Os principais partidos da oposição negam que já haja um acordo nesse sentido e remetem a decisão sobre um acordo aos órgãos competentes. Entretanto, um sinal claro já foi dado pelo MDM nas intercalares em Nampula.
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As eleições estão à porta em Moçambique: em outubro de 2018 acontecem as autárquicas e em 2019 as gerais. E ao que tudo indica as movimentações estratégicas com vista à vitória estarão em curso. E neste contexto a DW África conversou com o líder do MDM, a segunda maior força da oposição.
Perguntámos a Daviz Simango se há possibilidade de uma união de forças com a RENAMO, principal força da oposição: "O que nós dissemos é que a nossa janela está aberta caso isso seja a necessidade e o entendimentos dos partidos políticos, particularmente os dois [MDM e RENAMO]. É natural que algo possa acontecer porque a janela está aberta."
E o líder do MDM esclarece ainda que "não há uma nota afirmativa de que há um acordo assinado com essa intenção. O que dissemos é que somos os dois partidos de centro-direita esses partidos naturalmente podem encontrar ações concretas para fazer qualquer tipo de ação eleitoral."
MDM e RENAMO interessados numa união?
Moçambique: MDM e RENAMO não excluem possibilidade de união
E sobre um possível interesse do MDM em tal união, Daviz Simango passa a responsabilidade aos órgãos do seu partido: "O MDM é representado pelos seus órgãos que definem as estratégias. Quando esses aspetos todos estiverem em cima da mesa de diálogo, de afirmação, é natural que os órgãos do partido se reúnam e tomem uma decisão sábia em relação aos procedimentos."
"O Daviz Simango não passa de um presidente do partido, mas a regulamentação desse atos passam necessariamente pelos órgãos do partido", esclarece o líder do MDM.
Igual posição tem a RENAMO. O seu porta-voz José Manteigas diz que "essas respostas só são dadas através dos órgãos competentes. Só através da deliberação de um órgão competente é que nós podemos saber, de facto, qual é o sentimento do partido."
Entretanto Manteigas lembra o seguinte: "Neste momento perdemos o presidente [do partido] e os nossos órgãos competentes ainda não se reuniram para tomar qualquer decisão relativamente a qualquer assunto importante para o partido e para a vida do país."
Apoio do MDM a RENAMO nas intercalares são um sinal?
Mesmo carecendo de aprovação dos órgãos competentes, há sinais evidentes de um interesse na união, pelo menos do lado do MDM. Nas eleições autárquicas intercalares de março de 2018, o MDM decidiu apoiar o candidato da RENAMO na segunda voltas das eleições.
Este foi um gesto inédito no seio da oposição moçambicana, mas que é minimizado por Daviz Simango. O líder do MDM prefere valorizar outros ganhos: "Não sei se é uma mudança, o MDM foi criado em 2009. Foram eleições intercalares em que os dois partidos participaram, é natural que os dois partidos tenham chegado ao entendimento, o que é muito saudável. Tudo é possível, o importante é que se concretizem os interesses comuns."
E para o maior partido da oposição este gesto do MDM não foi indiferente, mas o porta-voz José Manteigas esclarece que "é um gesto normal e nós apreciamos o gesto. Essa foi uma decisão unilateral do MDM, nunca tinha havido uma concertação nem sequer uma decisão para uma possível união. Não quero dizer que isso esteja posta de parte, o que quero dizer é que os órgão competentes ainda não se pronunciaram sobre isso."
Eleições intercalares em Nampula
Já teve início em Nampula, norte de Moçambique, o ato eleitoral que elegerá o sucessor de Mahamudo Amurane. As eleições decorrem até às 18h00 e contam com cerca de 300 mil eleitores e cinco candidatos nos boletins.
Foto: DW/S. Lutxeque
Munícipes chegam cedo
Um pouco por toda a província, os munícipes responderam positivamente ao apelo da CNE para votarem o mais cedo possível e começaram a marcar lugar nas filas para as assembleias de voto duas horas e meia antes da abertura das urnas. As urnas estão abertas até às 18:00, com 296.590 eleitores inscritos e cinco candidatos nos boletins de votos.
Foto: DW/S. Lutxeque
Atrasos na abertura das urnas
Sete horas da manhã desta quarta-feira (24.01.) era o horário previsto para a abertura das 54 assembleias de voto, mas algumas só começaram a funcionar uma ou duas horas mais tarde. Os atrasos registaram-se nos postos de votação instalados nas escolas de Muthita, 12 de Outubro, Mpuecha, Namicopo e Nahene, entre outros.
Foto: DW/S. Lutxeque
Denúncia de ilegalidades
Durante a manhã, Mário Albino, candidato do movimento AMUSI, denunciou a presença "de novos eleitores que não constam nos cadernos eleitorais". As declarações foram feitas depois de ter ido votar. Mário Albino mostrou-se satisfeito e confiante na vitória. Para estas eleições, foram credenciados 1200 observadores nacionais e internacionais e cerca de 150 jornalistas nacionais.
Foto: DW/S. Lutxeque
CNE garante normalidade no processo
Daniel Ramos, presidente da Comissão Provincial de Eleições, negou as acusações. Segundo este responsável, o processo eleitoral está a decorrer sem problemas. Sobre o atraso na abertura de mesas da assembleia de voto, Daniel Ramos explica que ficou a dever-se às chuvas que caíram durante a noite de ontem e início desta manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Falta de material
Também a plataforma de observadores eleitorais que acompanha o processo denunciou, à margem de uma conferência de imprensa, algumas irregularidades na abertura das eleições. Entre elas, a falta de material de votação. Segundo a organização, 57% das 401 assembleias de voto abriram à hora estipulada. As restantes abiriram com um atraso de cerca de uma/duas horas.
Foto: DW/S. Lutxeque
Assembleia de voto encerrada
A votação foi interrompida na Escola Comunitária de Malimusse. Membros do MDM paralisaram o processo devido a erros nos cadernos eleitorais. Luísa Morroviça (na foto), fiscal do MDM, afirma que o seu partido “não vai admitir brincadeiras do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral. A assembleia de voto em causa já admitiu o problema e confirma que a votação está interrompida desde manhã.
Foto: DW/S. Lutxeque
Cinco candidatos na corrida
Disputam o cargo de presidente do Município de Nampula Carlos Saíde do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Amisse Cololo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), Paulo Vahanle da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Filomena Mutoropa do Partido Humanista de Moçambique (PAHUMO) e Mário Albino Muiquissince da Ação Movimento Unido Para Salvação Integral-Nampula (AMUSI).
Foto: DW/S. Lutxeque
Mandato curto
O MDM venceu as últimas eleições, em 2013, com 53,84% dos votos e a FRELIMO, que lidera o Governo em Moçambique, arrecadou 41,04%. Na altura, a RENAMO boicotou as autárquicas. Para além de contarem com mais candidatos, estas eleições diferenciam-se ainda pelo curto mandato que vão ditar, uma vez que as eleições autárquicas em Moçambique estão marcadas para 15 de outubro deste ano.