Emmanuel Macron registou uma pesada derrota na segunda volta das legislativas em França, ao perder a sua maioria absoluta no Parlamento. Escrutínio foi marcado pelo forte progresso da esquerda e da extrema-direita.
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A coligação Ensemble!, que apoia Emmanuel Macron, elegeu 234 deputados, abaixo dos 289 necessários para alcançar a maioria absoluta, e a coligação de esquerda NUPES obteve 124 nas legislativas deste domingo (19.06), com 97% dos votos contados.
Segundo os dados divulgados no "site" do Ministério do Interior francês, com 97% votos contados, a coligação Ensemble! (Juntos!, em português) ficou em primeiro lugar, com 7.821.659 votos (38,33%), elegendo 234 deputados eleitos.
Em segundo lugar, a coligação de esquerda Nova União Popular Ecológica e Social (NUPES) -- que junta forças como a França Insubmissa, os socialistas, ecologistas e comunistas -- tem 124 deputados e 6.418.964 votos (31,46%).
Com 3.589.460 votos (17,59%), a União Nacional, de Marine Le Pen, obtém 89 deputados, uma progressão significativa se comparado com os resultados que tinha obtido nas últimas eleições legislativas, em 2017, quando tinha elegido oito deputados.
O partido de centro-direita Republicanos tem 61 deputados, um número suficiente para, em conjunto com a coligação presidencial, conseguir formar uma maioria governativa, que exige 289 deputados.
A estes partidos, acrescentam-se ainda as 'nuances' atribuídas a candidatos independentes: foram eleitos 22 deputados de provenientes de "diversas esquerdas", 10 "regionalistas" e outros 10 de "diversas direitas".
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Alianças para governar
Perante estes resultados, o Presidente francês, reeleito em abril para um segundo mandato, será forçado a procurar alianças para aplicar o seu programa de reformas para os próximos cinco anos, mas muito contestado pela generalidade das oposições.
A necessidade de procurar compromissos parlamentares, uma situação pouco habitual na política interna francesa, poderá conduzir o país uma instabilidade política crónica, assinalaram diversos observadores.
O "ultraje" sofrido pela maioria presidencial, segundo a expressão do diário Libération, foi reconhecida pelo ministro da Economia, Bruno Le Maire, que numa primeira reação garantiu que a França não será "ingovernável" e pediu o apoio aos membros da oposição de direita e de esquerda que coincidam com os principais pontos do programa de Macron para evitar o bloqueio do país.
"Peço aos que coincidem com estas ideias que assumam as suas responsabilidades e apoiem a única força que está em condições de governar a França", disse em declarações aos 'media'.
Uma posição posteriormente reforçada pela primeira-ministra, Elisabeth Borne, ao considerar que os resultados constituem um "risco para o país" e apelando a uma "maioria de ação" e à "união", prometendo "diálogo" da parte do Governo e do Presidente.
França devolve obras de arte ao Benim
Vinte e seis obras de arte do antigo Reino de Dahomey foram devolvidas ao Benim. Anteriormente, estiveram expostas no Museu du Quai Branly, em Paris.
Foto: Lois Lammerhuber/musée-du-quai-Branly
Uma exposição especial em Paris
Quase 130 anos depois de terem sido acrescentadas à coleção francesa, as obras de arte estão agora a ser devolvidas ao Benim, na África Ocidental. Antes da sua restituição, as obras do antigo Reino de Dahomey (situado no atual Benim) foram expostas numa exposição especial em Paris, de 26 a 31 de outubro.
Foto: Michel Euler/AP/dpa/picture alliance
Um reino temido
Dahomey, que existiu entre o século XVII até ao final do século XIX, foi um dos reinos africanos mais poderosos. Behanzin (na foto) é considerado o seu último governante independente, chegando ao poder através de estruturas tradicionais. Liderou a resistência nacional contra as tropas francesas quando estas invadiram o reino, em 1890.
Foto: picture alliance/Mary Evans Picture Library
As grandes estátuas reais
Em 1892, enquanto as tropas francesas conquistavam o país, vários artefactos - incluindo estas três estátuas reais - foram roubados do palácio real em Abomey e trazidos para França. Foram exibidas pela primeira vez no "Musee du Trocadero", antes de se mudarem em 2006 para o "Musee du Quai Branly". A construção do controverso museu custou mais de 235 milhões de euros.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Julien
Planos para as obras no Benim
No Benim, as obras de arte serão expostas pela primeira vez na casa do governador na cidade costeira de Ouidah, situada ao lado do Museu de História (foto). Seguidamente, passarão para a antiga cidade real de Abomey, onde será construído um museu inteiramente novo. O Benim, que se tornou independente em 1960, escreveu ao governo francês em 2016, exigindo a devolução das obras.
Foto: Stefan Heunis/AFP/Getty Images
Uma promessa cumprida
Em 2017, o Presidente francês Emmanuel Macron tinha-se comprometido a facilitar uma lei sobre a restituição da arte saqueada. Até então, os objetos culturais mantidos pela França estavam sujeitos a um quadro jurídico especial. Enquanto bens públicos, eram inalienáveis, independentemente das circunstâncias de aquisição. A lei que permite a transferência de coleções foi aprovada em 2020.
Foto: Ludovic Marin/AFP via Getty Images
A espada de El Hadj Omar
Para além da restituição das obras de arte beninenses, a França devolveu também em 2019 uma valiosa espada, que pertencia ao general e estudioso El Hadj Omar, ao que é hoje o Senegal. Foi a primeira restituição feita pela França a uma das suas antigas colónias. Nesta foto, o Presidente Macky Sall do Senegal (à direita) aceita a espada.
Foto: AFP Seyllou/AFP via Getty Images
Carpintaria valiosa
Para além das estátuas reais, outros objetos reais como ceptros e altares portáteis serão restituídas ao Benin. Esta cadeira real ricamente decorada será também devolvida à África Ocidental. Além do Benim, seis outros Estados africanos - Senegal, Mali, Chade, Costa do Marfim, Etiópia e Madagáscar - apresentaram pedidos de restituição à França.
Foto: Pauline Guyon/musée-du-quai-Branly
Património perdido
Estima-se que a Europa detenha 90% do património cultural material de África. Só em Paris, as coleções do Museu du Quai Branly contêm cerca de 70.000 obras de arte da África subsaariana. Mais de metade foram adquiridas durante o período colonial francês. Estão actualmente em curso investigações para determinar se foram injustamente obtidas.
Foto: Pauline Guyon/musée-du-quai-Branly
Entrega prevista para meados de novembro
Outros países da Europa comprometeram-se também a devolver a arte dos contextos coloniais aos seus países de origem. A Alemanha, por exemplo, quer devolver os chamados bronzes do Benim à Nigéria a partir de 2022. Em França, o Presidente Macron vai assinar os documentos oficiais de entrega ao Benim no dia 9 de novembro. Espera-se que as obras de arte cheguem ao país brevemente.