Nunca houve tantos populistas e eurocéticos como nas eleições deste mês para o Parlamento Europeu, que serão decisivas para definir o caminho a seguir no velho continente. Fechar as fronteiras ou aumentar a cooperação?
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Se há algo que une os muitos candidatos das diferentes famílias políticas europeias é a certeza de que estas eleições para o Parlamento Europeu, que têm lugar entre 23 e 26 de maio, são "decisivas".
"No dia 26 de maio realizam-se eleições decisivas para o continente", afirma o líder parlamentar dos democratas-cristãos, Manfred Weber. "Esta Europa em que vivemos hoje é uma boa Europa. Não vamos deixar que os nacionalistas estraguem tudo", avisa.
O candidato do Partido Popular Europeu à presidência da Comissão Europeia encara esta ida às urnas como um duelo entre pró-europeus e nacionalistas. A verdade é que nunca houve tantos populistas de direita e eurocépticos como nestas eleições.
A Europa de Orban ou de Macron?
Para o primeiro-ministro da Hungria, o conservador Viktor Orban, trata-se de uma luta entre a democracia liberal, que o próprio representa, e os liberais democratas. O chefe do Governo húngaro, que juntou forças com a direita alemã, francesa, dinamarquesa e italiana, recusa-se a aceitar o que chama de "islamização" da população da Europa.
Eleições: A Europa mais uma vez na encruzilhada
"Temos de perceber que a Europa chegou a uma encruzilhada histórica, entre aqueles que defendem a imigração e os imigrantes, por qualquer motivo. O resultado são nações com raças mistas, onde chegam ao fim as tradições históricas e nasce uma nova ordem mundial", diz Viktor Orban.
O inimigo preferido dos populistas de direita é o Presidente francês, Emmanuel Macron, que tem apelado ao "renascimento" da Europa, a mais solidariedade e compaixão. Também para Macron, que propõe grandes reformas, as eleições de maio são decisivas. "A luta mais importante nestas eleições é o confronto entre aqueles que acreditam na Europa e aqueles que não acreditam", disse Macron num encontro do seu partido, em Paris.
Outros temas além da migração
Emprego, migração, alterações climáticas, política comercial, um papel mais forte da Europa no mundo. São questões que a União Europeia tem de enfrentar nos próximos anos, dizem os partidos pró-Europa.
Mas para os populistas de direita só há um tema: fechar as fronteiras e afastar os imigrantes. Prometem ao eleitorado uma Europa completamente diferente, onde os países poderão "recuperar os direitos perdidos".
O socialista Frans Timmermans, vice-presidente da Comissão Europeia, considera a ideia absurda. "Não vamos dar o poder na Europa aos extremistas. É uma eleição decisiva. A escolha é dos eleitores, que vão decidir que tipo de Europa teremos ao longo dos próximos cinco anos", sublinha.
Encruzilhada, última oportunidade, momento decisivo: os termos usados na campanha eleitoral são muitas vezes dramáticos. Mas não se deve exagerar, disse em entrevista à Euronews o porta-voz da Comissão Europeia, Margaritis Schinas. "Já estou na política europeia há alguns anos e não me lembro de nenhumas eleições em que não se tenha dito que a Europa está numa encruzilhada. Estamos sempre e isso é bom. Não devemos ser demasiado dramáticos em relação às eleições europeias", salienta.
Milhares de migrantes atravessam Níger rumo à Europa
São jovens oriundos da África Ocidental e fazem tudo para chegar à Europa. Estão mesmo dispostos a arriscar a vida, atravessando o deserto, rumo ao Mediterrâneo. Mas nem todos são bem sucedidos.
Foto: DW/A. Cascais
Apoio aos "menos bem sucedidos"
Em Niamey existe um centro de acolhimento da Organização Internacional para as Migrações (OIM). Aqui são acolhidos os jovens "revenants", que não conseguiram atravessar o deserto e se veem obrigados a regressar aos seus países de origem. A OIM, que faz parte do sistema das Nações Unidas, dá-lhes abrigo provisório, alimentação e apoio na obtenção de passaportes e outros documentos.
