Os chadianos participaram este domingo (11.04) nas eleições presidenciais, num escrutínio que tem o Presidente cessante, Idriss Déby, como favorito a conquistar um sexto mandato consecutivo.
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Aliado fundamental na campanha anti-jadista do Ocidente no Sahel, Idriss Déby, de 68 anos, lidera uma corrida de seis candidatos sem grandes rivais e após uma campanha em que as manifestações foram proibidas ou dispersas pelo Governo.
Falando aos jornalistas ao votar na capital N'Djamena, Déby apelou "a todos os homens e mulheres do Chade, onde quer que estejam, para saírem em força e votarem", ao mesmo tempo que pôs de lado os apelos de alguns partidos da oposição para boicotar as urnas.
A polícia e os soldados estavam em força em toda a cidade, enquanto que a falta de material de votação atrasava a abertura em muitas mesas de voto, segundo informações da agência de notícias AFP.
No distrito de N'Djamena Moursal, visto como um reduto da oposição, um funcionário eleitoral disse ter tido "apenas três eleitores desde a abertura", ao lado de uma urna de voto quase vazia. Não havia filas de espera para votar em outras mesas de voto.
Um jornalista da AFP em Massaguet, 85 quilómetros a norte de Niamey, disse que as mesas de voto também assistiam a uma baixa participação.
Oposição dividida
As eleições presidenciais surgem dois meses depois de 15 partidos da oposição se terem unido numa aliança que propunha um "único candidato" para enfrentar Déby. No entanto, e após desavenças, esta aliança foi desfeita, tendo 16 opositores apresentado a sua candidatura frente ao chefe de Estado.
O Supremo Tribunal do Chade viria a invalidar sete candidaturas, com outras três -- incluindo a do histórico rival Saleh Kebzabo --, a retirarem-se em protesto contra violência.
Assim, os boletins de voto mantêm os nomes de 10 candidatos, embora apenas Félix Nialbé Romadoumngar, Albert Pahimi Padacké, Théophile Yombombe Madjitoloum, Baltazar Aladoum Djarma, Brice Mbaïmon Guedmbaye e Lydie Beassemda - a primeira candidata presidencial na história do Chade - desafiem, de facto, Déby.
Pelo Chade, país no norte da África Central, a eleição de domingo é vista como "pré-estabelecida". O Executivo proíbe há vários meses as manifestações e "marchas pacíficas pela mudança" que os partidos da oposição tentam organizar todos os sábados, com a polícia antimotim a dispersar alguns dos comícios, que, por norma, não chegam a reunir mais de algumas dezenas de pessoas.
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Violência contra opositores
Na quinta-feira (08.04), a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW) acusou as forças de segurança de realizarem uma "repressão implacável", algo abordado também pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que lamentou "o uso de violência" contra a oposição.
No entanto, o Governo nada faz face a estas posições, com Idriss Déby, marechal, a continuar uma campanha sobre a "paz e segurança".
Déby embandeira a "paz e segurança", dizendo ser o arquiteto destas no seu país e numa região atormentada por conflitos. O Chade, rodeado por Líbia, Sudão e República Centro-Africana (RCA), é um dos principais contribuintes para o combate a 'jihadistas' no Sahel, enviando militares experientes para Mali e, ocasionalmente, Nigéria.
Os resultados provisórios das eleições estão agendados para 25 de abril, com os resultados finais previstos para 15 de maio.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.