Do Kwanza Norte, Zaire e Malanje chegam relatos de irregularidades durante as eleições gerais. Enquanto se aguarda a publicação dos resultados, contam-se as queixas de eleitores, ativistas e delegados dos partidos.
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"Tudo correu na normalidade": é desta forma que o correspondente da DW África resume o dia das eleições gerais na província do Kwanza Norte. Em Ndalatando, no entanto, António Domingos diz que há um "tumulto" a assinalar. Ao fim do dia, nas assembleias de voto 4.109 e 4.110, os ânimos exaltaram-se quando os presidentes se recusaram a afixar as atas síntese da votação, "o que criou desconfiança nos eleitores".
O movimento "Votou, sentou" decidiu intervir e as autoridades "deram razão à poplulação", acabando por afixar os documentos.
"Um outro dado negativo", continua, "foi o carregamento do material logístico por viaturas que não pertencem à comissão provincial eleitoral do Kwanza Norte". Segundo o jornalista, o representante da UNITA na província acabou por aceitar a situação, "depois da afixação das atas síntese".
Horas antes, o maior partido da oposição angolana denunciava a detenção do secretário provincial da Juventude Revolucionária de Angola no Kwanza Norte, que também é candidato a deputado à Assembleia Nacional. Edvaldo Cabral terá sido detido por alegadamente influenciar alguns eleitores.
Também da província do Bengo chega a denúncia da detenção de seis delegados de lista da UNITA no município de Nambuangongo, alegadamente por estarem na posse de atas eleitorais falsas. Segundo a UNITA, as cópias dos cadernos eleitorais e atas simuladas que alguns delegados de lista levaram para as assembleias de voto serviriam para um melhor controlo.
Zaire "ordeiro e cívico"
Em Mbanza Congo, capital provincial, as eleições decorreram de forma ordeira e cívica, descreve o correspondente da DW, Firmino Chaves. 259 assembleias de voto e 566 mesas foram preparadas nos seis municípios que compõem a província para receber 320 mil eleitores. Segundo a UNITA, no entanto, duas assembleias de voto na comuna da Kibala do Norte, município do Nzetu, não estavam a funcionar.
Firmino Chaves destaca o facto de os cidadãos que se fizeram as urnas terem acatado "o conselho das autoridades para abandonarem a assembleia após terem votado".
Por outro lado, aponta a deslocalização de assembleias de voto como um factor negativo no dia das eleições. Esta, foi de resto, uma das irregularidades denunciadas pelo secretário provincial da UNITA no Zaire, Pedro Francisco Ntanda.
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Deslocalizações e fome em Malanje
O problema afetou também a província de Malanje, segundo o correspondente da DW, Nelson Camuto. "Há relatos de deslocalização de eleitores das suas assembleias de voto. Por exemplo, os eleitores que podiam votar na assembleia do bairro Cafucufuco foram transferidos de última hora ao bairro Cabucuata. Em consequência, muitos não conseguiram votar", explica.
A porta-voz da CNE provincial, Teresa Gonçalves, em entrevista exclusiva à DW, garantiu que as autoridades vão investigar o sucedido. Questionada sobre o não credenciamento dos mandatários dos partidos políticos, a dirigente alegou que "não era necessário porque os delegados de lista já estavam a fiscalizar o processo".
Destaque ainda para as queixas dos delegados da oposição: "Todos reclamavam que estavam com fome. Muitos, já de noite, tiveram de percorrer longas distâncias a pé, porque as suas forças políticas não foram buscá-los", relata Nelson Camuto.
Durante o dia, na sede provincial de Malanje, registou-se ainda um desentendimendo numa assembleia de voto, depois de um cidadão ter denunciado que o seu boletim de voto teria sido preenchido por outro eleitor.
Angola: As eleições em imagens
Esta quarta-feira é dia de Angola decidir quem será o próximo Presidente e os deputados da Assembleia Nacional. A DW compilou as imagens desta manhã de eleições, no dia em que 14 milhões de angolanos vão às urnas.
Foto: Adolfo Guerra/DW
Longas filas no dia de decidir
As mesas de voto só abriram às 07h00, mas as filas para votar nas eleições mais disputadas de sempre em Angola começaram a formar-se bem cedo. Cabe aos eleitores decidir se "a força do povo" continua do lado do MPLA, mantendo no poder o partido que governa o país desde a independência, ou se dizem "sim" ao apelo de mudança da oposição liderada pela UNITA.
Foto: John Wessels/AFP
Oito partidos na corrida
Além dos rivais Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), concorrem Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Partido de Renovação Social (PRS), Aliança Patriótica Nacional (APN), Partido Nacionalista para a Justiça (P-NJANGO), Partido Humanista de Angola e a coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE).
Foto: António Cascais/DW
Madrugar para votar
Aos 79 anos, Adélia Namalange exerce hoje o seu direito de voto pela quinta vez. A idosa chegou às 5h00 à assembleia de voto número 9658, no município do Lobito, em Benguela, e esperou duas horas pela abertura das urnas, no dia que 14 milhões de angolanos decidem o futuro político do país.
Foto: Daniel Vasconcelos/DW
João Lourenço apela ao voto: "É Angola que ganha"
"Acabámos de exercer o nosso direito de voto, é rápido e é simples", disse João Lourenço, na assembleia de voto n.º 105, em Luanda, convidando os eleitores a fazerem o mesmo. No meio de uma enorme confusão de jornalistas que queriam registar o momento, o candidato do MPLA salientou que todos saem a ganhar: "É a democracia que ganha, é Angola que ganha."
