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Eleições: Moçambicanos com deficiência sentem-se excluídos

1 de fevereiro de 2019

Eleitores moçambicanos com deficiência física, auditiva e visual sentem-se discriminados. E, em ano de eleições em Moçambique, cegos pedem mecanismos para assegurar que o seu voto não é adulterado.

Foto: DW/Arcénio Sebastião

Os eleitores com deficiência física, auditiva e visual já pensam nas eleições gerais de 15 de outubro, altura em que os moçambicanos serão chamados às urnas para eleger um novo Presidente da República e um novo Parlamento.

Izequiel Azaraujo, secretário da Associação dos Cegos na província da Zambézia, centro de Moçambique, lembra que é fácil desviar ou roubar o voto de um invisual, porque o eleitor não vê em quem votou, mesmo que tenha ao seu lado um acompanhante de confiança.

Izequiel Azaraujo: "Naqueles boletins, deveria haver letras em Braille"Foto: DW/M. Mueia

"Mesmo com a minha esposa, não confio nela. Ela pode ter outro pensamento e votar na pessoa que eu não preciso", afirma Azaraujo.

"Naqueles boletins, deveria haver letras em Braille, que ajudem o cego a escolher a pessoa da sua preferência. Não existindo, ainda temos grandes dificuldades", acrescenta.

Exclusão

Além da questão do voto, o responsável da Associação dos Cegos na Zambézia queixa-se de exclusão durante as campanhas eleitorais na província.

Jorge Emílio: "Estamos a ser marginalizados e excluídos"Foto: DW/M. Mueia

"Não nos contemplam como agentes cívicos", diz. "Como portadores de deficiência visual, deveríamos entrar como agentes cívicos para darmos informação aos nossos membros e também à população. Já falamos disso há muito tempo."

Jorge Emílio, outro portador de deficiência física, também se sente excluído nos processos eleitorais em Moçambique. "Estamos a ser marginalizados e excluídos", afirma.

Emílio diz, por exemplo, que a mensagem das campanhas não chega às pessoas com deficiência auditiva: "Se perguntarmos aos portadores de deficiência auditiva, não sabem dizer qual é o manifesto eleitoral dos partidos", seja do Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder) ou da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) ou Movimento Democrático de Moçambique (MDM).

Eleições: Moçambicanos com deficiência sentem-se excluídos

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Comissão eleitoral não comenta

O presidente da Comissão Provincial de Eleições da Zambézia, Emílio Mpanga, não comenta a possibilidade de introduzir o sistema Braille para facilitar a votação aos cegos, mas diz que a lei eleitoral prevê essas situações.

"A nossa lei eleitoral preconiza todos os elementos para o atendimento a pessoas com deficiência nessas situações", assegura. "Os MMVs [membros da mesa de voto] estão instruídos para atender condignamente todos os eleitores. Existem possibilidades para os auxiliares poderem apoiar o deficiente de modo a depositar o voto na urna."

Mas Abdul Chavier, que também é portador de deficiência física, pede mais inclusão. "Estamos dispostos a contribuir para o desenvolvimento deste país. Apelamos ao Governo e a quem de direito que, nestas atividades envolvam todas as camadas sociais. Nós, as pessoas especiais, apenas precisamos de um empoderamento", diz Chavier.

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