Foto: DW/
À espera do regresso a casa
Os jovens que procuram apoio no centro da OIM vêm dos mais diferentes países: Guiné-Conacri, Mali, Senegal, Gâmbia ou Guiné-Bissau, movidos sobretudo por objetivos económicos. Muitos tiraram cursos superiores, mas não arranjam trabalho. Muitas famílias apostam na emigração de pelo menos um filho. Caso esse filho seja bem sucedido poderá eventualmente apoiar economicamente o resto da família.
Foto: DW/A. Cascais
Frustrados por terem falhado a Europa
Muitos investiram todas as suas economias, pediram dinheiro a familiares e perderam tudo. Agora esperam pelo regresso aos seus países com a sensação de terem sofrido grandes derrotas pessoais. Os assistentes sociais falam de casos em que os jovens não se atrevem a voltar ao seio das suas famílias, "por sentirem vergonha". Precisam de apoio psicológico, mas esse apoio não existe.
Foto: DW/A. Cascais
Otimismo apesar das derrotas
Alguns dos migrantes sofrem lesões e contraem doenças durante a travessia do deserto, mas mesmo assim não perdem o ânimo. Em muitos casos, os jovens tentam várias vezes, ao longo da vida, atingir a terra prometida: a Europa. Muitos nunca o conseguem, mas não perdem o otimismo. Em 2016, a OIM prestou apoio a mais de 6 mil "revenants" - migrantes que não foram bem sucedidos no Níger.
Foto: DW/A. Cascais
Espancado na Líbia
Dumbya Mamadou, de 26 anos de idade, oriundo do Senegal, conseguiu atingir a Líbia, depois de uma "odisseia de 5 dias e 5 noites" pelo deserto do Níger. Mas na Líbia foi maltratado. "Os líbios apontaram-me armas e espancaram-me, não têm respeito pelo ser humano", afirma o jovem. Dumbya volta ao seu país de origem com um sentimento de derrota: "Queria estudar na Europa, agora não sei o que fazer".
Foto: DW/
Roubado no Burkina Faso
Mamadou Barry, de 21 anos, oriundo da Guiné-Conacri, tinha um sonho: aplicar em França os seus conhecimentos de marketing e os seus talentos musicais. Mas a viagem rumo à Europa correu-lhe mal. "Fui roubado no Burkina Faso, o primeiro país pelo qual passei", conta. Mesmo assim, Mamadou aprendeu uma grande lição para a vida: "coisas que nunca teria aprendido se nunca tivesse saído de Conacri".
Foto: DW/A. Cascais
Rap contra a frustração
Mamadou Barry tenta digerir as suas derrotas e decepções através da música. Há três anos que o jovem canta e interpreta temas de rap e hiphop de sua autoria. O seu último tema foi escrito em Niamey, capital do Níger, e tem a seguinte letra: "A migração arrasou-me / e ninguém me pode consolar / O Mar Mediterrâneo já matou muitos / e nós cá continuamos: sem comida, sem cama, sem saúde".
Foto: DW/
Central de autocarros de Niamey: uma placa giratória
É da estação de autocarros de Niamey que partem diariamente centenas de furgonetas, muitas delas repletas de jovens migrantes, em direção ao norte. Os migrantes tornaram-se um fator relevante para a economia do Níger. Há muita gente que ganha a sua vida prestando diversos serviços aos migrantes: viagens pelo deserto, alimentação e mesmo cuidados médicos.
Foto: DW/A. Cascais
Mais migrantes tentam atravessar deserto do Níger
O número de migrantes que viajam através dos vastos territórios desérticos do Níger para chegar ao norte da África e à Europa não pára de aumentar, tendo alcançado os 200 mil em 2016, segundo estimativas do escritório da Organização Internacional para as Migrações. Outras fontes falam de 10 mil migrantes que atravessam o Níger por semana. A situacão geográfica do Níger é o fator determinante.
Foto: DW/A. Cascais
Agadez, o "olho da agulha"
Agadez, cidade desértica no Níger, é um dos principais pontos de trânsito no Saara para os imigrantes em fuga de nações empobrecidas do oeste da África. As "máfias" do tráfico humano têm beneficiado do caos na Líbia para transportar dezenas de milhares de pessoas para o continente europeu em embarcações precárias. Os migrantes muitas vezes sofrem abusos dos passadores.