Os três candidatos a governador de Tete já cantam vitória
9 de setembro de 2019A campanha eleitoral para as eleições gerais de 15 de outubro Moçambique vai no seu décimo dia. Na província central de Tete, os três maiores partidos políticos no país, FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique), RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana), MDM (Movimento Democrático de Moçambique) continuam a sua caça ao voto, prometendo melhores condições de vida aos tetenses, e mesmo assim já cantam vitórias.
Analistas ouvidos pela DW África pedem soluções concretas para os problemas da província. E já antevêem uma vitória da RENAMO.
A província de Tete, no centro de Moçambique, é um circulo eleitoral importante, em termos económicos. Contém alguns dos maiores depósitos mundiais de carvão mineral. Recentemente, foram descobertos nos distritos de Zumbo e Mutarara dois jazigos com mais de 360 milhões de toneladas de carvão, exploráveis entre 15 a 20 anos. Mas também o ferro, a energia elétrica, com a Hidroeléctrica de Cahora Bassa, a agricultura e a pecuária fazem de Tete uma das regiões que gera mais receitas para o país.
Mas os impactos na vida das populações ainda estão aquém do desejável, reconhecem os três os candidatos a governador de Tete."Sonhos" de Domingos Viola
Domingos Viola, o cabeça de lista da FRELIMO, entra na corrida para governador de Tete prometendo continuar com os projetos do partido visando o crescimento de província. "Eu quero ver Tete com estradas melhoradas, isenta de corrupção e uma província que inspira confiança e a população confia nos seus governantes. É isso que será a nossa linha de governação”, aponta Viola, adiantando que "a FRELIMO é um partido já maduro com longa experiência de governação e não estamos a lançar mensagens inovadoras, mas a nossa ideia é de continuidade”.
Domingo Viola foi professor na Escola Secundária de Tete e é atualmente administrador do Distrito de Dôa.
"(...) serviços de qualidade aos seus utentes", Ricardo TomásMas o cabeça de lista da RENAMO, Ricardo Tomás, diz que o que Tete precisa é de muitas mudanças e não de continuidade. Para Tomás, é inconcebível que "nós temos que recorrer ao tratamento sanitário no vizinho Malawi. Por que é que os malawianos não vêm para as nossas unidades sanitárias? É porque no Malawi tem Governo e aqui não temos Governo”, observa Tomás.
Ricardo Tomás já concorreu por duas vezes ao cargo de edil da cidade de Tete, em 2013 pelo MDM e em 2018 pela RENAMO, tendo sido derrotado por Celestino Checanhadza da FRELIMO (2013) e César de Carvalho, em 2018.
"Queremos instalar aqui um Governo da RENAMO que possa providenciar serviços de qualidade aos seus utentes”, promete Ricardo Tomás.
Colocar Tete na rota do desenvolvimento
Por seu urno Carlos Monteiro Chataica, cabeça de lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), também quer ver Tete desenvolvido e já sabe por onde começar:
"Na primeira linha, temos o desenvolvimento sustentável de Tete, nomeadamente a agricultura. Esses pilares são para colocar a província na rota do desenvolvimento”, garante Chataica para quem "os recursos de que a província dispõe devem ser transformados localmente".
O candidato do MDM diz ainda que o partido pretende melhorar a política de reassentamentos que preocupa parte da população de Tete, com muitas pessoas a reclamar das condições nas zonas para onde são transferidas por causa dos mega-projetos de exploração de carvão mineral.
Candidatos cantam vitória
Passados 10 dias desde o arranque da maratona de caça ao voto, os três candidatos ao cargo de governador de Tete cantam vitória.
"Se hoje fosse o dia da votação, tenho a máxima certeza que estaríamos em vantagem na assembleia provincial e o Viola seria o governador da província de Tete”, vaticina o candidato da FRELIMO.
"Se amanhã fosse o dia das eleições, era só ir carimbar e esperar o dia de tomada de posse”, diz por seu lado, Ricardo Tomás, da RENAMO, que já prefere ser chamado de governador de Tete.
"É dessa vez. Mesmo se as eleições fossem agora vou ganhar”, assegura o cabeça-de-lista do MDM.
Projetos concretos - pedem analistas
Analistas políticos ouvidos pela DW África pedem uma campanha eleitoral ordeira e com projetos concretos de governação para os próximos 5 anos. Segundo o analista Aparício de Nascimento, a província de Tete tem ainda o desafio de transformar os recursos minerais que possui em riqueza para a população. "Queremos Tete mais desenvolvido, mas que este desenvolvimento não traga prejuízos para as comunidades”, apela Aparício de Nascimento.Por seu turno, Momad Rafique presidente do Grémio Juvenil para o Desenvolvimento Integral, uma organização da sociedade civil sedeada na vila de Moatize, diz que "uma das prioridades para Tete seria o combate à poluição provocada pelas atividades de mineração, criação de oportunidades de empregos e distribuição equitativa dessas oportunidades”, considera Rafique acrescentando que "tem que haver inclusão. Já não é altura para termos cidadãos da primeira, da segunda e da terceira”.
RENAMO com mais possibilidades de vencer
Nas últimas eleições de 2014, a RENAMO conseguiu eleger 42 membros, contra 37 da FRELIMO e 3 do MDM para a Assembleia provincial. Olhando para estes dados, Momad Rafique e Aparício de Nascimento antevêem uma vitória da RENAMO.
Aparício de Nascimento explica que "a RENAMO é quem tem mais possibilidades de renovar o mandato, tendo em conta que é um partido popular, enquanto a FRELIMO, por aquilo que assistimos nos últimos dois anos [escândalos de corrupção], terá dificuldades de convencer o eleitorado”, considera De Nascimento.
Momad Rafique acrescenta que "a oposição vem com mensagens de esperança ao povo moçambicano, combate a corrupção, nepotismo e percebo que a maior atenção da população vai para oposição e não para o partido no poder e a RENAMO é que está mais próxima de vencer a corrida eleitoral em Tete”.
Artigo atualizado, as 19:44 (UTC) de 09 de setembro de 2019.