Dois mortos durante a campanha eleitoral em Sofala
Arcénio Sebastião (Beira)
3 de setembro de 2019
Um membro da RENAMO e uma militante da FRELIMO foram mortos na província de Sofala pouco depois do arranque da campanha eleitoral em Moçambique, no sábado. Várias pessoas ficaram feridas devido a atos de violência.
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Na segunda-feira à noite (02.09), dois dias depois do início da campanha para as eleições gerais, um membro do maior partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), foi morto na localidade de Mafambisse quando regressava a casa após a jornada de campanha.
A RENAMO não comenta o caso em específico, mas alerta que, durante a campanha eleitoral, há constantemente perseguições e provocações aos seus membros.
"Há sempre uma provocação aqui, outra provocação ali. Há sempre um indivíduo metido no nosso seio para poder criar provocação ou um ambiente de instabilidade", afirma Geraldo Carvalho, porta-voz do partido.
Campanha eleitoral arranca sem incidentes em Manica
02:53
Assassinato de membro da FRELIMO
O outro caso deu-se na localidade de Mutua, onde uma militante da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) morreu esfaqueada no domingo (01.09). Um suspeito do ataque, de 31 anos de idade, está detido no Comando Distrital da Polícia da República de Moçambique no Dondo.
Não se conhecem ainda as motivações do assassinato da militante da FRELIMO, mas o suspeito é apontado como simpatizante da RENAMO.
"Aquele cidadão não se identificou pela cor partidária, mas presume-se que seja de um partido diferente do nosso", afirmou Jacobe Tiago, secretário de propaganda da FRELIMO em Dondo.
A família pede que seja feita justiça. A polícia diz que já foi aberto um processo-crime, mas só mais tarde avançará pormenores sobre o caso.
Desde o arranque da campanha eleitoral, no sábado (31.08), outras sete pessoas ficaram feridas em atos de violência na província de Sofala envolvendo membros e simpatizantes da FRELIMO e da RENAMO. As eleições gerais em Moçambique estão marcadas para 15 de outubro.
Eleições em Moçambique: A campanha em fotografias
Começou a campanha eleitoral em Moçambique. Candidatos prometem lutar contra a corrupção, criar empregos e melhorar o dia a dia dos moçambicanos. Eleições estão agendadas para 15 de outubro.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Promessas novas e antigas
Começou a "caça ao voto" em Moçambique. As eleições gerais estão marcadas para 15 de outubro e os candidatos à Presidência acenam aos eleitores com várias promessas: lutar contra a corrupção, melhorar as condições de vida do povo e a qualidade de ensino e criar mais empregos. Promessas novas, mas que também já se ouviram noutras eleições.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Nyusi contra "demagogias"
Filipe Nyusi recandidata-se ao cargo de Presidente. No arranque da campanha eleitoral, o candidato da FRELIMO criticou "demagogias" e assegurou que conhece as preocupações da população. Por isso, promete criar mais empregos e melhorar as escolas, as estradas e o setor da saúde.
Foto: DW/M. Sampaio
Ossufo Momade: Uma estreia
É uma estreia nestas eleições: o novo líder do maior partido da oposição em Moçambique, Ossufo Momade, candidata-se, pela primeira vez, à Presidência da República, depois da morte do líder histórico da RENAMO, Afonso Dhlakama, em maio de 2018. Momade promete combater a corrupção no país: "Estão a prender os peixinhos enquanto os tubarões estão lá. Nós queremos que os tubarões entrem também."
Foto: DW/M. Sampaio
Simango critica dívidas ocultas
Daviz Simango, o candidato presidencial do MDM, também não está contente com a governação no país. Segundo Simango, basta olhar para o escândalo das dívidas ocultas, garantidas pelo anterior Governo sem conhecimento do Parlamento: "Vejam as dívidas ocultas, que prejudicam sobremaneira o nosso povo, encarecendo a vida da maioria". É preciso mudar de rumo, diz.
Foto: DW/M. Sampaio
Falta de fundos para AMUSI
É o quarto candidato presidencial: Mário Albino, do partido extraparlamentar Ação do Movimento Unido para a Salvação Integral (AMUSI). Albino começou a campanha a "lamentar o comportamento da CNE que está amarrada às orientações do partido FRELIMO. Até hoje não libertaram fundos para a campanha eleitoral para o AMUSI", denunciou Albino, citado pelo jornal moçambicano O País.
Foto: DW/S.Lutxeque
Problemas por resolver
Antes do início da campanha, já havia várias controvérsias em relação a estas eleições: denúncias sobre "eleitores-fantasma" na província de Gaza ou ameaças de um boicote ao processo pela autoproclamada Junta Militar da RENAMO (foto), que contesta Ossufo Momade na presidência do partido. Na véspera do arranque da campanha, a Junta Militar ameaçou: "Somos moçambicanos e continuamos com as armas."
Foto: DW/A. Sebastiao
Novidade: Eleição de governadores
Pela primeira vez na história de Moçambique, os eleitores vão poder escolher os 10 governadores provinciais. É uma novidade que resulta das negociações de paz entre o Governo e o maior partido da oposição a RENAMO. Nas províncias, os candidatos também andam a tentar "caçar votos". Na foto, apoiantes da FRELIMO na província da Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
"Escolher um filho para dirigir a província"
Manuel de Araújo candidata-se pela RENAMO a governador da província da Zambézia. No arranque da campanha congratulou-se com a possiblidade de os moçambicanos poderem votar nos seus governadores: "44 anos que este país está independente, mas nós nunca tivemos a possibilidade de escolher um filho nosso para dirigir a província". Pio Matos é o candidato da FRELIMO e Luís Boa Vida do MDM, na Zambézia.
Foto: DW/M. Mueia
CNE prepara escrutínio
As eleições gerais estão marcadas para 15 de outubro. Segundo a Comissão Nacional de Eleições de Moçambique (CNE), estão a ser recrutados os "formadores provinciais e os candidatos a membros das assembleias de voto, cuja formação deverá acontecer durante o mês de setembro". Serão distribuídas 21 mil mesas de voto por todo o território nacional e pela diáspora.