RENAMO em festa pela vitória nas intercalares de Nampula
Sitoi Lutxeque (Nampula)
15 de março de 2018
Apoiantes da RENAMO comemoram vitória preliminar do candidato Paulo Vahanle nas eleições intercalares de Nampula. Citadinos estão esperançosos e a FRELIMO, partido no poder, reconhece a vitória da RENAMO.
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O candidato da RENANO, o maior partido da oposição, Paulo Vahanle, é até aqui considerado o vencedor da segunda volta das eleições intercalares do município de Nampula, decorrida a 14 de março, com 58% contra 40% de votos. A informação é do grupo de observares eleitorais na localidade, "Sala da Paz". Os órgãos da administração eleitoral ainda não avançaram os resultados, mas os observadores já os declararam com base em resultados preliminares.
Os cidadãos e simpatizantes da RENAMO já começaram a festejar logo pela madrugada desta quinta-feira (15.03.), apesar da polícia ter dispersado os manifestantes com gás lacrimogénio para conter os ânimos.
Mahamudo Abdu é um dos cidadãos que se diz contente com eleição do novo presidente, mesmo com base em resultados preliminares. "Estou muito feliz e acredito que na cidade [com o novo presidente] a reabilitação das estradas vá mudar. E novos postos de empregos para os jovens serão criados", diz esperançoso.
"Processo justo"
A RENAMO, através do seu porta-voz Ossufo Ulane, considera que o processo de votação foi justo e reflete os anseios dos cidadãos de Nampula. ‘‘Por via dos editais, a RENAMO fez o apuramento que recolheu dos delegados de candidaturas em diversas mesas durante todo o processo. O partido está em vantagem enorme de tal forma que conseguimos chamar agora Vahanle de presidente do Município, apesar de esperarmos os procedimentos subsequentes", disse à DW.
Ulane adiantou estar agradecido pelo facto dos munícipes terem feito o seu trabalho [votar]:"É um resultado esmagador e estamos a falar duma diferença de mais de 13 mil de votos contra 41 mil. É a maior, de tal forma que merece um agradecimento aos munícipes".
O porta-voz do atual partido de oposição agradeceu o adversário da FRELIMO, o partido no poder, por reconhecer e felicitar o presidente vencedor.
O chefe da brigada central do comité Central da FRELIMO, Tomás Salomão, afeto a província de Nampula, reconheceu a vitória do seu adversário e felicitou Paulo Vahanle.
‘‘Com base nos elementos disponíveis, tudo indica que o candidato da RENAMO lidera a contagem da segunda volta da eleição intercalar. Nós devíamos felicitar o senhor Vahanle pela sua vitória'', reconhece o membro da FRELIMO.
Salomão advertiu, entretanto, que a derrota serviu de "lição" para o seu partido melhorar os resultados nas eleições autárquicas de outubro próximo.
"Sem muitos problemas"
Eleições em Nampula: RENAMO em festa após resultado preliminar das intercalares
Segundo os observadores eleitorais, apesar de alguns ilícitos eleitorais, o processo decorreu sem muitos problemas. Juma Aiuba, o porta-voz da "Sala da Paz", um grupo que aglutina observadores nacionais no processo de votação, destacou a importância da participação dos eleitores:
‘‘Conseguimos reduzir para cerca de 67 % os níveis de abstenção que tivemos na primeira volta, que antes era 75 %. Isso é muito bom e representa que tivemos uma participação de cerca de 33% - uma melhoria significativa''.
Até ao momento, os órgãos de administração eleitoral ainda não se pronunciaram sobre os resultados preliminares, apesar da FRELIMO ter reconhecido a derrota. Ao que tudo indica, de acordo com as fontes do Secretariado da Administração Eleitoral, os resultados preliminares poderão ser anunciados nesta sexta-feira (16.03), uma vez que decorre o processamento dos resultados intermédios.
Eleições intercalares em Nampula
Já teve início em Nampula, norte de Moçambique, o ato eleitoral que elegerá o sucessor de Mahamudo Amurane. As eleições decorrem até às 18h00 e contam com cerca de 300 mil eleitores e cinco candidatos nos boletins.
Foto: DW/S. Lutxeque
Munícipes chegam cedo
Um pouco por toda a província, os munícipes responderam positivamente ao apelo da CNE para votarem o mais cedo possível e começaram a marcar lugar nas filas para as assembleias de voto duas horas e meia antes da abertura das urnas. As urnas estão abertas até às 18:00, com 296.590 eleitores inscritos e cinco candidatos nos boletins de votos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Atrasos na abertura das urnas
Sete horas da manhã desta quarta-feira (24.01.) era o horário previsto para a abertura das 54 assembleias de voto, mas algumas só começaram a funcionar uma ou duas horas mais tarde. Os atrasos registaram-se nos postos de votação instalados nas escolas de Muthita, 12 de Outubro, Mpuecha, Namicopo e Nahene, entre outros.
Foto: DW/S. Lutxeque
Denúncia de ilegalidades
Durante a manhã, Mário Albino, candidato do movimento AMUSI, denunciou a presença "de novos eleitores que não constam nos cadernos eleitorais". As declarações foram feitas depois de ter ido votar. Mário Albino mostrou-se satisfeito e confiante na vitória. Para estas eleições, foram credenciados 1200 observadores nacionais e internacionais e cerca de 150 jornalistas nacionais.
Foto: DW/S. Lutxeque
CNE garante normalidade no processo
Daniel Ramos, presidente da Comissão Provincial de Eleições, negou as acusações. Segundo este responsável, o processo eleitoral está a decorrer sem problemas. Sobre o atraso na abertura de mesas da assembleia de voto, Daniel Ramos explica que ficou a dever-se às chuvas que caíram durante a noite de ontem e início desta manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Falta de material
Também a plataforma de observadores eleitorais que acompanha o processo denunciou, à margem de uma conferência de imprensa, algumas irregularidades na abertura das eleições. Entre elas, a falta de material de votação. Segundo a organização, 57% das 401 assembleias de voto abriram à hora estipulada. As restantes abiriram com um atraso de cerca de uma/duas horas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Assembleia de voto encerrada
A votação foi interrompida na Escola Comunitária de Malimusse. Membros do MDM paralisaram o processo devido a erros nos cadernos eleitorais. Luísa Morroviça (na foto), fiscal do MDM, afirma que o seu partido “não vai admitir brincadeiras do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral. A assembleia de voto em causa já admitiu o problema e confirma que a votação está interrompida desde manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Cinco candidatos na corrida
Disputam o cargo de presidente do Município de Nampula Carlos Saíde do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Amisse Cololo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Paulo Vahanle da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Filomena Mutoropa do Partido Humanista de Moçambique (PAHUMO) e Mário Albino Muiquissince da Ação Movimento Unido Para Salvação Integral-Nampula (AMUSI).
Foto: DW/S. Lutxeque
Mandato curto
O MDM venceu as últimas eleições, em 2013, com 53,84% dos votos e a FRELIMO, que lidera o Governo em Moçambique, arrecadou 41,04%. Na altura, a RENAMO boicotou as autárquicas. Para além de contarem com mais candidatos, estas eleições diferenciam-se ainda pelo curto mandato que vão ditar, uma vez que as eleições autárquicas em Moçambique estão marcadas para 15 de outubro deste ano.