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Nigéria foi a votos uma semana depois do planeado

Silja Fröhlich | AFP | Lusa | Reuters | rl
23 de fevereiro de 2019

Observadores falam de uma luta renhida entre Muhammadu Buhari e Atiku Abubakar, numa altura em que já se contam os votos. Escrutínio ficou marcado por atrasos na abertura das mesas de voto e episódios de violência.

Nigeria Präsidentschaftswahlen Schlange vor Wahllokal
Eleições na Nigéria realizaram-se este sábado (23.02) com uma semana de atrasoFoto: Getty Images/AFP/L. Tato

As eleições na Nigéria decorreram, finalmente, este sábado (23.02), após um adiamento inesperado na semana passada, anunciado a poucas horas do início do escrutínio.

Mas, e apesar da Comissão Nacional de Eleições ter afirmado que havia superado as dificuldades logísticas que forçaram o adiamento das eleições uma semana, algumas assembleias de voto abriram atrasadas. Ao longo do dia, foram relatados alguns problemas técnicos. Autoridades e representantes da sociedade civil foram dando conta de problemas relacionados com falta de selos e cartões defeituosos. Também os jornalistas da AFP no terreno confirmaram ter havido várias assembleias de voto, espalhadas um pouco por todo o país, com atrasos na abertura das urnas, devido à instalação tardia do equipamento.

Entretanto, um grupo de cidadãos que está a monitorizar os atos eleitorais no país deu conta da morte de dezasseis pessoas em confrontos relacionados com o escrutínio. "Até agora foram registadas 16 mortes em oito estados do país", anunciou a plataforma de associações independentes, denominada de "Sala de Situação" na sua conta do Twitter. A informação não foi ainda confirmada pela autoridades.

"Serei o vencedor", disse Buhari

Na manhã deste sábado, o chefe de Estado foi dos primeiros nigerianos a votar. Acompanhado da sua esposa, Muhammadu Buhari disse não ter dúvidas de que: "logo estarão a parabenizar-me pela minha vitória, serei o vencedor", disse. Na mesma ocasião, o ainda presidente descartou as perguntas dos jornalistas sobre se aceitaria uma derrota para o principal opositor. Na altura em que falou aos jornalistas, o Presidente disse que o processo de votação estava a decorrer sem problemas.

Presidente Buhari foi dos primeiros a votar.Foto: Bayo Omoboriwo

Também o principal opositor do Presidente nigeriano, Atiku Abubakar, disse esperar ser o vencedor do escrutínio. "Estou ansioso por uma transição bem sucedida", afirmou aos jornalistas, depois de votar na sua cidade natal, Yola, no estado de Adamawa, no nordeste da Nigéria, acrescentando estar impressionado com a quantidade de eleitores que se têm deslocado para votar. 

De um total de 73 candidatos à presidência, o ex-vice-presidente Atiku Abubakar, do Partido Popular Democrático (PDP), representa a maior ameaça para Buhari, Partido dos Congressistas (APC).

Quem sairá vencedor?

Os nigerianos estão divididos. "Muitos de nós não estão felizes", disse uma jovem à DW, acrescentando que "o governo não tem estado a fazer muito para consertar o que tem acontecido no país”. "Há derramamento de sangue", constatou.

No entanto, há também quem entenda que Buhari merece um segundo mandato. É o caso deste leitor que, em Abuja, afirmou à DW que o ainda Presidente "lutou contra a corrupção" e "orientou" o país.

Ameaças e ataques do Boko Haram

Apesar do número recorde de eleitores registados, o grupo Boko Haram alertou as pessoas para não irem votar. O grupo jihadista tem levado a cabo vários ataques no estado de Borno, no nordeste do país, o que tem feito com que milhares de pessoas abandonem a região. Durante a campanha eleitoral, uma nova onda de violência vitimou mortalmente centenas de pessoas, razão pela qual havia muitas dúvidas acerca da realização das eleições neste território.

Eleições na Nigéria ficaram marcadas por problemas técnicosFoto: DW/Isa Usman Jaalo

Na manhã deste sábado (23.02), horas antes da abertura das urnas, várias explosões foram ouvidas na cidade de Maiduguri. "Ouvi várias explosões na área de Bulumkutu esta manhã, mas não é claro o que está a acontecer", declarou um residente de Gomari, nos subúrbios de Maiduguri, à AFP. A polícia local explicou, posteriormente, tratar-se de um simulacro com vista a testar a segurança em caso de ataques dos extremistas islâmicos.

Mais tarde, o porta-voz do Exército, Musa Sagir, deu conta de um ataque a um posto militar em Geidam, no estado de Yobe, no norte do país. No entanto, e segundo este responsável, não houve vítimas, tendo a situação ficado normalizada e as eleições decorreram normalmente.

Os resultados das eleições presidenciais na Nigéria devem ser anunciados no início da próxima semana.

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