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Eldoret, no Quénia, é "Eldorado" para corredores do mundo todo

27 de julho de 2012

Planalto queniano é reduto de muitos campeões mundiais de corrida. No centro fundado pelo recordista mundial Kipchoge Keino, jovens quenianos se prepararam para os Jogos Olímpicos. Confira também participação lusófona.

Treinamento de atletas em Eldoret em 2004
Treinamento de atletas em Eldoret em 2004Foto: picture-alliance/dpa

São cinco horas da manhã e ainda está escuro. Em frente a uma escola no planalto queniano, reúne-se um grupo de cinco jovens em roupas esportivas. Para eles, está na hora do primeiro treino. "Eu corro durante uma hora. Das 5h ás 6h. Todos os dias de segunda a sexta-feira", diz Jonathan Kiptum à DW África, durante a fase de treinamento que preparou os atletas do país oriental africano para os Jogos Olímpicos de Londres, que começam oficialmente esta sexta-feira (27.07).

Kiptum costuma ir a uma escola para corredores talentosos em Eldoret. A cidade é o lar de muitos campeões olímpicos e recordistas mundiais. Ambiciosos corredores de todo o mundo vêm até aqui na esperança de obter o máximo desempenho.

Fora isso, a região não têm muito a oferecer. Grande parte da população vive da agricultura. E mesmo que o milho nos campos cresça bastante – os fazendeiros não ficam ricos. Pelo contrário, diz o comissário desportivo de Eldoret, George Obumba: "Cada um procura uma forma de sair da pobreza. A economia está em frangalhos. O poder aquisitivo é muito baixo", descreve.

Mesmo assim, lá estão os corredores, que vencem prêmios milionários por todas as partes do mundo e voltam para casa para construir casas amplas e dirigir carros de luxo pela cidade. Obumba afirma que a presença desses atletas é um estímulo para muitos: "Você está cercado de atletas bem-sucedidos, que levam uma vida boa. Eles ganham muito dinheiro".

Em outros lugares os jovens sonham em se tornar jogadores de futebol. Mas aqui o herói não é o nacional português Cristiano Ronaldo, e sim Kipchoge Keino. Ele fundou a escola para jovens corredores. Ele é uma lenda no Quênia. Kipkeino, como as pessoas o chamam, conquistou nos 3 mil e nos 5 mil metros, nos anos 1960, os primeiros recordes mundiais de um país africano. Para dar chance a outros talentos, ele construiu em Eldoret um centro de corrida, uma escola e um orfanato.

Sacrifícios de atleta

De manhã cedo as estradas ainda estão lamacentas na estação das chuvas. Ao lado de Jonathan, correm outros sete rapazes. Eles acabaram de sair da cama e precisam vencer o cansaço. Acordar cedo é sempre um grande esforço.

O sol se levanta lentamente. Depois de um tempo os corredores encontram seu ritmo. Eles conseguem trotar por muito tempo lado a lado. Mas em pouco tempo começa a aula. Jonathan e os outros precisam voltar. Aos 17 anos, o jovem é órfão. Seus pais morreram quando ele tinha sete anos de idade. Ele teve sorte de ser acolhido por um conhecido, que o "levou junto para cuidar de suas vacas. Depois de alguns meses eu disse a ele que queria voltar para a escola. E ele concordou. Eu pude usar o dinheiro que ganhei com o pastoreio das vacas para me inscrever na escola", conta.

A história de Jonathan se parece com a de muitos outros corredores no planalto queniano. A escola era longe. Todos os dias ele percorria muitos quilômetros para assistir à aula. Ele venceu um campeonato e foi para a escola de Kipkeino. Jonathan se especializou nas corridas de 800 e 1.500 metros. Em breve, ele participará dos Jogos Olímpicos: "É, talvez não nesta, mas quem sabe em 2016”, sonha.

Países lusófonos apostam no judo e no atletismo

Segundo a agência noticiosa Lusa, Angola terá a maior delegação da história nos Jogos Olímpicos de Londres – serão 29 mulheres e cinco homens. O atletismo está entre as modalidades em que atletas angolanos estão representados. Mas a grande esperança angolana parece estar nas mãos da judoca Antónia de Fátima "Faia". No último campeonato mundial, disputado em Bucareste, "Faia" ficou com o bronze na categoria -70 kg.

Angola também participa das Olimpíadas nas modalidades basquetebol e andebol feminino, natação, atletismo, canoagem e boxe. A seleção masculina de basquetebol – dez vezes campeã do continente africano – não conseguiu a classificação. Angola participa dos Jogos Olímpicos pela 8ª vez.

Entre os países de língua portuguesa, o Brasil também aposta no judô, com os atletas Leandro Guilheiro (-81 kg) – que já ganhou o bronze em 2008, em Pequim, e nas Olimpíadas de Atenas em 2004 – e Tiago Camilo (-90 kg).

Além do voleibol feminino e masculino, uma das modalidades favoritas do Brasil, o país busca um ouro inédito no futebol masculino. A delegação brasileira participa dos Jogos de Londres com 259 atletas em 32 modalidades.

Já Cabo Verde tem três desportistas representando o país em Londres: a judoca Adisângela Moniz, a primeira atleta cabo-verdiana a qualificar-se diretamente para Jogos Olímpicos; o corredor Rubem Sança (5 mil metros); e a corredora Lidiane Lopes, que participa das provas de 100 metros feminino.

A Guiné-Bissau, por sua vez, será representada por quatro atletas: na luta, por Augusto Midna (73 kg) e Jacira Mendonça (64 kg). No atletismo, Holder da Silva (100 m) e Graciela Martins (400 m).

Seis serão os atletas de Moçambique. As expectativas de uma medalha estão depositadas no atleta Kurt Couto na prova 100 m com barreiras. Também nesta modalidade, mas no feminino, participa Sylvia Panguene. Juliano Máquina será o representante moçambicano no pugilismo, Neuso Sigaúque o do judô e Chakil Camal (100 m livres) e Jéssica Vieira (50 e 100 m livres) são os nadadores moçambicanos em Londres.

De São Tomé e Príncipe, dois atletas se classificaram para os Jogos: Lecabela Quaresma (100 m barreiras) e Christopher Lima da Costa (100 m). De Timor Leste, dois maratonistas – Augusto Ramos e Juventina Napoleão – tentarão terminar a prova.

Autor: Antje Diekhans / Francis França / Renate Krieger (com Lusa)
Edição: António Rocha

Cristiane, da seleção brasileira de futebol, em jogo disputado em 25.07 em LondresFoto: Reuters
Participação lusófona nos Jogos Olímpicos aposta no judo e no atletismoFoto: picture-alliance/Sven Simon
Kipchoge Keino, atleta queniano, ao vencer a prova de 3 mil metros em 1972Foto: AP

18.07 Corredores quenianos LONGA - MP3-Mono

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