Na Zambézia, centro de Moçambique, analistas dizem que a campanha arrancou num ambiente de civismo. Representantes da sociedade civil apelam à paz. Os observadores não apontam nenhum favorito ao cargo de governador.
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Os cabeças-de-lista dos três principais partidos são Manuel de Araújo, da RENAMO, Pio Matos, da FRELIMO, e Luís Boa Vida, do Movimento Democrático de Moçambique.
Construir fábricas, restaurar a riqueza da província, melhorar a vida da população - são estas algumas das promessas dos candidatos a governador na província da Zambézia.
No campo de futebol do bairro Chirangado, em Quelimane, o candidato do maior partido da oposição, a RENAMO, prometeu investir na indústria se for o escolhido para governar a Zambézia: "Desde 1975 quantos anos passaram? 44 anos que este pais está independente, mas nós nunca tivemos a possibilidade de escolher um filho nosso para dirigir a província. A Zambézia era a província mais rica do país, cerca de um terço da riqueza deste pais era produzida na Zambézia!", afirmou Manuel de Araújo.
Desenvolvimento e união da província
Também na cidade de Quelimane, no campo de futebol da Sagrada, Pio Matos, da FRELIMO, apelou ao desenvolvimento e
à união da província: "Meus irmãos, minhas irmãs, meus amigos, esta caminhada deve ser de paz, juntos e unidos vamos combater a pobreza, vamos criar riqueza e vamos desenvolver a nossa província", afirmou o candidato do partido no poder.
"População e Gorué motivada"
Já Luís Boa Vida, do MDM, deu início à sua campanha longe da capital da província. No distrito de Gurué, norte da Zambézia, o candidato a governador do Movimento Democrático de Moçambique contou com a ajuda de Daviz Simango, presidente do partido. "A população do Gurué é do MDM e esta motivada!", disse Simango. E adiantou: "O essencial é que o cidadão moçambicano às urnas dia 15 de Outubro e vote no MDM, pois onde o MDM Governa a vida da população melhora."
As caravanas e cortejos políticos dos primeiros dias de campanha decorreram sem incidentes. Um bom sinal, na opinião do politólogo Ricardo Raboco: "Comparativamente aos processos passados este arranque é de salutar. O nível de proteção das caravanas é agora muito mais elevado que nos anteriores processos eleitorais."
O analista, ouvido pela DW, é de opinião que esta segurança reforçada é um importante mecanismo que permite a prevenção de conflitos entre grupos pertencentes aos diferentes partidos políticos. "Medidas de segurança numa luta eleitoral inédita que promete ser renhida", conclui Ricardo Raboco.
Zambézia: Início de campanha eleitoral com apelos à paz
Habitantes da Zambézia não poupam críticas
Entretanto, alguns cidadãos da Zambézia, ouvidos pela DW África, denunciam ilícitos eleitorais: "Gostaria que as eleições decorressem bem sem luta desonesta: alguns partidos tapam os cartazes dos outros, colam panfletos na bandeira dos outros, isso não é bom", diz Feliz Mussa. E Franquilim Júlio exprime o seguinte desejo: "Gostaria que a campanha fosse boa, pacifica e tranquila, para que, quando chegarmos à fase da votação, possamos votar sem confusão".
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.