El Niño aumenta risco de fenómenos extremos em Moçambique
Lusa
14 de junho de 2023
Os serviços meteorológicos moçambicanos avisam que o país deve preparar-se para a seca nas regiões centro e sul e para chuvas acima do normal no norte com a formação do fenómeno natural El Niño.
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Devido à sua localização na África Austral, Moçambique está exposto a "impactos significativos" do fenómeno que se forma no Oceano Pacífico e com influência em todo o globo, disse à Lusa Bernardino Nhantumbo, climatologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inam) de Moçambique.
A Administração Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) anunciou na quinta-feira que se tinha iniciado um novo El Ninõ, que consiste em temperaturas mais quentes do que o normal na superfície do oceano Pacífico equatorial e que ocorre aproximadamente a cada dois a sete anos.
"Dependendo da sua severidade e da ação dos fatores meteorológicos locais, podemos ter situações de seca na zona sul e centro do país", acrescentou.
Bernardino Nhantumbo disse que não é possível prever quando é que a estiagem vai afetar o país e por quanto tempo, porque se trata de "um fenómeno progressivo".
Agricultores procuram novos métodos para enfrentar a seca
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Mitgar impacto do El Niño
Assinalando que o pico das chuvas em Moçambique acontece entre dezembro e fevereiro, aquele climatologista declarou que a quantidade de precipitação e a gestão hídrica que se fizer nesse período serão importantes para a mitigação do impacto do El Niño.
"Se nós tivermos alguma perturbação [em termos de chuvas anormais] nesse período, os impactos setoriais são severos", em domínios "como a agricultura, gestão dos recursos hídricos e produção hidroelétrica", realçou Bernardino Nhantumbo.
Por isso, continuou, o país deve ter capacidade de encaixe da chuva, para atenuar o efeito da seca.
O climatologista recordou que Moçambique foi atingido com intensidade pelo El Niño entre 2018 e 2019, seguindo-se depois o período La Niña, com condições inversas, que provocou chuvas acima do normal em todo o território nacional.
A variação dos fenómenos naturais é amplificada pela exposição de Moçambique a fenómenos extremos, na rota de ciclones da bacia do Índico, e devido às vulnerabilidades que o tornam num dos países com maior risco de impacto das alterações climáticas, segundo a análise de diversas organizações internacionais.
Seca em África
Não chove, as colheitas são más, pouco há para comer, há quem consuma ervas para saciar a fome: É a pior seca das últimas décadas. 14 milhões de pessoas estão em perigo. Angola e Moçambique são dois dos países afetados.
Foto: Reuters/T. Negeri
À espera de água
Os jerricans estão vazios, não há água à vista. A Etiópia atravessa a pior seca das últimas três décadas, sem chover durante meses a fio. Segundo as Nações Unidas, mais de dez milhões de pessoas precisam urgentemente de assistência alimentar. Em breve, o número pode duplicar.
Foto: Reuters/T. Negeri
Sem fonte de sustento
Uma grande parte dos etíopes vive da agricultura e da criação de gado. Os animais são, muitas vezes, a fonte de sustento da família. "Vi as últimas gotas de chuva durante o Ramadão", conta um agricultor da região de Afar, no nordeste da Etiópia. O mês de jejum dos muçulmanos terminou em julho. "Desde essa altura, nunca mais choveu. Não há água, não há pasto. O nosso gado morreu".
Foto: Reuters/T. Negeri
Perigo para as crianças
Em 1984, mais de um milhão de pessoas morreu de fome na Etiópia. Pouco mais de três décadas depois, os etíopes voltam a correr perigo, sobretudo as crianças. Segundo o Governo etíope, mais de 400.000 rapazes e raparigas estão gravemente subnutridos e precisam de tratamento médico.
Foto: Reuters/T. Negeri
O El Niño
A colheita também foi magra no Zimbabué. Neste campo perto da capital, Harare, em vez de maçarocas de milho viçosas crescem apenas estes grãos secos. A seca foi agravada pelo El Niño. Noutros locais, o fenómeno meteorológico provocou chuvas fortes e inundações.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
No limite
Esta vaca está no limite das suas forças, mal consegue manter-se em pé. Os agricultores de Masvingo, no centro do Zimbabué, tentam movê-la. Em 2015, choveu metade do que havia chovido no ano anterior. Os campos ficaram completamente secos.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca em Moçambique
"Lá no nosso bairro já perdi trinta e cinco cabeças", conta um criador de gado do distrito de Moamba, a 80 quilómetros da capital moçambicana, Maputo. Milhares de famílias estão em situação de insegurança alimentar. A seca afeta principalmente o sul do país. O norte e centro têm sido fustigados por chuvas intensas.
Foto: DW/R. da Silva
Ervas para combater a fome
A província do Cunene, no sul de Angola, também tem sido afetada pela seca. À falta de outros alimentos, há populares que comem ervas para saciar a fome: "Muitos morreram, não há comida. Mas, depois, estas ervas causam diarreia", contou um morador do município do Curoca.
Foto: DW/A.Vieira
Rio seco
Seria impossível estar aqui, não fosse a seca. O rio Black Umfolozi, a nordeste da cidade sul-africana de Durban, ficou sem água à superfície. Só cavando os habitantes conseguem obter o líquido vital.
Foto: Reuters/R. Ward
Seca inflaciona os preços
O Malawi também atravessa um período de seca. E isso reflete-se aqui neste mercado perto da capital, Lilongwe. Os preços de produtos básicos como o milho aumentaram bastante, porque a colheita foi má e é necessário importá-los. Muitas vezes, os habitantes mal conseguem pagar os alimentos que precisam para sobreviver.