Andre Magibiri é o novo secretário-geral da RENAMO
Sitoi Lutxeque (Nampula)
29 de abril de 2019
Ossufo Momade garante que a RENAMO vai vencer as eleições de outubro, em Moçambique. Reunidos em Nampula, membros do conselho nacional do partido definem estratégias eleitorais e denunciam irregularidades.
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A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal partido da oposição, garante que vai vencer as eleições de outubro próximo. A garantia foi dada esta segunda-feira (29.04) pelo líder do partido, Ossufo Momade, na segunda sessão ordinária do Conselho Nacional do partido, em Nampula – uma reunião onde também foi eleito André Majibiri para o cargo de secretário-geral da RENAMO em substituição de Manuel Bissopo, que cessou funções em janeiro.
Mobilizar eleitores para o processo de recenseamento eleitoral é uma das principais estratégias definidas pela RENAMO para vencer as próximas eleições de 15 de outubro. Para tal, Ossufo Momade exorta os seus membros - da base ao topo - a trabalharem nas comunidades e mobilizarem os cidadãos.
O líder da RENAMO fez estes pronunciamentos a partir da serra da Gorongosa, onde está aquartelado, na abertura da segunda sessão ordinária do Conselho Nacional, na cidade de Nampula.
"Estamos certos que a vitória vem do sacrifício. Por isso, apelamos a todos os quadros, membros e militantes do partido, a dar o seu máximo na mobilização de para que os potenciais eleitores adiram massivamente aos postos de recenseamento eleitoral de modo a concretizar o grande imperativo nacional; a vitória esmagadora, retumbante e asfixiante da RENAMO", exortou.
Irregularidades
Ossufo Momade denuncia ainda irregularidades em postos de recenseamento de várias províncias. Sem avançar detalhes, o líder da RENAMO disse que o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) tem apadrinhado essas situações, e teme que a RENAMO saia prejudicada com isso.
Por isso, Momade pede a demissão do diretor-geral do STAE, Felisberto Naife, e apela "a Comissão Nacional de Eleições para desmantelar essas práticas que são uma violação à legislação eleitoral de modo que o processo eleitoral seja o mais transparente e abrangente".
Por outro lado, apesar de a RENAMO ter conseguido enquadrar 14 oficiais nas Forças Armadas de Moçambique e já ter encaminhado ao Governo a lista de 10 oficiais para ocuparem posições de chefia na polícia moçambicana, Ossufo Momade reitera que o seu partido fará de tudo para que os outros oficiais generais sejam integrados no Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), na Força aérea, Marinha de Guerra e nas instituições de ensino das Forças de Defesa e Segurança.
Eleições em Moçambique: "A vitória da RENAMO vem do sacrifício"
"Esperamos que o Governo torne este processo de enquadramento mais célere e flexível, sobretudo que seja feito de boa fé, de modo a construirmos uma paz efetiva e uma verdadeira reconciliação nacional", afirmou o líder da RENAMO.
Dhlakama, "herói nacional"
A poucos dias do aniversário de um ano da morte do antigo líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, a 3 de maio, Momade quer que o líder histórico da RENAMO Afonso Dhlakama seja considerado herói nacional, por ter contribuído para a democracia multipartidária em Moçambique.
Segundo Ossufo Momade, "orientamos ao Conselho Jurisdicional do partido. Com a devida urgência, para conceber e submeter à instância de direito o projeto de lei que eleva a figura do saudoso presidente Afonso Dhlakama à categoria de herói nacional, marcando para sempre a forma indelével a sua vida e obra".
A reunião em Nampula, que decorre sob o lema "RENAMO unida, rumo à vitória", acontece numa altura em que há uma aparente divisão no seio de alguns membros, sobretudo os da província central de Sofala. Arnaldo Chalaua, porta-voz do segundo Conselho Nacional do partido, assegura, no entanto, que o partido está unido.
Guerrilheiras da RENAMO aguardam paz e reintegração
A desmilitarização também se faz no feminino. As mulheres estão prontas para entregar as armas, assegura a Liga Feminina da RENAMO, e aguardam com expetativa a reintegração nas forças governamentais.
Foto: DW/M. Mueia
Na expetativa do acordo
Muitas mulheres na RENAMO são guerrilheiras e aguardam a sua reintegração social. Estão interessadas em entregar as armas e exercerem outras atividades profissionais. Esperam pelo acordo final entre as principais partes envolvidas no processo de deliberação, neste caso as bancadas parlamentares da RENAMO e A FRELIMO.
Foto: DW/Marcelino Mueia
O aguardado regresso à vida civil
Teresa Abdul, da província do Niassa, começou a combater quando tinha apenas 14 anos. Aguarda o desarmamento e o regresso à vida civil com muita expectativa. “Este processo é muito melhor. Temos muitas pessoas que passaram pela guerra, lutaram, mas até agora não estão a ser reintegradas nos seus lugares, é triste. Caso este processo ocorra, estaremos agradecidos porque todos estarão na linha”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Luta de quase quatro décadas
As mulheres do maior partido da oposição comemoraram o 38º aniversário da criação da Liga Feminina a 5 de Julho de 2018. As celebrações a nível nacional tiveram lugar na província moçambicana da Zambézia, juntando representantes do partido oriundos maioritariamente das províncias.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Que se cumpra o acordo feito com Dhlakama
Albertina Naene, ex-guerrilheira, ingressou nas fileiras militares da RENAMO com apenas 13 anos. Hoje, com 46, apela ao Presidente para prosseguir com os acordos de cessação definitiva das hostilidades militares."O Governo da FRELIMO está a atrasar o processo. Deveria cumprir o que ficou acordado com o presidente Dhlakama. Queremos que aqueles nossos irmãos saiam para virem conviver connosco”.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Encontros para motivar e mobilizar apoiantes
A morte do líder da RENAMO não significa o fim do regime partidário. As autoridades políticas da RENAMO na província da Zambézia, têm mantido encontros constantes depois da morte de Afonso Dhlakama. Os encontros não visam apenas traçar planos de atividade para as delegações distritais e membros do partido, também servem para motivar os seus simpatizantes e eleitores.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Maria Inês Martins - presidente da Liga da Mulher da RENAMO
Para a presidente da Liga da Mulher da RENAMO, a integração dos guerrilheiros nas forças governamentais podia começar pelos que, depois dos acordos de paz de 1992, foram integrados e depois afastados “sem justa causa”. “Foram desmobilizados e despromovidos, a outros foram dadas reformas compulsivas. Esta seria uma prova de que o Presidente Nyusi está disponível para cumprir o que acordaram".
Foto: DW/M. Mueia
O desejo de uma vida em paz
Populares querem paz, para continuar a produzir comida, dizem as vendedeiras ao longo da estrada EN1 em Malei, distrito de Namacurra, na Zambézia. Apesar da zona não ter sido afetada pelo conflito no ano passado, algumas vendedeiras dizem que
temiam a situação. Dormiam em prontidão, com malas preparadas para abandonarem as suas casas, em caso de conflito.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Partido "envelhecido"
A RENAMO, continua a ser um partido político com muitos membros idosos. De acordo com o politólogo Ricardo Raboco, a derrota da RENAMO nos pleitos eleitorais está também associada a este fator. Mas o politólogo também opina que, em Moçambique, os mais velhos são mais fiéis à RENAMO e poucos emigram para outras formações políticas. E há cada vez mais idosos a filiar-se pela RENAMO.