com o prolongamento de Quioto, mas desde que ao mesmo tempo se defina um roteiro claro para um tratado mais abrangente, a concluir em 2015 e entrar em vigor em 2020. Países como a Nova Zelândia, Austrália e Suíça também estariam disponíveis para estender Quioto, assim como os países em desenvolvimento, que não abdicam do tratado. Porém, sem os EUA, Japão, Canadá e Rússia, o protocolo regulará apenas 16 por cento das emissões mundiais de dióxido de carbono.

Autor: Helena Ferro de Gouveia
Edição: Pedro Varanda de Castro / António Rocha

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