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CPLP espera contribuir para "normalidade democrática"

22 de agosto de 2022

À DW, o chefe da Missão de Observação Eleitoral da CPLP em Angola, Jorge Carlos Fonseca, admite limitações na atuação dos observadores. E espera que os resultados "traduzam de forma genuína" a vontade dos cidadãos.

 Jorge Carlos Fonseca, chefe da missão de observadores da CPLP
Foto: DW/C. V. Teixeira

Os 29 membros da Missão de Observação Eleitoral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) já estão em Angola para fiscalizar o dia da votação, na quarta-feira (24.08). A maioria dos observadores ficará em Luanda, existindo ainda equipas de fiscalização nas províncias do Bengo, Cuanza Norte e Cuanza Sul.

O chefe da missão, o ex-Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, já se encontrou com as principais forças políticas que estão a disputar estas quintas eleições angolanas, para inteirar-se do andamento do processo.

Em entrevista à DW África, Carlos Fonseca mostra-se otimista em relação ao pleito e, admitindo as limitações do trabalho dos observadores, diz que a sua equipa irá trabalhar para que os resultados "traduzam de forma genuína a vontade dos angolanos".

O responsável considera ainda que "insatisfações, reclamações e queixas" fazem "parte do jogo competitivo democrático", mas pede confiança nos órgãos que gerem e organizam o processo eleitoral.

DW África: Como encara esta missão de fiscalizar uma das mais renhidas eleições em Angola?

Jorge Carlos Fonseca (JCF): É com uma expetativa positiva que estarei em Luanda para tentar contribuir modestamente para que o processo eleitoral decorra com normalidade democrática, entusiasmo, em jeito de festa, com todas as forças políticas com as mesmas possibilidades de transmitir as suas propostas e ideias e que, no final, feito o apuramento dos resultados, estes traduzam de forma genuína a expressão da vontade dos angolanos. Esse, digamos, é o nosso desejo e iremos trabalhar para isso.

DW África: Há algum receio da vossa parte sobre estas eleições?

JCF: Naturalmente que Angola tem um percurso próprio. Teve eleições em 1992, mas é um país que atravessou uma guerra civil. É um país com uma superfície enorme e tem, neste momento, 14 milhões de recenseados, com eleições que serão muito renhidas. É natural que haja alguma picardia política, que também é normal nas democracias pluralistas.

João Lourenço, do MPLA, recandidata-se à Presidência da República, mas o maior partido da oposição, a UNITA, exige alternância políticaFoto: António Cascais/DW

Nestes processos, há sempre insatisfações, reclamações e queixas. Mas tudo isso, de certa maneira, faz parte do jogo competitivo democrático. Nós preferimos ser otimistas e augurar que as coisas decorram bem, de forma a que as eleições sejam de facto realizadas em liberdade e que os resultados traduzam a vontade efetiva da maioria dos angolanos. Essa é a nossa expetativa, mas evidentemente que a observação eleitoral tem os seus limites e as suas regras.

DW África: Qual é a perceção que teve do povo angolano? Como é que os angolanos estão a encarar esse processo no terreno? Sente-se que se está a viver uma festa da democracia ou há indícios que possam fazer crer que as coisas possam correr mal?

JCF: É um clima de entusiasmo, de expetativas elevadas de uns e outros, de forte concorrência. Também há muitas ilusões e expetativas de todas as forças concorrentes. Há também um clima com reclamações e queixas de algumas forças políticas, mas eu creio que devemos confiar também nos órgãos que gerem e organizam o processo eleitoral e nas organizações que têm missões de observação eleitoral. 

Tudo isso poderá concorrer para que, no final, possamos todos dizer que terá valido à pena e que foi mais uma etapa importante no caminho que os angolanos estão a percorrer para construírem uma democracia pluralista e moderna, um Estado de Direito sólido. De forma que o país Angola, que tem imensos recursos e imensas potencialidades, possa pôr tudo isso ao serviço do progresso crescente de todos os angolanos, sem exceção.

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