Na Guiné-Bissau, candidatos presidenciais continuam a negociar apoios para a segunda volta. Este sábado, Iaia Dajló anunciou apoio do PND ao candidato do PAIGC. Presidente cessante posiciona-se ao lado de Sissoco Embaló.
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Este sábado (07.12), Iaia Djaló, candidato derrotado na primeira volta das presidenciais guineenses e líder do Partido da Nova Democracia (PND), anunciou que o seu partido vai apoiar Domingos Simões Pereira, candidato do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), na segunda volta das eleições presidenciais da Guiné-Bissau, a 29 de dezembro.
A decisão foi anunciada pelo próprio líder do partido, após uma reunião da comissão política do PND, na sede principal do partido. Segundo Djaló, o PND mantém assim a sua "coerência política".
O apoio do Presidente cessante e quarto candidato mais votado na primeira volta das presidenciais, José Mário Vaz, irá para o candidato do Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), Umaro Sissoco Embaló, anunciou a direção da campanha de Sissoco.
O acordo político teria sido assinado na tarde deste sábado, na sede da campanha do Presidente da República, que falhou a sua reeleição, informa também a plataforma jovem do MADEM-G15 nas redes sociais.
Na sexta-feira (06.12), Sissoco Embaló manteve encontro com o líder da Frente Patriótica de Salvação Nacional (FREPASNA) e candidato derrotado na primeira volta das presidenciais, Baciro Djá, em busca de seu apoio para a segunda-volta.
Após a reunião, representantes do MADEM-G15 mostraram-se expectantes, mas ainda não foi divulgado nenhum acordo de suporte político por parte de Baciro Djá que declarou encontrar-se "numa situação muito difícil e complexa para decidir a quem apoiar na segunda volta".
Nabiam e Cadogo apoiam Embaló
Também na sexta-feira (06.12), em conferência de imprensa, o presidente do Movimento Patriótico, José Paulo Semedo, disse que o seu partido não vai apoiar nenhum dos candidatos finalistas da segunda volta das eleições presidenciais.
A segunda volta das presidenciais da Guiné-Bissau, marcada para 29 de dezembro, será disputada por Domingos Simões Pereira (PAIGC) e Umaro Sissoco Embaló (MADEM-G15).
Presidenciais: Futuro da Guiné-Bissau adiado para segunda volta
Domingos Simões Pereira e Umaro Sissoco Embaló disputam segunda volta das presidenciais na Guiné-Bissau, a 29 de dezembro. Balanço da primeira volta das eleições feito pela CPLP, CEDEAO e União Africana é positivo.
Foto: DW/B. Darame
Domingos Simões Pereira vs Umaro Sissoco Embaló
Domingos Simões Pereira foi o vencedor das presidenciais na Guiné-Bissau, no entanto, não alcançou a maioria necessária para assumir o poder. O candidato apoiado pelo PAIGC conseguiu 222.870 votos, o que representa 40,13% do eleitorado. Seguiu-se Umaro Sissoco Embaló, do MADEM-G15, com 153.530 votos, ou seja, 27,65%.
Foto: DW/B. Darame
Medalha de bronze para Nabiam
Em terceiro lugar ficou Nuno Nabiam, com 13,16% dos votos. Seguiu-se José Mário Vaz, com 12,41%, Carlos Gomes Júnior, com 2,66%, e Baciro Djá, com 1,28% do eleitorado. Vicente Fernandes conseguiu 0,77% dos votos, Mamadu Iaia Djaló 0,51%, Idriça Djaló 0,46% e Mutaro Intai Djabi 0,43% dos votos. Os candidatos que obtiveram os piores resultados foram Gabriel Fernando Indi e António Afonso Té.
Foto: picture alliance/dpa
PAIGC pede apoio de APU e FREPASNA
Segue-se agora a segunda volta, marcada para 29 de dezembro. Domingos Simões Pereira, do PAIGC, já pediu o apoio aos partidos APU-PDGB e FREPASNA. DSP disse aceitar e respeitar os resultados eleitorais divulgados e deixou um recado a Sissoco Embaló: que na campanha para a segunda volta, não serão tolerados discursos de divisão dos guineenses: "serão atacados judicial e politicamente", disse.
Foto: DW/B. Darame
MADEM-G15 conta com apoiantes de Jomav
Por sua vez, Umaro Sissoco Embaló disse confiar na vitória na segunda e voltou a fazer acusações ao adversário Domingos Simões Pereira. "A Guiné-Bissau era um país laico e de concórdia nacional, Domingos Simões Pereira semeou o ódio e a divisão entre os guineenses". Embaló já havia anunciado, antes da primeira volta, que existia um acordo entre vários partidos contra DSP, em caso de segunda volta.
Foto: Privat
Grande derrotado
O antigo chefe de Estado da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, é já considerado o grande derrotado das presidenciais. Jomav, que concorreu como independente às eleições de 24 de novembro, ficou em quarto lugar na votação, atrás de Domingos Simões Pereira, Umaro Sissoco Embaló e Nuno Nabiam. O ex-Presidente conseguiu apenas 12,41% dos votos.
Foto: DW/B. Darame
Votação ordeira
A votação de 24 de novembro foi acompanhada por 23 observadores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), 54 da União Africana, 60 da CEDEAO e 47 dos Estados Unidos da América. Todos elogiaram a "calma" e "serenidade" do processo.
Foto: picture-alliance/Xinhua News Agency
Votação "transparente"
Também a CNE deu nota positiva ao processo, dando conta de que não foram registados incidentes que possam comprometer a votação. Nestas eleições, nenhum dos 12 candidatos apresentou contestações ao processo de votação. Já na véspera das eleições presidenciais, Felisberta Moura Vaz, porta-voz da CNE, havia garantido à DW que o sistema eleitoral no país "é tão transparente que não permite fraude".
Foto: DW/B. Darame
Monitorização da sociedade civil
As eleições presidenciais, assim como aconteceu nas legislativas, voltaram a contar com o trabalho da Célula de Monitorização Eleitoral da Sociedade Civil. Após a votação, a plataforma deu nota positiva ao dia eleitoral, salientando que tudo "decorreu conforme o previsto". A rede contou com 422 observadores em todas as regiões da Guiné-Bissau.
Foto: DW/B. Darame
Doze candidatos
Durante a campanha eleitoral, foram muitas as críticas feitas aos considerados fracos discursos e programas de governação apresentados. Em entrevista à DW, a Rede Nacional das Associações Juvenis considerou que alguns candidatos deixavam muito a desejar e que outros "confundem os poderes do Presidente da República com os do Executivo nas promessas eleitorais que fazem nos comícios".
Foto: DW/B. Darame
Jomav demite governo
A campanha para as presidenciais ficou marcada pela nomeação, por parte de José Mário Vaz, de um novo Governo liderado por Faustino Imbali, que foi recusado pela comunidade internacional, e que acabou por se demitir pouco tempo depois. O próprio Jomav disse-se desautorizado pelas forças de segurança, que não facilitaram a efetivação do decreto presidencial que ditou esta nomeação.