Heique Sitoe, membro da Assembleia Municipal da vila de Mandlakazi e candidato a deputado da Assembleia da República, foi restituído à liberdade esta terça-feira (17.09) . E fala de intimidação política.
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A Polícia da República de Moçambique (PRM), no distrito de Mandlakazi, na província de Gaza, libertou na tarde desta terça-feira (17.09) Heique Maria António Sitoe, membro da RENAMO e candidato a deputado da Assembleia da República que estava detido desde segunda-feira (16.09).
A detenção está supostamente ligada a publicação nas redes sociais, de mensagens do membro do maior partido da oposição nas quais criticava o que considerou ser uma atuação parcial da polícia no tratamento dos ilícitos eleitorais e na proteção da campanha dos partidos da oposição.
Heique Maria António Sitoe, membro da Assembleia Municipal da vila Autárquica de Mandlakazi e candidato a deputado da Assembleia da República, foi restituído à liberdade esta terça-feira (17.09) após a intervenção do gabinete Jurídico provincial da RENAMO liderado por Alfredo Muba.
Heique António Sitoe, confirmou à nossa reportagem que postou na sua conta de uma das redes socias, que o seu partido, a RENAMO, faria uma manifestação para repudiar a falta de seguimento pela polícia das denúncias sobre a destruição da propaganda política por indivíduos identificados.
Candidato a deputado da RENAMO detido na província de Gaza
E acrescentou que a veracidade desta informação irritou a corporação que o deteve, quando estava em plena campanha eleitoral.
Para Sitoe estas intimidações e detenções tornam a RENAMO mais visível na arena política moçambicana.
"Eu não estou preocupado com as pessoas que andam a prejudicar os membros da oposição porque isso tem motivações politicas, é perseguição o que está acontecer, mas quanto muito, isso vem para nos dar mais energia para continuarmos a trabalhar firmes”, disse Sitoe exemplificando que "vi ontem quando saí, que a população estava a vibrar por ver que estava fora, porque desempenho um papel muito importante para ela a nível do distrito de Mandlakazi... eu é que sou a solução dos problemas de todos eles junto com o partido RENAMO”.
Liberdade de expressão
Segundo o mandatário Provincial da RENAMO, Arnaldo Manhique a detenção foi ilegal à luz da lei e demonstra que a liberdade de expressão em Moçambique não é respeitada.
Com efeito, a detenção de um candidato a deputado da Assembleia da República viola a lei eleitoral que estabelece que nenhum candidato a deputado da Assembleia da República pode ser sujeito a prisão preventiva a não ser em caso de flagrante delito por crime doloso punível com pena de prisão maior.
Mesmo assim, afirma que a RENAMO" não vai intentar qualquer ação contra a polícia.
"Neste momento estamos preocupados com a campanha eleitoral, nós percebemos que foi uma tentativa de obstruir aquilo que são nossas atividades e toda a direção a nível da província parou para atender este caso. Isso implicou a alteração em termos da programação e para não voltarmos a nos perder nisso preferimos avançar”, assegura Manhique.
Cumprimento do mandado do tribunal judicial distrital
O Chefe do Departamento das Relações Públicas no Comando Provincial da PRM em Gaza, Carlos Macuácua, confirmou a soltura de Heique Maria Sitoe tendo acrescentado que a detenção pela corporação do candidato da RENAMO foi em cumprimento do mandado de captura emitido pelo tribunal judicial distrital de Mandlakazi.
Carlos Macuacua refere que caso a corporação em Mandlakazi não esteja a atuar contra os ilícitos eleitorais, os partidos devem recorrer aos grupos focais ou aos tribunais, afirmando que "ficamos assustados por vermos aquelas informações a circularem nas redes sociais, eles podiam recorrer ao tribunal eleitoral para provar que submeteram uma queixa e não teve nenhum auto levantado e se você perguntar quantas queixas meteram e que não foram levantados autos, acredito que não vão dizer-te”, disse o Macuácua.
Entretanto, os membros da RENAMO dizem-se agastados com a atuação da polícia e já recusaram ser escoltados durante as atividades da campanha no distrito, devido a sua inação diante de casos de perseguição supostamente protagonizada por membros pela FRELIMO.