Foto: AP Photo/picture alliance
Adalberto Costa Júnior critica processo
O líder da UNITA votou no bairro 28 de Agosto, em Luanda, onde foi fortemente aplaudido pelos eleitores presentes. "Fiquei satisfeito e votei no meio do meu povo e constatei que a votação está a ser feita sem cadernos eleitorais aos fiscais, apenas um caderno eleitoral na mesa", afirmou Adalberto Costa Júnior, que defendeu mais uma vez a afixação dos resultados nas assembleias de voto.
Foto: John Wessels/AFP
Manuel Fernandes "plenamente" confiante na vitória
Manuel Fernandes, o candidato da coligação Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), votou esta manhã no Bairro Militar, em Talatona, Luanda. Depois de votar, manifestou "plena confiança" no resultado eleitoral do atual terceiro partido com mais assentos no parlamento angolano.
Foto: Borralho Ndomba/DW
"Grande expetativa" de Nimi Ya Simbi é ganhar eleições
Nimi Ya Simbi, candidato da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), votou em Viana, um dos mais populosos municípios de Luanda. Minutos depois, Nimi disse que a sua "grande expetativa é ganhar as eleições." O líder da FNLA acredita que o seu partido "vai vencer" as eleições, "porque quem vai para o combate não vai para perder", tendo enaltecido o cumprimento do seu dever cívico.
Foto: Nelson Francisco Sul/DW
Benedito Daniel exorta à afixação das atas
O candidato do Partido de Renovação Social (PRS) exerceu o seu direito de voto no Instituto Superior Politécnico do Bita, em Luanda. Após votar, Benedito Daniel manifestou um "sentimento de alegria e de dever cumprido", exortando à afixação das atas sínteses nas assembleias. Disse também esperar que a CNE possa corresponder às expetativas dos eleitores.
Foto: DW/M. Luamba
Bela Malaquias insite em "humanizar" Angola
A líder do Partido Humanista de Angola (PHA), Florbela Malaquias, manifestou um "sentimento de realização" após votar e reiterou a promessa de humanizar Angola, "que se encontra completamente desumanizada em todos os sentidos", sublinhou a única mulher a liderar um partido político em Angola, depois de votar no bairro do Maculusso, distrito urbano da Ingombota, em Luanda.
Quintino Moreira, líder da Aliança Patriótica Nacional (APN), sem assento no Parlamento angolano, manifestou-se "otimista" em relação à obtenção de uma "bancada parlamentar vasta", para que não haja maiorias absolutas na "casa das leis", afirmou esta manhã, depois de depositar o seu voto numa assembleia de voto, em Talatona, perto da capital angolana.
Foto: Borralho Ndomba/DW
Dinho Chingunji contra "Votou, Sentou"
O candidato do Partido Nacional para a Justiça em Angola (P-Njango) considerou hoje as eleições como "ocasião soberana" para escolha dos governantes e exortou os eleitores a esperarem os resultados em casa, contrariando o movimento "Votou, Sentou". Chingunji, que votou no município do Kilamba Kiaxi, em Luanda, exortou "os cidadãos a regressarem para as suas casas e a esperar pelos resultados".
Foto: Borralho Ndomba/DW
CNE diz que está tudo a funcionar
A Comissão Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que as 13.238 assembleias de voto espalhadas pelos 164 municípios angolanos "estão abertas e em perfeito funcionamento" e "não há registo de qualquer incidente" que possa beliscar a votação. Também foram constituídas 45 mesas de voto no estrangeiro, para as quais foram recrutados 105.952 membros.
Foto: António Cascais/DW
UNITA denuncia irregularidades no Bengo
No Bengo, a UNITA chamou os jornalistas para denunciar supostas irregularidades na votação. De acordo com o partido do "galo negro", a CNE local está a proibir que os delegados de lista suplentes exerçam o direito de voto nas assembleias para as quais estão destacados, contrariando, desta forma, uma circular da própria Comissão Nacional de Eleições.
Foto: António Ambrósio/DW
Queixas de eleitores em Cabinda
A votação em Cabinda está a decorrer com alguma normalidade, mas com várias queixas por parte dos eleitores que dizem desconhecer as suas mesas de voto. Os cidadãos são obrigados a percorrer longas distâncias para votar, já que foram colocados em pontos longínquos da província e da capital. E há delegados de lista de partidos que não foram credenciados.
Foto: Simão Lelo/DW
Delegados monitorizam processo
Delegados de lista dos partidos políticos controlam o processo de votação no Bairro da Cuca, em Luanda, a capital. Durante a campanha eleitoral, o polémico movimento "Votou, Sentou", propalado por alguns partidos e membros da sociedade civil, também pediu aos eleitores para permanecerem nas imediações das assembleias de voto.
Foto: Manuel Luamba/DW
O voto da diáspora em Portugal
O ator Daniel Martinho, a viver há cerca de 40 anos em Portugal, foi ao Consulado Geral de Angola em Lisboa votar, feliz por ser a primeira vez que foi dada à comunidade radicada no exterior a possibilidade de exercer o direito de voto. "Era uma aspiração que nos incomodava", contou à DW. "É uma forma de contribuirmos para um país melhor, porque nós na diáspora também fazemos Angola", precisou.