Eleições a 10 de março na Guiné-Bissau? CNE acredita que sim
Braima Darame (Bissau)
11 de janeiro de 2019
Terminou na quinta-feira o prazo para a entrega das candidaturas dos partidos políticos no Supremo Tribunal de Justiça. Comissão Nacional de Eleições (CNE) já recebeu material eleitoral.
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24 partidos políticos guineenses formalizaram nesta quinta-feira (10.01) as suas candidaturas às eleições legislativas, marcadas para 10 de março. O prazo para a entrega dos dossiês terminou e o Supremo Tribunal de Justiça, que é o órgão judicial que na Guiné-Bissau tem as competências de tribunal constitucional e eleitoral, tem 14 dias, de 11 a 25 de janeiro, para publicar as listas definitivas admitidas.
Entre as candidaturas apresentadas estão os nomes de tradicionais concorrentes às eleições, como o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) ou o Partido de Renovação Social (PRS), além do recém-criado Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15).
Eleições a 10 de março na Guiné-Bissau? CNE acredita que sim
O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), José Pedro Sambú, prometeu redobrar esforços para que o escrutínio tenha lugar a 10 de março.
"Por isso, torna-se urgente a conjugação dos esforços de todas as partes envolvidas no processo para que os objetivos preconizados se concretizem, em prol dos superiores interesses da nossa administração eleitoral", afirmou Sambú.
ONU entrega material
As Nações Unidas entregaram à comissão eleitoral 3.100 cabines de voto, 440 urnas eleitorais e 462 tampas de urnas. Foram ainda entregues 1.542 frascos de tinta indelével, 191 mil selos para a segurança das urnas após a votação e 3.100 espécies de material consumível diverso.
Gabriel Dava, coordenador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apela às autoridades guineenses para cumprirem com o calendário eleitoral.
"A tensão política é normal em processos eleitorais, mas isso não deve impedir os atores políticos de se concentrarem naquilo que é realmente essencial e de respeitarem as normas previstas nas leis da Guiné-Bissau. Só isso pode gerar a necessária confiança entre os cidadãos e as instituições", frisou Dava.
A campanha eleitoral para as legislativas de 10 de março vai decorrer entre 16 de fevereiro e 8 de março. A publicação dos resultados definitivos terá lugar entre 14 e 17 de março.
Guiné-Bissau: O país onde nenhum Presidente terminou o mandato
Desde que se tornou independente, a Guiné-Bissau viu sentar na cadeira presidencial quase uma dúzia de Presidentes - incluindo interinos e governos de transição. Conheça todas as caras que passaram pelo comando do país.
Foto: DW/B. Darame
Luís de Almeida Cabral (1973-1980)
Luís de Almeida Cabral foi um dos fundadores do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e também o primeiro Presidente da Guiné-Bissau - em 1973/4. Luís Cabral ocupou o cargo até 1980, data em que foi deposto por um golpe de Estado militar. O antigo contabilista faleceu, em 2009, vítima de doença prolongada.
Foto: Bundesarchiv/Bild183-T0111-320/Glaunsinger
João Bernardo Vieira (1980/1994/2005)
Mais conhecido por “Nino” Vieira, este é o político que mais anos soma no poder da Guiné-Bissau. Filiado no PAIGC desde os 21 anos, João Bernardo Vieira tornou-se primeiro-ministro em 1978, tendo sido com este cargo que derrubou, através de um golpe de Estado, em 1980, o governo de Cabral. "Nino" ganhou as eleições no país em 1994 e, posteriormente, em 2005. Foi assassinado quatro anos mais tarde.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
Carmen Pereira (1984)
Em 1984, altura em que ocupava a presidência da Assembleia Nacional Popular, Carmen Pereira assumiu o "comando" da Guiné-Bissau, no entanto, apenas por três dias. Carmen Pereira, que foi a primeira e única mulher na presidência deste país, foi ainda ministra de Estado para os Assuntos Sociais (1990/1) e Vice-Primeira-Ministra da Guiné-Bissau até 1992. Faleceu em junho de 2016.
Foto: casacomum.org/Arquivo Amílcar Cabral
Ansumane Mané (1999)
Nascido na Gâmbia, Ansumane Mané foi quem iniciou o levantamento militar que viria a resultar, em maio de 1999, na demissão de João Bernardo Vieira como Presidente da República. Ansumane Mané foi assassinado um ano depois.
Foto: picture-alliance/dpa
Kumba Ialá (2000)
Kumba Ialá chega, em 2000, à presidência da Guiné-Bissau depois de nas eleições de 1994 ter sido derrotado por João Bernardo Vieira. O fundador do Partido para a Renovação Social (PRS) tomou posse a 17 de fevereiro, no entanto, também não conseguiu levar o seu mandato até ao fim, tendo sido levado a cabo no país, a 14 de setembro de 2003, mais um golpe militar. Faleceu em 2014.
Foto: AP
Veríssimo Seabra (2003)
O responsável pela queda do governo de Kumba Ialá foi o general Veríssimo Correia Seabra, Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. Filiado no PAIGC desde os 16 anos, Correia Seabra acusou Ialá de abuso de poder, prisões arbitrárias e fraude eleitoral no período de recenseamento. O general Veríssimo Correia Seabra viria a ser assassinado em outubro de 2004.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Bordalo
Henrique Rosa (2003)
Seguiu-se o governo civil provisório comandado por Henrique Rosa que vigorou de 28 de setembro de 2003 até 1 de outubro de 2005. O empresário, nascido em 1946, conduziu o país até às eleições presidenciais de 2005 que deram, mais uma vez, a vitória a “Nino” Vieira. O guineense faleceu, em 2013, aos 66 anos, no Hospital de São João, no Porto.
Foto: AP
Raimundo Pereira (2009/2012)
A 2 de março de 2009, dia da morte de Nino Vieira, o exército declarou Raimundo Pereira como Presidente da Assembleia Nacional do Povo da Guiné-Bissau. Raimundo Pereira viria a assumir de novo a presidência interina da Guiné-Bissau, a 9 de janeiro de 2012, aquando da morte de Malam Bacai Sanhá.
Foto: AP
Malam Bacai Sanhá (1999/2009)
Em julho de 2009, Bacai Sanhá foi eleito presidente da Guiné Bissau pelo PAIGC. No entanto, a saúde viria a passar-lhe uma rasteira, tendo falecido, em Paris, no inicio do ano de 2012. Depois de dirigir a Assembleia Nacional de 1994 a 1998, Bacai Sanhá ocupou também o cargo de Presidente interino do seu país de maio de 1999 a fevereiro de 2000.
Foto: dapd
Manuel Serifo Nhamadjo (2012)
Militante do PAIGC desde 1975, Serifo Nhamadjo assumiu o cargo de Presidente de transição a 11 de maio de 2012, depois do golpe de Estado levado a cabo a 12 de abril de 2012. Este período de transição terminou com as eleições de 2014, que foram vencidas por José Mário Vaz. A posse de “Jomav” como Presidente marcou o regresso do país à ordem constitucional no dia 26 de junho de 2014.