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Eleições em Angola: "Sr. Presidente, queremos um debate"

25 de julho de 2022

João Lourenço está a ser desafiado a participar num debate com os outros candidatos à Presidência da República de Angola, nas eleições gerais de agosto. Mas o cabeça de lista do MPLA ainda não respondeu ao repto.

Presidente do MPLA, João Lourenço (esq.), e líder da UNITA, Adalberto Costa JúniorFoto: AFP/Getty Images

No pontapé de saída da campanha eleitoral, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) lançou um repto ao Presidente João Lourenço. 

Num vídeo publicado nas redes sociais, o líder do maior partido da oposição no país, Adalberto Costa Júnior, convidou o cabeça de lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) para um debate.

"Após 46 anos de poder, o povo angolano está desejoso de ouvir e assistir a um verdadeiro debate. Porque é que está me deixando nesta espera que nos divide? Porque tem medo dos resultados das eleições? Não tenha medo", diz Costa Júnior.

Também com perguntas dos eleitores?

Sebastião Domingos António, estudante de Ciências Políticas, é um dos muitos eleitores que pedem a realização de um debate, não só entre os dois principais candidatos, mas com todos os cabeças de lista dos partidos que concorrem às eleições.

Segundo o estudante, os eleitores deveriam também ter a possibilidade de fazer perguntas aos políticos. "Seria interessante se esse debate fosse em direto e os populares pudessem intervir."

Nas redes sociais circula uma petição com o nome "Queremos um debate entre candidatos".

Mas o MPLA remete-se ao silêncio.

Contactado pela DW, o secretário-geral do partido, Paulo Pombolo, não atendeu as ligações, nem sequer respondeu às mensagens enviadas para o seu telemóvel.

Sebastião Domingos António não acredita que o MPLA participará num debate com candidatos de outros partidos. O estudante desconfia que João Lourenço tem medo de que o seu mandato à frente da Presidência da República seja examinado à lupa.

Esse silêncio "tem muito a ver com a sua péssima gestão durante os últimos cinco anos", diz.

Associação oferece-se para organizar debate

Nas últimas eleições, em 2017, também não houve debate, apesar de inicialmente João Lourenço se ter mostrado disponível.

A diretora executiva da Associação para Cidadania e Ensino de Qualidade (ACEQUA), Benvinda Aguiar, defende que já é tempo de se realizar um debate eleitoral em Angola, para os eleitores poderem escolher melhor no dia da votação, a 24 de agosto.

"Queremos ouvir o que os candidatos trazem de novo para a sociedade e principalmente para a juventude, que dizem estar frustrada, mas não está."

A associação de Benvinda Aguiar promoveu no sábado passado (23.07) um debate com vários políticos sobre como acabar com a intolerância política em Angola. O MPLA não participou no evento.

A ACEQUA mostra-se agora disponível para promover o debate entre os candidatos: "A associação vai promover vários debates antes, durante e depois das eleições para incutir na mente da sociedade a tolerância política", conclui Benvinda Aguiar.

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