Campanha eleitoral em Moçambique: Província a província
Campanha em Moçambique: Província a província
Foto: DW/B. Jequete
Niassa: Província lembrada em período de campanha
Em época de conquistar os eleitores a oposição lembra-se que esta província do norte é marginalizada. O potencial agrícola também é chamado nos discursos dos partidos políticos. Os eleitores dizem que basta de promessas não cumpridas e manifestam desejo de ver a província, considerada esquecida, desenvolvida.
Foto: DW/M. David
Cabo Delgado: Campanha em palco de ataques armados
Há mais de dois anos que esta província do norte é alvo de ataques armados organizados por homens até ao momento sem face. Caça ao voto em solo molhado de sangue e clima de terror não é com certeza a todo vapor. Mas os partidos, em áreas seguras, seguem com suas promessas. Na terra do futuro, pois alberga uma das maiores reservas de gás do mundo, os jovens exigem emprego.
Foto: DW/D. Anacleto
Nampula: Tragédia em comício da FRELIMO
Mais de 10 mortos e 85 feridos foi o saldo do evento de campanha da FRELIMO no estádio 25 de junho. Mesmo assim a FRELIMO e o seu candidato não interromperam a caça ao voto, num gesto de luto. Mas reagiu imediatamente, prometendo entre outras coisas o acompanhamento aos familiares das vítimas. Aguarda-se pelo apuramento das responsabilidades. Desconfia-se que aspetos de segurança tenham falhado.
Foto: DW/S. Lutxeque
Zambézia: Ato macabro mancha caça ao voto
Nesta província a mobilização do eleitorado é grande, por isso a festa também é em grande. E é com a mesma proporção que desponta a violência eleitoral. Até ao momento o incêndio criminoso da casa da mãe do candidato da RENAMO às provinciais, Manuel de Araújo, é a maior mancha do processo na província central. A RENAMO acusa a FRELIMO de autoria, mas o partido no poder nega.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Tete: Desenvolvimento é a tónica de campanha
Os dois principais partidos, FRELIMO e RENAMO, contam promover o desenvolvimento da província central usando os recursos que a região oferece. Já o MDM dá ênfase à saúde.
Foto: Sérgio Vinga
Manica: Proximidade com o eleitor
Tal como em todo o país, as regras de afixação de cartazes eleitorais não são respeitadas nesta província central. Mas esta não é a única forma de propaganda usada pelas formações políticas, como é habitual, os candidatos vão ao encontro do eleitor com os panfletos nas mãos.
Foto: DW/B. Chicotimba
Sofala: Ciclone Idai faz mudança climática ser prioridade
O Idai atingiu duramente a província central em meados de abril. Até hoje o país não se refez completamente das suas consequências. O evento está a ser aproveitado para conseguir votos. Os partidos estão a prometer a um eleitorado recém afetado medidas para minimizar os impactos das alterações climáticas.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Inhambane: As ameaças de ex-guerrilheiros da RENAMO
É em época de caça ao voto que os guerrilheiros da RENAMO acantonados na base de Matokose, nesta província do sul, fazem ameaças. Justificam que estão descontentes com a sua liderança. Garantem que têm muito armamento, que deveria ter sido entregue às autoridades até o 21 de agosto. É neste contexto que os partidos vão trabalhando junto do eleitorado.
Foto: DW/Luciano da Conceição
Gaza: Campanha sob o espectro da desconfiança de fraude
A caça ao voto nesta província do sul acontece mesmo sem que o caso da disparidade de números de eleitores apresentados pelo INE e STAE tenha sido resolvido. A suspeição em relação à Gaza é grande. Neste bastião da FRELIMO, onde a oposição costuma ser alvo de violência, as ações de campanha decorrem até agora com tranquilidade.
Foto: DW/C.A. Matsinhe
Maputo: Promessas ajustadas ao eleitor urbano
Redução do IVA e combate à corrupção são algumas das promessas da oposição nesta província do sul. As fraquezas do Governo da FRELIMO têm servido, até certo ponto, de armas para a RENAMO e MDM nesta campanha. Também promessas de mais emprego para uma região densamente povoada por jovens não faltam. Já a FRELIMO prefere continuar a apostar, entre outras coisas, na continuidade.