Na província do sul de Moçambique, candidatos a governador dizem que vão melhorar as estradas, construir mais escolas e combater a corrupção. Mas cidadãos e analistas lembram aos políticos que não basta fazer promessas.
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Nesta campanha eleitoral em Moçambique, multiplicam-se as promessas dos candidatos a governador na província de Inhambane, sul do país. Daniel Chapo, atual governador da província de Inhambane e cabeça-de-lista da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), tem andado de porta em porta e em comícios populares e renovado promessas antigas, que não foram cumpridas. Chapo assegura, no entanto, que, se for eleito, muitas coisas vão mudar.
Inhambane: As velhas promessas dos candidatos a governador
"A estrada de Massinga a Funhalouro vai ser uma das nossas grandes prioridades neste próximo quinquénio, além de um hospital em Funhalouro. Também queremos continuar a abrir mais furos de água, e, nos próximos anos, as nossas crianças vão estudar da primeira até à décima classe gratuitamente", afirmou.
Daniel Machamale, candidato da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) para o cargo de governador em Inhambane, tem feito campanha em língua local para tentar chegar a mais pessoas e conseguir mais votos nas eleições gerais de 15 de outubro.
Na semana passada, a sede do partido na cidade de Maxixe foi assaltada por desconhecidos, que levaram material de campanha e um computador. Mas, para o cabeça-de-lista do partido, a caça ao voto continua, também com várias promessas. Machamale promete criar mais empregos, melhorar as condições de vida da população e acabar com a corrupção.
"Votar na RENAMO é para melhorar as condições de vida, construir mais escolas, hospitais, vias de acesso, acabar com a corrupção, pobreza e garantir mais emprego para os jovens e mulheres vulneráveis", disse Daniel Machamale.
Só promessas não chegam
O combate à corrupção é também uma prioridade para Marcelino José Marrengula, o cabeça-de-lista do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) ao cargo de governador de Inhambane. Marrengula promete que, se for eleito, haverá "tolerância zero" às cobranças ilícitas nas escolas e nos hospitais.
"Quando vão à escola, são cobrados de dois a três blocos para construção das escolas. Também nos hospitais, em vez de ser atendido como doentes, alguns são chamados para fazerem machambas para poder conseguir medicamentos", afirma.
Mas os cidadãos avisam que só fazer promessas não chega. Laurindo Garrine, residente no distrito de Massinga, diz que é preciso passar das palavras às ações. "É preciso construir mais estradas e escolas, porque estamos mal e estamos a sofrer aqui", sublinha.
O analista político Tufane Abibo também entende que os políticos devem cumprir com o prometido. "Quem ganhar deve fazer aquilo que promete, porque não basta melhorar o discurso bonito para, no fim, isso não acontecer. Espero que haja um compromisso para com o povo em relação ao que estão neste momento a prometer, por exemplo, na área das estradas, saúde e educação", diz.
Nas eleições de 2014, a FRELIMO ficou à frente na província de Inhambane, com 76% dos votos, contra 20% da RENAMO e 4% do MDM.
Campanha eleitoral em Moçambique: Província a província
Campanha em Moçambique: Província a província
Foto: DW/B. Jequete
Niassa: Província lembrada em período de campanha
Em época de conquistar os eleitores a oposição lembra-se que esta província do norte é marginalizada. O potencial agrícola também é chamado nos discursos dos partidos políticos. Os eleitores dizem que basta de promessas não cumpridas e manifestam desejo de ver a província, considerada esquecida, desenvolvida.
Foto: DW/M. David
Cabo Delgado: Campanha em palco de ataques armados
Há mais de dois anos que esta província do norte é alvo de ataques armados organizados por homens até ao momento sem face. Caça ao voto em solo molhado de sangue e clima de terror não é com certeza a todo vapor. Mas os partidos, em áreas seguras, seguem com suas promessas. Na terra do futuro, pois alberga uma das maiores reservas de gás do mundo, os jovens exigem emprego.
Foto: DW/D. Anacleto
Nampula: Tragédia em comício da FRELIMO
Mais de 10 mortos e 85 feridos foi o saldo do evento de campanha da FRELIMO no estádio 25 de junho. Mesmo assim a FRELIMO e o seu candidato não interromperam a caça ao voto, num gesto de luto. Mas reagiu imediatamente, prometendo entre outras coisas o acompanhamento aos familiares das vítimas. Aguarda-se pelo apuramento das responsabilidades. Desconfia-se que aspetos de segurança tenham falhado.
Foto: DW/S. Lutxeque
Zambézia: Ato macabro mancha caça ao voto
Nesta província a mobilização do eleitorado é grande, por isso a festa também é em grande. E é com a mesma proporção que desponta a violência eleitoral. Até ao momento o incêndio criminoso da casa da mãe do candidato da RENAMO às provinciais, Manuel de Araújo, é a maior mancha do processo na província central. A RENAMO acusa a FRELIMO de autoria, mas o partido no poder nega.
Foto: DW/Marcelino Mueia
Tete: Desenvolvimento é a tónica de campanha
Os dois principais partidos, FRELIMO e RENAMO, contam promover o desenvolvimento da província central usando os recursos que a região oferece. Já o MDM dá ênfase à saúde.
Foto: Sérgio Vinga
Manica: Proximidade com o eleitor
Tal como em todo o país, as regras de afixação de cartazes eleitorais não são respeitadas nesta província central. Mas esta não é a única forma de propaganda usada pelas formações políticas, como é habitual, os candidatos vão ao encontro do eleitor com os panfletos nas mãos.
Foto: DW/B. Chicotimba
Sofala: Ciclone Idai faz mudança climática ser prioridade
O Idai atingiu duramente a província central em meados de abril. Até hoje o país não se refez completamente das suas consequências. O evento está a ser aproveitado para conseguir votos. Os partidos estão a prometer a um eleitorado recém afetado medidas para minimizar os impactos das alterações climáticas.
Foto: DW/Arcénio Sebastião
Inhambane: As ameaças de ex-guerrilheiros da RENAMO
É em época de caça ao voto que os guerrilheiros da RENAMO acantonados na base de Matokose, nesta província do sul, fazem ameaças. Justificam que estão descontentes com a sua liderança. Garantem que têm muito armamento, que deveria ter sido entregue às autoridades até o 21 de agosto. É neste contexto que os partidos vão trabalhando junto do eleitorado.
Foto: DW/Luciano da Conceição
Gaza: Campanha sob o espectro da desconfiança de fraude
A caça ao voto nesta província do sul acontece mesmo sem que o caso da disparidade de números de eleitores apresentados pelo INE e STAE tenha sido resolvido. A suspeição em relação à Gaza é grande. Neste bastião da FRELIMO, onde a oposição costuma ser alvo de violência, as ações de campanha decorrem até agora com tranquilidade.
Foto: DW/C.A. Matsinhe
Maputo: Promessas ajustadas ao eleitor urbano
Redução do IVA e combate à corrupção são algumas das promessas da oposição nesta província do sul. As fraquezas do Governo da FRELIMO têm servido, até certo ponto, de armas para a RENAMO e MDM nesta campanha. Também promessas de mais emprego para uma região densamente povoada por jovens não faltam. Já a FRELIMO prefere continuar a apostar, entre outras coisas, na continuidade.