Eleições na Guiné Equatorial: Obiang lidera contagem
am | mjp | com agências
22 de novembro de 2022
Resultados provisórios apontam para reeleição do chefe de Estado que está no poder há mais de 43 anos. Obiang soma mais de 44% dos votos contados, contra 1,3% do líder da oposição. Ativista denuncia fraude e coação.
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Teodoro Obiang Nguema Mbasogo lidera a contagem de votos das eleições de domingo (20.11) na Guiné Equatorial, segundo os resultados provisórios divulgados pelo Ministério do Interior na segunda-feira. Até agora, somou 44,2% dos boletins depositados em quase metade das assembleias de voto no país.
Andres Esono Ondo -- candidato do único partido da oposição que não está proibido, a Convergência para a Democracia Social (CPDS) -- surge com 1,34%. O líder do Partido da Coligação Social Democrática (PCSD), Buenaventura Monsuy Asumu, um senador e aliado crónico de Obiang, obteve, até agora, 0,35%.
A divulgação dos resultados oficiais está agendada para sábado. No entanto, já é dada como certa a vitória de Teodoro Obiang para um sexto mandato, após 43 anos no poder. O chefe de Estado de 80 anos tem o apoio de uma coligação de 15 partidos, incluindo o Partido Democrático da Guiné Equatorial (PDGE), no poder.
O PDGE, que foi o único movimento político legal do país até 1991, detém 99 dos 100 lugares na Assembleia Nacional cessante e todos os 70 lugares no Senado. Nas últimas eleições presidenciais, em 2016, Obiang foi reeleito com 93,7% dos votos.
Fraude e coação
No domingo, Andrés Esono disse ter recebido "queixas de todos os cantos do país", com alegações de "fraude massiva" e irregularidades. O partido da oposição Cidadãos pela Inovação (CI) questionou igualmente a transparência das eleições.
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Em entrevista à DW, também o jurista equato-guineense Lucas Olo Fernandes descreve a votação como "fraudulenta e imparcial". O ativista e gestor de um projeto sobre afrodescendência em Portugal diz que não houve transparência nas eleições gerais e denuncia a existência de fraude e coação de eleitores.
"Houve casos de pessoas que votaram em vez de outras, houve casos também em que o voto foi coagido em algumas mesas, porque não se permitiu preencher vários boletins ao mesmo tempo e colocá-los diretamente na urna", afirma.
Segundo o advogado, a maior surpresa foi a forma de votação: os eleitores puderam votar apenas num único partido, tanto para as presidenciais, em que se recandidatava o presidente Teodoro Obiang, como para as legislativas e autárquicas. "Não se tinha a possibilidade de se fazer escolhas diferentes em partidos diferentes. Isto não permite a existência de diferentes partidos numa instituição, o que ajuda no sistema de 'pesos e contrapesos'".
Ainda assim, "o dia decorreu como noutras ocasiões anteriores", afirma. "Viu-se as mesmas irregularidades que limitaram a livre participação dos cidadãos, como por exemplo as detenções, e a forma de tratamento a outros partidos não foi a mesma que se deu ao partido no poder".
Pouco antes das eleições, ativistas dos direitos humanos denunciaram a detenção de dezenas de opositores ao regime de Teodoro Obiang, além de "mortes não explicadas" em edifícios da polícia.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.