A uma semana das eleições gerais em Moçambique, reina um grande clima de insegurança no seio dos cidadãos na província da Zambézia. A polícia já anunciou que não vai tolerar qualquer ato de violência.
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A uma semana das eleições gerais em Moçambique, reina um grande clima de insegurança no seio dos cidadãos na província da Zambézia. A polícia já anunciou que não vai tolerar qualquer ato de violência e que está disposta a fazer respeitar a lei para quem estiver perto das assembleia de voto no momento da contagem de votos.
Muitos habitantes da província da Zambézia já temem o desenrolar do processo de votação no próximo dia 15 de outubro, porque consideram que com uma campanha muito tensa como foi até agora, as perspetivas não serão as melhores, a não ser que a polícia redobre a vigilância e imponha com mais firmeza a sua atuação contra os desmandos que têm ocorrido na região.
Situação não inspira confiança
Vários cidadãos abordados pela reportagem da DW África, esta segunda-feira (07.10.) dizem que a atual situação não inspira muita confiança junto dos eleitores....Para Maiquel Candrinho "as eleições serão um pouco problemáticas na medida em que a propaganda eleitoral feita pelos diferentes partidos tem sido muito violenta. Os partidos sentem-se muito pressionados pelos adversários e quando as caravanas se cruzam elas entram em confronto e isso pode-se prever que haverá muita uma violência no dia de votação. Já decidi que depois de votar regresso e fico sentado em casa porque aqui em Quelimane tem havido grupo de jovens que depois da votação ficam nas escolas a controlar a contagem dos voto e ás vezes há violência... não queremos violência".
Por seu turno, Abrão Lopes deixa claro que "o que tudo indica o ato de votação será violento... lamento bastante mas tenho que dizer...estou com medo de ir a uma das assembleias de voto, mas como votar é um dever cívico farei isso mesmo correndo riscos. Prevejo essas eleições com muitas agressões e portanto seria bom que a sociedade civil e os partidos políticos não só apelassem ao voto mas também sensibilizassem as pessoas para que sejam pacíficas", sublinhou.
Polícia anuncia medidasEnquanto o medo dos eleitores da Zambézia aumenta com o aproximar da data da votação, o comando da Policia na província convocou os jornalistas para dar a conhecer as medidas de segurança que a corporação já adotou.
Eleições em Moçambique: A uma semana da votação aumentam receios de violência na Zambézia
Segundo Sidner Lonzo, porta-voz da polícia na Zambézia "não iremos permitir que depois do individuo votar permaneça na área que a lei não permite, ou seja muito próximo das assembleias de voto. Iremos reprimir todo e qualquer cidadão que no processo de contagem de voto esteja nas imediações dos locais de votação...por isso apelamos a população a manifestar-se pacificamente nas passeatas dos partidos políticos mas que no dia da votação essa mesma população participe em massa na votação e depois regresse imediatamente ao local de residência". Recorde-se, que tem sido frequentes confrontos entre a policia e populares durante esta campanha na província da Zambézia, mas para Sidner lonzo, foram registados, em comparação com outras províncias poucos ilícitos eleitorais.
"Registamos sete casos de ilícitos eleitorais e três indivíduos detidos, os casos de ilícitos tem haver com a destruição de
material propagandístico e uma agressão física".
Campanha eleitoral em Moçambique: Província a província
Campanha em Moçambique: Província a província
Foto: DW/B. Jequete
Niassa: Província lembrada em período de campanha
Em época de conquistar os eleitores a oposição lembra-se que esta província do norte é marginalizada. O potencial agrícola também é chamado nos discursos dos partidos políticos. Os eleitores dizem que basta de promessas não cumpridas e manifestam desejo de ver a província, considerada esquecida, desenvolvida.
Foto: DW/M. David
Cabo Delgado: Campanha em palco de ataques armados
Há mais de dois anos que esta província do norte é alvo de ataques armados organizados por homens até ao momento sem face. Caça ao voto em solo molhado de sangue e clima de terror não é com certeza a todo vapor. Mas os partidos, em áreas seguras, seguem com suas promessas. Na terra do futuro, pois alberga uma das maiores reservas de gás do mundo, os jovens exigem emprego.
Foto: DW/D. Anacleto
Nampula: Tragédia em comício da FRELIMO
Mais de 10 mortos e 85 feridos foi o saldo do evento de campanha da FRELIMO no estádio 25 de junho. Mesmo assim a FRELIMO e o seu candidato não interromperam a caça ao voto, num gesto de luto. Mas reagiu imediatamente, prometendo entre outras coisas o acompanhamento aos familiares das vítimas. Aguarda-se pelo apuramento das responsabilidades. Desconfia-se que aspetos de segurança tenham falhado.
Foto: DW/S. Lutxeque
Zambézia: Ato macabro mancha caça ao voto
Nesta província a mobilização do eleitorado é grande, por isso a festa também é em grande. E é com a mesma proporção que desponta a violência eleitoral. Até ao momento o incêndio criminoso da casa da mãe do candidato da RENAMO às provinciais, Manuel de Araújo, é a maior mancha do processo na província central. A RENAMO acusa a FRELIMO de autoria, mas o partido no poder nega.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Tete: Desenvolvimento é a tónica de campanha
Os dois principais partidos, FRELIMO e RENAMO, contam promover o desenvolvimento da província central usando os recursos que a região oferece. Já o MDM dá ênfase à saúde.
Foto: Sérgio Vinga
Manica: Proximidade com o eleitor
Tal como em todo o país, as regras de afixação de cartazes eleitorais não são respeitadas nesta província central. Mas esta não é a única forma de propaganda usada pelas formações políticas, como é habitual, os candidatos vão ao encontro do eleitor com os panfletos nas mãos.
Foto: DW/B. Chicotimba
Sofala: Ciclone Idai faz mudança climática ser prioridade
O Idai atingiu duramente a província central em meados de abril. Até hoje o país não se refez completamente das suas consequências. O evento está a ser aproveitado para conseguir votos. Os partidos estão a prometer a um eleitorado recém afetado medidas para minimizar os impactos das alterações climáticas.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Inhambane: As ameaças de ex-guerrilheiros da RENAMO
É em época de caça ao voto que os guerrilheiros da RENAMO acantonados na base de Matokose, nesta província do sul, fazem ameaças. Justificam que estão descontentes com a sua liderança. Garantem que têm muito armamento, que deveria ter sido entregue às autoridades até o 21 de agosto. É neste contexto que os partidos vão trabalhando junto do eleitorado.
Foto: DW/Luciano da Conceição
Gaza: Campanha sob o espectro da desconfiança de fraude
A caça ao voto nesta província do sul acontece mesmo sem que o caso da disparidade de números de eleitores apresentados pelo INE e STAE tenha sido resolvido. A suspeição em relação à Gaza é grande. Neste bastião da FRELIMO, onde a oposição costuma ser alvo de violência, as ações de campanha decorrem até agora com tranquilidade.
Foto: DW/C.A. Matsinhe
Maputo: Promessas ajustadas ao eleitor urbano
Redução do IVA e combate à corrupção são algumas das promessas da oposição nesta província do sul. As fraquezas do Governo da FRELIMO têm servido, até certo ponto, de armas para a RENAMO e MDM nesta campanha. Também promessas de mais emprego para uma região densamente povoada por jovens não faltam. Já a FRELIMO prefere continuar a apostar, entre outras coisas, na continuidade.