1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Eleições em Angola: Consultora considera vitória do MPLA

Lusa
2 de julho de 2022

Consultora Eurasia considera que o MPLA vai vencer as eleições de agosto em Angola, mas pela margem mais pequena de sempre, levando João Lourenço a ter de apostar na melhoria das condições sociais dos angolanos.

Angola Wahlkampf 2017 | MPLA Joao Lourenco
João Lourenço em 2017, durante campanha eleitoral (foto de arquivo).Foto: picture alliance / Photoshot

"As eleições de 2022 vão provavelmente ser as mais disputadas desde que o país se tornou independente, devido aos danos reputacionais ao Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), bem como à periclitante campanha anticorrupção e ao progresso lento das reformas lançadas por João Lourenço", escrevem os analistas da consultora Eurasia.

Numa análise sobre as eleições de agosto em Angola, a diretora do departamento africano da Eurasia, Shridaran Pillay, e a investigadora Jeanne Ramier escrevem que, "se for eleito", concluem, "João Lourenço terá provavelmente de aumentar o foco na melhoria das condições sociais, especialmente se o resultado for dececionante na eleição, ao mesmo tempo que terá de manter os compromissos assumidos com o Fundo Monetário Internacional, como remover os subsídios".

Na análise às eleições, as investigadores escrevem que "o apelo do partido no poder, largamente alicerçado no papel histórico da luta de libertação e da guerra civil, está a desvanecer-se, já que os eleitores mais jovens, que não viveram a guerra e são indiferentes a esta narrativa, estão mais preocupados com a educação, o desemprego, a falta de oportunidades económicas e os cuidados de saúde".

Angola, que futuro? "Vou votar porque quero melhorias"

01:49

This browser does not support the video element.

"Geração pós-guerra"

As eleições, agendadas para 24 de agosto, são as primeiras em que a geração nascida depois da guerra vai poder votar, e será também a primeira em que a diáspora poderá exercer o direito de voto.

"Não há uma indicação clara sobre quem a maioria da diáspora apoia, o que torna estes eleitores importantes de seguir", escrevem as analistas.

A Eurasia antevê uma vitória do MPLA, mas por uma margem mais estreita, "mantendo a tendência que se acelerou nas últimas eleições", e considera que "não é certo que o MPLA consiga manter a maioria absoluta e o direito de, sozinho, mudar a Constituição", o que se torna menos importante dado que não é possível alterar a lei fundamental nos próximos nove anos.

Nesta imagem, um comício realizado em maio de 2021, em Luanda, liderado por Adalberto Costa Júnior, UNITA, o principal partido da oposição angolana.Foto: JULIO PACHECO NTELA/AFP

"Autarquias"

As eleições municipais do próximo ano, consideram, "serão o principal motivo de combate político e um grande teste para o MPLA", já que a oposição pode ganhar algumas autarquias importantes, "obrigando o MPLA a, de alguma maneira, ter de partilhar o poder" com a UNITA.

Para a Eurasia, um segundo mandato de João Lourenço será marcado pela continuidade das políticas: "O Presidente está empenhado na reforma da economia e vai continuar a sua agenda sobre a estabilidade macroeconómica, consolidação orçamental e privatizações", apontam, notando que uma das prioridades será "diversificação da economia e o desenvolvimento da agricultura e da mineração, ao mesmo tempo que combate o declínio da produção de petróleo".

O próximo governo, continua a Eurasia, terá múltiplos desafios, entre os quais se contam "o alto desemprego, inflação galopante, elevado custo de vida, aumento das greves e protestos, pedidos de democratização e a crise humanitária no sul do país".

As eleições legislativas e presidenciais estão marcadas para 24 de agosto.