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Liberdade de expressãoAngola

Jornalistas dizem ter recebido "mensagens intimidatórias"

19 de agosto de 2022

Alguns jornalistas dizem ter recebido esta mensagem no telemóvel: "Tudo o que postar, amanhã pode ser usado contra você". À DW, um dos profissionais visados queixa-se de intimidação, outro considera que é só um aviso.

Foto: DW / Helena Ferro de Gouveia

Há uma semana, o jornalista Ilídio Manuel recebeu uma mensagem no telemóvel que o deixou preocupado. O texto chamava a atenção para os posts do jornalista nas redes sociais: "Tudo o que postar, amanhã pode ser usado contra você".

A mensagem vinha supostamente do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social - é a informação que consta no remetente. Ao ler a mensagem, Ilídio Manuel ficou com uma série de perguntas. Mas o jornalista diz que de uma coisa não tem dúvidas, trata-se de uma intimidação.

"O objetivo é intimidar todos aqueles que, de certo modo, têm uma intervenção nas redes sociais" e que podem ter influência naquilo que foge ao controlo do Estado, afirma Manuel. "Neste momento, eles têm o controlo de toda a comunicação social pública. É natural que as redes sociais os preocupem".

Oposição é popular nas redes sociais

Angola vai a votos dentro de poucos dias. Uma das críticas frequentes feitas à imprensa pública é que dá mais espaço a reportagens sobre a campanha do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) e aos feitos do Governo de João Lourenço do que a matérias sobre outros partidos.

Enquanto isso, a oposição floresce nas redes sociais. A página no Facebook do cabeça de lista da UNITA, Adalberto Costa Júnior, tem mais de 400 mil seguidores ao passo que a de João Lourenço tem cerca de 278 mil.

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É também nas redes sociais que muitos angolanos têm expressado os seus desejos de alternância política. Mais uma razão para Ilídio Manuel encarar a mensagem que recebeu com desconfiança.

O jornalista diz que "não é da esfera de um órgão governamental esse tipo de atitude, isso compete às autoridades judiciais".

Mais denúncias

Ilídio Manuel não foi o único a receber a mensagem no telemóvel. Outros jornalistas também a receberam, incluindo Osvaldo Manuel. Mas o profissional diz que não vê a mensagem como uma intimidação.

Osvaldo Manuel diz que as referidas mensagens servem de chamada de atenção, ou um conselho, para saber o que se deve ou não publicar.

"Temos de ter cuidado com as redes sociais. Temos ser nós mesmos o filtro do que vamos publicar", até para prevenir o alastramento de notícias falsas, as chamadas "fake news", refere Osvaldo Manuel. "Não sinto uma intimidação, nem um coartar das liberdades dos cidadãos ou um ralhete. Eu pessoalmente sou patrão da minha consciência".

A DW África tentou ouvir o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social para confirmar se enviou realmente a mensagem e qual seria o seu propósito. No entanto, não foi possível obter declarações sobre o assunto.

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