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Eleição presidencial na Zâmbia: resultado ainda indefinido

21 de setembro de 2011

UE afirma que o escrutínio se desenrolou de maneira transparente e correta em quase todo o país. Michael Sata, da oposição, estaria na liderança.

A Zâmbia é primeiro produtor africano de cobre
A Zâmbia é primeiro produtor africano de cobreFoto: DW-TV

Os primeiros resultados muito parciais da eleição presidencial na Zâmbia dão vantagem ao candidato da oposição, Michael Sata, face ao presidente cessante Rupiah Banda, mas o número final permanece ainda muito incerto - enquanto a tensão aumenta.

Na verdade, o resultado desse escrutínio anuncia-se muito apertado entre os dois principais candidatos, ao fim de um escrutínio marcado por acusações de fraude e alguma violência, nomeadamente na capital, Lusaka.

Cinco pessoas permanecem ainda presas na sequência de violentos incidentes ocorridos na terça feira em vários bairros de lata nos arredores de Lusaka, nomedamente em Kanyama um dos mais populosos.

Jovens espancaram um homem que segundo eles transportava boletins de voto já preenchidos. Por outro lado, militantes da Frente patriótica, o partido do candidato da oposição, Michael Sata, resgaram vários cartazes do presidente-candidato Banda. Bloquearam também várias estradas e atiraram pedras contra a polícia, que utilizou granadas de gás lacrimogéneo para dispersar os revoltosos.

Atos de violência eclodiram com a suspeita de fraudes

Nas últimas horas, uma calma precária regressou a Lusaka, depois de uma reunião, no comissariado da polícia, com representantes da Comissão eleitoral, que tentam a todo o custo divulgar o mais depressa possível os resultados do escrutínio presidencial. A divulgação foi suspensa devido à violência que eclodiu após suspeita de fraude eleitoral.

O candidato da oposição Michael Sata, que, em 2008, perdeu a corrida por escassos votosFoto: picture-alliance/dpa

Em muitos bairros da periferia de Lusaka, eleitores nervosos com o atraso na publicação dos resultados partiram os vidros dos automóveis que circulavam pelo bairro e agrediram alguns membros da comissão eleitoral.

Segundo várias fontes, o escrutínio de terça-feira decorreu de forma transparente e correcta na maior parte do país, enquanto os 120 observadores da UE enviados àquele país qualificaram os atos de "incidentes lamentáveis, mas ao mesmo tempo muito isolados". Ao mesmo tempo, os observadores da UE constataram algum atraso na abertura dos locais de votação.

O jornalista zambiano Harrison Ntuntu, em entrevista à DW, disse que a violência que se seguiu ao encerramento das urnas foi a principal causa para a não publicação, até agora, dos resultados do escrutínio presidencial.

"Existem algumas áreas onde foi realmente difícil para os jornalistas terem acesso, devido à troca de tiros, estradas interrompidas e muita insegurança principalmente nas imediações dos locais onde decorreu a votação", disse o jornalista.

"Temos informações de que membros da oposição terão ocupado uma região e espancado as pessoas somente por terem recusado votar porque para elas já era tarde de mais", acrescentou.

Em 2008, Sata perdeu o escrutínio por escassos votos

Oficialmente, 64% dos 12,9 milhões de zambianos vivem com menos de dois dólares por diaFoto: J. Sorges

Michael Sata, ao acusar o seu adversário de fraude e alguma violência em Lusaka, lembrou que em 2008 perdeu a corrida por poucos votos devido "a inúmeras fraudes verificadas durante o escrutínio". Na ocasião, os apoiantes de Sata desencadearam uma vaga de violências que se prolongaram por vários dias.

A eleição antecipada foi provocada pela morte inesperada do presidente Levy Mwanawasa e, segundo a Constituição, Banda foi eleito por três anos para terminar o mandato de cinco anos em curso.

O vencedor do atual escrutínio vai dirigir por cinco anos este pequeno país de crescimento económico espetacular, que se situa à volta dos 7,5%, segundo o FMI.

Recorde-se que a Zâmbia é o maior produtor africano de cobre, um minério cujo preço está bem cotado no mercado internacional.

O presidente cessante elegeu como tema de campanha o balanço positivo da governação do país, tendo considerado que o enriquecimento da Zâmbia foi graças ao cobre e que hoje as perspetivas são muito optimistas no que concerne ao crescimento e desenvolvimento.

O seu rival, Sata, acusa Banda de ter deixado os investidores estrangeiros aproveitarem-se de toda essa riqueza privando a população dos frutos desse crescimento. Daí que tenha prometetido durante a campanha lutar em prioridade contra a pobreza através de uma melhor distribuição das receitas oriundas nomeadamente da produção do cobre.

Oficialmente, 64% dos 12,9 milhões de zambianos vivem com menos de dois dólares por dia.

Autor: António Rocha
Edição: Renate Krieger

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