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Angola: Movimento Revolucionário denuncia compra de votos

Adilson Liapupula
16 de agosto de 2022

O Movimento Revolucionário de Angola na província do Namibe denuncia a compra de votos - a 117 euros e em troca de alimentos. As autoridades dizem que são notícias falsas, mas o movimento garante ter provas.

Foto de arquivoFoto: Reuters/Grant Lee Neuenburg

Será que há voto antecipado na comuna do Kapangome, província do Namibe? O ativista angolano Pedro de Sousa acredita que sim.

Sousa é um dos responsáveis do Movimento Revolucionário de Angola no Namibe. Segundo o ativista, há cidadãos da comunidade Okuvale que têm estado a votar de forma antecipada em troca de bens alimentares e 51 mil kwanzas, o equivalente a 117 euros.

"Deparámo-nos com a situação no município da Bibala, onde o povo já está a votar muito antes do dia 24. Para o nosso espanto, também notámos no Caracul o que se sucede na Bibala", diz Pedro de Sousa.

Nas redes sociais, circularam vídeos onde cidadãos aparecem numa tenda e alguém os chama para ir buscar dinheiro. Veem-se ainda pessoas com o dedo indicador manchado de tinta indelével, a tinta que costuma ser usada nas eleições em Angola.

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A diretora do Instituto de Desenvolvimento Local diz que as acusações do Movimento Revolucionário de Angola são falsas.

Mera coincidência?

De acordo com a diretora do instituto, Nahole Araújo, a tinta indelével que aparece no dedo indicador dos cidadãos nos vídeos das redes sociais é a marca usada desde o ano passado para identificar os beneficiados pelo projeto Kwenda, um programa de apoio às famílias mais pobres.

"Como havia situações de famílias estarem hoje numa localidade e amanhã noutra, desde novembro que achámos que a alternativa era a tinta indelével, que agora é problemática porque a Comissão Nacional Eleitoral trabalha com as mesmas tintas", afirma Araújo. "Mas nós não entrámos em contacto com a CNE. Nós já estamos a trabalhar há um ano, para que a família que já foi paga não seja beneficiada uma segunda vez."

Sendo assim, o ativista Pedro de Sousa, do Movimento Revolucionário de Angola, diz que é uma grande coincidência. "Porque é que só agora é que, para as pessoas receberem alguns bens ou fundos do projeto Kwenda, têm que pintar dos dedos?", questiona.

A porta-voz da Comissão Provincial Eleitoral no Namibe, Desidéria Ndakupapo, assegura que não há voto antecipado na província, nem material eleitoral que esteja a ser distribuído antes do tempo.

"Ainda estamos a receber o material. E o material ainda não chegou às áreas", afirma.

Segundo Ndakupapo, ainda há muito por fazer até às eleições gerais de 24 de agosto: "Estamos a preparar os membros das mesas da Assembleia de Voto, estão a ser preparadas. Terminámos a formação, estamos a trabalhar no credenciamento dos delegados de listas dos partidos políticos ou coligações de partidos políticos. O processo não pode estar a acontecer agora, é impossível."

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