UNITA faz apelo urgente para receber donativos para campanha
Lusa | tms
10 de junho de 2017
Maior partido da oposição diz que precisa de recursos financeiros para fazer campanha eleitoral "digna". Apelo vem dias após o Governo anunciar ajuda de 5,5 milhões de euros às seis principais forças políticas do país.
Publicidade
Mesmo após anúncio do Governo angolano, que destinará mais de 5,5 milhões de euros às principais forças políticas do país candidatas nas eleições de 23 de agosto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) lançou um apelo urgente para donativos que permitam ao partido, o maior da oposição, realizar uma campanha eleitoral "digna desse nome".
O apelo consta de uma mensagem que está a ser enviada a militantes e população, assinada pelo vice-presidente do partido, Raúl Danda, que é também o número dois da lista da UNITA às eleições gerais e, por isso, candidato, por eleição indireta, ao cargo de vice-presidente da República.
Na mensagem, à qual a agência de notícias Lusa teve acesso este sábado (10.06), Raúl Danda afirma que os angolanos "têm estado a viver momentos de verdadeiro sacrifício, com carências de tudo ou de quase tudo" e que "é urgente mudar a situação".
"Neste momento, a UNITA é indubitavelmente a força política melhor posicionada para operar essa mudança, para que os angolanos conheçam dias melhores. Mas, para isso, a UNITA precisa urgentemente de meios financeiros que lhe permitam realizar uma campanha eleitoral digna desse nome", escreve o vice-presidente do partido liderado por Isaías Samakuva, que concorre ao cargo de Presidente da República.
Governo já está a apoiar partidos
A Lusa noticiou na última quinta-feira (08.06) que as seis forças políticas angolanas com listas aprovadas às eleições gerais vão receber do Estado mais de 5,5 milhões de euros para financiamento da campanha eleitoral.
Segundo um decreto assinado pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, a que a Lusa teve acesso, a verba aprovada é para "financiamento, de modo equitativo, da campanha eleitoral dos partidos ou coligações de partidos políticos com as candidaturas definitivamente aprovadas pelo Tribunal Constitucional".
A verba em causa é fixada em 1.040 milhões de kwanzas (5,5 milhões de euros), de acordo com o documento, que aprova igualmente a abertura de um crédito adicional ao Orçamento Geral do Estado para o Ministério das Finanças, "para o pagamento da referida despesa".
Eleições
A UNITA vai figurar na primeira posição do boletim de voto nas eleições gerais de 23 de agosto, tal como aconteceu na votação de 2012. O sorteio realizado na terça-feira pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), em cerimónia presenciada pelos mandatários das seis formações políticas que concorrem às eleições deste ano, colocou na segunda posição a Aliança Nacional Patriótica (APN).
A terceira posição é ocupada pelo Partido de Renovação Social (PRS), seguido do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder desde 1975, da Frente Nacional para Libertação de Angola (FNLA) e da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE).
Angola contará com 9.317.294 eleitores nas eleições gerais de agosto, segundo dados oficiais que o Ministério da Administração do Território entregou à Comissão Nacional Eleitoral.
O eterno segundo lugar: uma vida na oposição em África
Não são apenas os presidentes que não mudam durante décadas nalguns países africanos. Também os chefes da oposição ocupam o cargo toda a vida, vedando o caminho às novas gerações. Conheça alguns eternos oposicionistas.
Foto: Reuters
O guerrilheiro moçambicano
Afonso Dhlakama é um veterano entre os oposicionistas africanos de longa duração. Em 1979 assumiu a liderança do movimento de guerrilha Resistência Nacional Moçambicana, RENAMO. Este tornou-se num partido democrático. Mas Dhlakama é famoso pelo seu tom combativo. Por vezes ameaça pegar em armas contra os seus inimigos. E concorreu cinco vezes sem sucesso à presidência do país.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Catueira
Morgan Tsvangirai - o resistente
O ex-mineiro tornou-se num símbolo da resistência contra o Presidente vitalício do Zimbabué, Robert Mugabe. Foi detido, torturado, sofreu fraturas do crânio e uma vez tentaram, sem sucesso, atirá-lo do décimo andar de um edifício. Após as controversas eleições de 2008, o líder do Movimento pela Mudança Democrática chegou a acordo com Mugabe sobre uma partilha do poder.
Foto: Getty Images/AFP/J. Njikizana
O primeiro jurista doutorado na RDC
Étienne Tshisekedi foi nomeado ministro da Justiça antes de terminar o curso. Só mais tarde se tornou no primeiro jurista doutorado da República Democrática do Congo. Teve vários cargos na presidência de Mobuto, mas tornou-se crítico do regime. Foi preso e obrigado a abandonar o país. Liderou a oposição de 2001 até a sua morte em fevereiro de 2017. Perdeu as eleições de 2011 contra Joseph Kabila.
Foto: picture alliance/dpa/D. Kurokawa
Raila Odinga: a política fica em família
Filho do primeiro vice-presidente do Quénia, Raila Odinga nunca escondeu a ambição de um dia assumir a presidência. Foi deputado ao mesmo tempo que o pai e o irmão. Mas não se pode dizer que seja um militante fiel de algum partido: já mudou de cor política por quatro vezes. Após a terceira derrota nas presidenciais de 2013, apresentou queixa em tribunal contra o resultado e ... perdeu.
Foto: Till Muellenmeister/AFP/Getty Images
O Dr. Col. Kizza Besigye do Uganda
Besigye já foi um íntimo de Museveni, para além do seu médico privado. Quando começou a ter ambições de poder, transformou-se no inimigo número um do Presidente do Uganda. Foi repetidas vezes acusado de vários delitos, preso e brutalmente espancado em público. Voltou a candidatar-se nas presidenciais de maio de 2016, durante as quais ocorreram novamente distúrbios violentos.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Kurokawa
Juntos por um novo Chade
Saleh Kebzabo (esq.) e Ngarlejy Yorongar são os dois rostos mais importantes da oposição no Chade. Embora sejam de partidos diferentes, há muitos anos que lutam juntos pela mudança política no país. Mas desavenças no ano de eleições 2016 enfraqueceram a aliança. A situação beneficiou o Presidente perene Idriss Déby, que somou nova vitória eleitoral.
Foto: Getty Images/AFP/G. Cogne
O Presidente autoproclamado
Desde o início da sua atividade política que Jean-Pierre Fabre se encontra na oposição do Togo. O líder da “Aliança Nacional para a Mudança” concorreu por duas vezes à presidência. Após a mais recente derrota, em abril de 2015, rejeitou os resultados do escrutínio e autoproclamou-se Presidente. Sem sucesso.
O pai foi Presidente do Gana na década de 70. Nana Akufo-Addo demorou muitos anos até seguir-lhe as pisadas. Muitos ganeses não levam muito a sério as tentativas desesperadas para chegar à presidência, tendo dificuldades em identificar-se com este membro das elites. Mas em novembro de 2016, Akufo-Addo candidatou-se pela terceira vez e venceu as eleições. Desde janeiro de 2017 é Presidente do Gana.