Eleições na Tunísia: Candidatos antissistema cantam vitória
com agências
16 de setembro de 2019
São resultados provisórios, que surpreenderam: dois candidatos antissistema deverão disputar uma segunda volta das presidenciais na Tunísia: o académico Kaïs Saïed e o magnata Nabil Karoui, que fez campanha na prisão.
Publicidade
Dois candidatos antissistema deverão disputar a segunda volta das eleições presidenciais na Tunísia: Kaïs Saïed, um académico favorável à pena de morte e contra homossexuais, e Nabil Karoui, um magnata da comunicação social detido preventivamente por alegada corrupção, foram os candidatos mais votados nas eleições de domingo, de acordo com resultados provisórios divulgados na madrugada desta segunda-feira (16.09).
Saïed terá ficado à frente na primeira volta, com 19% dos votos, seguido de Karoui, com 15% dos votos, apontam algumas sondagens.
Descontentamento da população
Os resultados oficiais não deverão ser conhecidos antes de terça-feira (17.09). No entanto, os candidatos já cantam vitória.
Kaïs Saïed declarou que os resultados são "um novo capítulo na História tunisina".
"Neste momento, o povo da Tunísia está a alcançar os seus objetivos e a continuar a sua revolução dentro do quadro da legitimidade existente no país", afirmou.
Hatem Mliki, porta-voz do segundo candidato mais votado, Nabil Karoui, pediu para que a vontade do povo expressa nas urnas seja respeitada: "Hoje estamos felizes porque Nabil chegou à segunda volta é um grande vencedor destas eleições", disse. "Os tunisinos falaram e mostraram que querem uma mudança no sistema de poder."
Karoui fez a campanha eleitoral a partir da prisão, depois de ser detido a 23 de agosto por um suposto caso de corrupção.
Os resultados do escrutínio refletem o descontentamento da população com o sistema político. A primeira volta das presidenciais tunisinas ficou marcada por uma elevada abstenção, e tanto Karoui como Saïed são candidatos à margem das grandes correntes que têm dominado a política do país nos últimos anos.
Os 100 observadores da União Europeia que acompanharam a votação nas 41 assembleias de voto, espalhadas pelos 27 distritos regionais, elogiaram o clima de normalidade nesta primeira volta. A segunda volta ainda não tem data marcada, mas deverá ser realizada em outubro ou novembro.
Líbia à beira de uma crise de água
Devido ao petróleo, a Líbia já foi um dos países mais ricos de África, mas a intervenção militar internacional e a guerra civil mergulharam o país no caos. Muitos estão em risco de perder o acesso a água potável.
Foto: Reuters/H. Ahmed
Necessidades básicas
A Líbia atravessa uma crise no seu sistema de saúde. As regiões ocidentais, em particular, estão a ficar sem água potável. 101 das 149 condutas do sistema de abastecimento de água foram já destruídas na sequência da situação caótica que o país vive.
Foto: Reuters/E.O. Al-Fetori
Sistema de condutas de água deteriorado
O país é maioritariamente composto por deserto árido. Na década de 1980, ainda com o ditador Muammar Kadhafi no poder, foi construído um vasto e avançado sistema de condutas conhecido como o "Grande Rio Artificial da Líbia". Um projeto que levou o abastecimento de água potável a mais de 70% da população do país. No entanto, desde a queda de Kadhafi, o sistema tem sido danificado.
Foto: Reuters/E.O. Al-Fetori
Guerra civil e caos
Desde a queda de Kadhafi, em 2011, após uma intervenção militar internacional liderada pelos EUA e a França, o país está mergulhado no caos. O Governo reconhecido pela comunidade internacional, com sede em Tripoli, é fraco e não controla grande parte do território líbio. Por seu lado, o General Khalifa Haftar e o seu autoproclamado Exército Nacional (LNA) controlam o leste do país.
Foto: AFP/M. Turkia
Alvo Tripoli
O LNA, em particular, tem utilizado o sistema de condutas de água para fazer exigências, colocando assim em perigo a população da Líbia. Em maio, as forças leais ao marechal Haftar obrigaram os trabalhadores do setor da água a cortar a principal conduta que abastecia a capital sitiada, Tripoli, durante dois dias. E exigiram que as autoridades libertassem um prisioneiro.
Foto: Reuters/H. Ahmed
Água como arma de guerra
Mas não são apenas os grupos rebeldes que usam o sistema de abastecimento de água do país como moeda de troca para defender os seus interesses. Há também pessoas que desmontam bocas de poços para vender o cobre de que são feitas estas estruturas. As Nações Unidas já alertaram os diferentes lados do conflito para que não utilizem a água como arma de guerra.
Foto: Reuters/E.O. Al-Fetori
Riscos para a saúde
Mostafa Omar, porta-voz da UNICEF para a Líbia, estima que, no futuro, cerca de quatro milhões de pessoas poderão ser privadas do acesso a água potável se não for encontrada uma solução para o conflito. A falta de água pode resultar em surtos de hepatite A, cólera ou outras doenças diarreicas.
Foto: Reuters/E.O. Al-Fetori
Água imprópria para consumo
A juntar à escassez da água, está o problema da contaminação deste recurso em algumas áreas do país. A presença de bactérias ou um elevado teor de sal tornam a água imprópria para consumo. "De facto, muitas vezes, a água já não é potável", constata Badr al-Din al-Najjar, diretor do Centro Nacional de Controlo de Doenças da Líbia.