"RENAMO está em coma político"
15 de outubro de 2024Na sequência dos resultados das eleições gerais que estão a sero anunciados em moçambique, já circulam nos bastidores da opinião pública e até mesmo dentro da própria RENAMO, rumores sobre a possível queda do atual líder, Ossufo Momade. Em entrevista à DW África, o professor e analista político Samuel Simango foi enfático ao afirmar que a "RENAMO está em coma político"e que sua atual liderança parece estar com os dias contados. Para ele, o partido precisa de uma revitalização urgente.
DW África: Como avalia a situação da liderança da RENAMO?
Samuel Simango: Eu diria que a liderança da RENAMO está severamente fragilizada.É uma liderança com prazo de validade.
DW África: Em outras palavras, mais cedo ou mais tarde, essa liderança não resistirá à pressão social e acabará caindo?
SS: Exatamente. No meu entendimento, é uma questão de tempo. Não vejo Ossufo Momade e sua equipe estejam em condições de reanimar o partido, que está em um estado de quase "coma político". Se a RENAMO quiser se reerguer, precisará de novas estratégias e uma nova liderança. A atual liderança, na minha opinião, não tem capacidade intelectual e política para trazer o partido de volta à relevância. A RENAMO representava um símbolo de esperança para muitos moçambicanos, [mas] começou a decair no momento em que perdeu o contato com a realidade do seu eleitorado.
DW África: O próprio partido ignorou o apoio de algumas pessoas ao partido, entendo-o como "voz dos sem vozes"?
SS: Exatamente. A RENAMO, para muitos, era vista como "a alternativa", a verdadeira "voz dos que não tinham voz". Mas o partido esqueceu-se que o eleitorado vive de esperança.
DW África: Então, a RENAMO "parou no tempo", não compreendeu essas dinâmicas?
SS: A RENAMO não compreendeu as dinâmicas de transformação da sociedade moçambicana, apesar de os sinais terem sido evidentes em vários setores do eleitorado. Nós chamamos de "lealdade", que desaparaceu. Exatamente porque Ossufo Momade não conseguiu aglutinar os membros do próprio partido, que está profundamente dividido, como vimos no Congresso recente. Há diferentes grupos: o que era próximo de Afonso Dhlakama, de Ivone Soares, ou o de [Alfredo] Magumisse... que até rotulou o próprio líder como parado, "inativo". [Hoje,] a RENAMO tem várias "RENAMOs" dentro de uma só.