Perdas para os sociais-democratas, uma forte derrota para os Verdes. Um desempenho sólido para os conservadores da CDU. E, sobretudo: grandes ganhos para a "Alternativa para a Alemanha” (AfD), em parte de extrema-direita. Este é o resultado das eleições municipais na Renânia do Norte-Vestefália. No domingo, cerca de 13,7 milhões de pessoas, no estado mais populoso da Alemanha, foram chamadas a votar.

Nas eleições municipais estavam em disputa cerca de 20.000 mandatos nos parlamentos de quase 400 cidades e municípios, bem como a eleição ou reconfirmação de presidentes de câmara em cidades maiores.

Para o governo federal em Berlim, a eleição não terá consequências diretas, mas constituiu o primeiro e importante teste de popularidade após a tomada de posse em Berlim a 6 de maio.

CDU vence eleição, AfD cresce significativamente

De acordo com os resultados provisórios estaduais, a CDU alcançou 33,3%. A SPD obteve 22,1%, segundo informou a diretora eleitoral do estado. A AfD conseguiu 14,5%, enquanto os Verdes ficaram com 13,5%. Já nas eleições federais de fevereiro, a AfD tinha ultrapassado os Verdes na Renânia do Norte-Vestefália.

Os claros derrotados foram, portanto, os Verdes, que perderam uma parte significativa dos votos. O claro vencedor, nesta perspetiva, foi a AfD, que quase triplicou o seu resultado em relação a há cinco anos. O líder estadual da AfD, Martin Vincentz, declarou no domingo sobre a eleição: "Foi um referendo sobre a direção do nosso país. E quem ignora a vontade do eleitor será penalizado pelos eleitores.”

Comparação com 2020 só é parcialmente adequada

No entanto, comparar com as eleições municipais de 2020 não é necessariamente adequado para avaliar o resultado. Em 2020, a Alemanha encontrava-se no auge da pandemia de Covid-19, e a AfD ainda não era tão popular em todo o país como é agora.

Nos anos seguintes, os cidadãos da Renânia do Norte-Vestefália experienciaram um governo federal de sociais-democratas, Verdes e FDP, que acabou por se desintegrar em disputas acesas, custando simpatias a todos os três partidos. Questões como a escassez de habitação, segurança interna e política de asilo já eram importantes, mas ainda não tão dominantes como atualmente. Em 2020, também não havia guerra na Ucrânia nem escalada de violência no Médio Oriente. Em outras palavras: muitos problemas que geram insegurança aos cidadãos multiplicaram-se desde 2020. A catástrofe das cheias no vale do Ahr, em julho de 2021, causou 135 mortos e destruição massiva na região, efeitos ainda sentidos hoje. Evidentemente, a AfD beneficiou disso.

Wüst: "Isto não nos pode deixar dormir tranquilos”

O resultado preocupou também o ministro-presidente do estado, Hendrik Wüst, da CDU. Ao comentar a projeção provisória, afirmou à noite: "Este resultado deve-nos fazer refletir e não nos pode deixar dormir tranquilos. Nem mesmo ao meu próprio partido, que venceu a eleição de forma tão clara.” Wüst levantou ainda questões que considera decorrentes do resultado eleitoral: "Quais são as respostas corretas em matéria de migração por pobreza? Todas as partes do nosso sistema social são realmente justas?”

Wüst interpreta, portanto, o forte desempenho da AfD essencialmente como um voto de protesto. Ele próprio governa todo o estado desde outubro de 2021 e não se candidatou neste domingo. 

Um teste de popularidade também para o chanceler federal

O novo governo federal de conservadores e sociais-democratas em Berlim já perdeu algum apoio desde a eleição de Friedrich Merz (CDU) como chanceler, em maio. Para o chefe do governo, a eleição nas cidades da Renânia do Norte-Vestefália era importante também porque ele próprio é natural do estado. O político da CDU já se preparava, desde sábado, para um bom desempenho da AfD. Durante uma visita às instalações da Henkel, em Düsseldorf, Merz afirmou: "Vou analisar tudo amanhã à noite e também na segunda-feira com calma e depois tirar consequências quanto à forma como conduzimos campanhas eleitorais e tratamos os temas.” Merz anunciou que pretende "lutar muito firmemente pelos temas certos e pelo rumo do país.”

AfD forte mesmo em antigos bastiões da SPD

Na eleição municipal, a atenção não se restringiu à Renânia do Norte-Vestefália. Em algumas cidades, o destaque foi grande. Em Gelsenkirchen, caracterizada por infraestrutura degradada, elevado desemprego e grande proporção de imigrantes, a AfD tinha obtido a maioria dos segundos votos nas eleições federais de fevereiro, um resultado que teve repercussão além da cidade. Durante décadas, Gelsenkirchen, no coração do Ruhr, tinha sido um bastião da SPD. Agora, tal como em Duisburgo, haverá uma segunda volta entre candidatos da SPD e da AfD.

O artigo foi elaborado na noite eleitoral com base nas projeções e atualizado na manhã de segunda-feira com os números dos resultados finais provisórios.