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Eleições em Angola: Irregularidades num dia "normal"

António Domingos (Ndalatando) | Nelson Camuto (Malanje) | Firmino Chaves (Mbanza Congo) | mjp
25 de agosto de 2022

Do Kwanza Norte, Zaire e Malanje chegam relatos de irregularidades durante as eleições gerais. Enquanto se aguarda a publicação dos resultados, contam-se as queixas de eleitores, ativistas e delegados dos partidos.

Assembleia de voto em Mbanza Congo, província do ZaireFoto: Firmino Chaves/DW

"Tudo correu na normalidade": é desta forma que o correspondente da DW África resume o dia das eleições gerais na província do Kwanza Norte. Em Ndalatando, no entanto, António Domingos diz que há um "tumulto" a assinalar. Ao fim do dia, nas assembleias de voto 4.109 e 4.110, os ânimos exaltaram-se quando os presidentes se recusaram a afixar as atas síntese da votação, "o que criou desconfiança nos eleitores".

O movimento "Votou, sentou" decidiu intervir e as autoridades "deram razão à poplulação", acabando por afixar os documentos.

"Um outro dado negativo", continua, "foi o carregamento do material logístico por viaturas que não pertencem à comissão provincial eleitoral do Kwanza Norte". Segundo o jornalista, o representante da UNITA na província acabou por aceitar a situação, "depois da afixação das atas síntese".

Horas antes, o maior partido da oposição angolana denunciava a detenção do secretário provincial da Juventude Revolucionária de Angola no Kwanza Norte, que também é candidato a deputado à Assembleia Nacional. Edvaldo Cabral terá sido detido por alegadamente influenciar alguns eleitores.

Também da província do Bengo chega a denúncia da detenção de seis delegados de lista da UNITA no município de Nambuangongo, alegadamente por estarem na posse de atas eleitorais falsas. Segundo a UNITA, as cópias dos cadernos eleitorais e atas simuladas que alguns delegados de lista levaram para as assembleias de voto serviriam para um melhor controlo.

Boletim de voto das eleiões gerais de 24 de agostoFoto: Siphiwe Sibeko/REUTERS

Zaire "ordeiro e cívico"

Em Mbanza Congo, capital provincial, as eleições decorreram de forma ordeira e cívica, descreve o correspondente da DW, Firmino Chaves. 259 assembleias de voto e 566 mesas foram preparadas nos seis municípios que compõem a província para receber 320 mil eleitores. Segundo a UNITA, no entanto, duas assembleias de voto na comuna da Kibala do Norte, município do Nzetu, não estavam a funcionar.

Firmino Chaves destaca o facto de os cidadãos que se fizeram as urnas terem acatado "o conselho das autoridades para abandonarem a assembleia após terem votado".

Por outro lado, aponta a deslocalização de assembleias de voto como um factor negativo no dia das eleições. Esta, foi de resto, uma das irregularidades denunciadas pelo secretário provincial da UNITA no Zaire, Pedro Francisco Ntanda.

Deslocalizações e fome em Malanje

O problema afetou também a província de Malanje, segundo o correspondente da DW, Nelson Camuto. "Há relatos de deslocalização de eleitores das suas assembleias de voto. Por exemplo, os eleitores que podiam votar na assembleia do bairro Cafucufuco foram transferidos de última hora ao bairro Cabucuata. Em consequência, muitos não conseguiram votar", explica.

A porta-voz da CNE provincial, Teresa Gonçalves, em entrevista exclusiva à DW, garantiu que as autoridades vão investigar o sucedido. Questionada sobre o não credenciamento dos mandatários dos partidos políticos, a dirigente alegou que "não era necessário porque os delegados de lista já estavam a fiscalizar o processo".

Destaque ainda para as queixas dos delegados da oposição: "Todos reclamavam que estavam com fome. Muitos, já de noite, tiveram de percorrer longas distâncias a pé, porque as suas forças políticas não foram buscá-los", relata Nelson Camuto.

Durante o dia, na sede provincial de Malanje, registou-se ainda um desentendimendo numa assembleia de voto, depois de um cidadão ter denunciado que o seu boletim de voto teria sido preenchido por outro eleitor.

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