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Eleições no Quénia preocupam países vizinhos

1 de março de 2013

Os quenianos vão às urnas, a 4 de março, eleger o próximo Presidente. O receio de conflitos, tal como aconteceu no último sufrágio, há cinco anos atrás, inquieta os Estados vizinhos, que temem cortes de abastecimentos.

Nairobi, capital do Quénia
Nairobi, capital do QuéniaFoto: Reuters

O Quénia prepara-se para uma eleição presidencial ombro a ombro, na próxima segunda-feira (04.03). Entre os oito candidatos na corrida, a luta é mais acesa entre Raila Odinga, atual primeiro-ministro, e Uhuru Kenyatta, acusado pelo Tribunal Penal Internacional de estar envolvido na violência que se gerou, no último escrutínio, há cinco anos atrás.

A violência que se seguiu às eleições de 2007 casou a morte de mais de mil pessoas e cerca de 650 mil perderam os seus haveres, incluindo a habitação.

O receio de um novo conflito faz soar o alerta na comunidade internacional, em particular nos países vizinhos, que temem o corte de abastecimentos, pois dependem do Quénia para aceder ao Oceano Índico.

Yoweri Museveni apela à paz

O Quénia, juntamente com o Uganda, a Tanzânia, o Burundi e o Ruanda integram a Comunidade da África Oriental, presidida pelo Chefe de Estado ugandês, Yoweri Museveni. Às portas das eleições quenianas, Museveni está otimista: “penso que os quenianos irão ter umas eleições pacíficas, porque a violência não traz proveito a ninguém”.
O Uganda está naturalmente preocupado com as próximas eleições no vizinho Quénia. A cooperação económica entre os dois países é estreita. O Uganda exporta muita mercadoria através dos postos fronteiriços Busia e Malaba.

Além disso, o petróleo dos Estados do Golfo e os produtos provenientes da China chegam a território ugandês através do porto queniano de Mombaça.

A violência vivida no Quénia, após a disputada eleição de há cinco anos atrás, abalou o Uganda: deixou de receber petróleo e o custo dos transportes aumentou. O presidente Yoweri Museveni garante, contudo, que desta vez o país está melhor preparado.

Ruanda aumenta reservas de petróleo por precaução

Também no Ruanda há preocupações. O ministério do Comércio parte do princípio de que mais de metade das importações provêm do porto de Mombaça, no Quénia.

O comerciante de petróleo Christopher Walikana está de sobreaviso: “a preocupação subsiste, nós não sabemos se os acontecimentos se vão repetir. Mas desta vez é diferente porque há mais segurança. Anteriormente ficamos surpresos, agora estamos preparados”.

Por precaução, o Ministério da Economia aumentou as reservas de petróleo, que devem chegar para mês e meio.

Período eleitoral no Quénia dificulta negócios fora

A leste, na República Democrática do Congo, as pessoas já se habituaram à guerra e à insegurança. Por isso, muitos comerciantes não têm medo de viajar para o Quénia, observa Richard Ngamuhavaki, do Benim. Mas são poucos, reconhece.
Para comerciantes como ele, que exporta madeira do Congo, as últimas eleições quenianas, que geraram uma grande violência, foram um desastre para o negócio.

Recorda Richard Ngamuhavaki recorda que, na altura, “muitos negociantes tiveram enormes perdas. Os seus carros foram queimados com tudo o que tinha dentro. Por isso agora esperam para ver o que vai acontecer".

O comerciante de madeira está também cauteloso e não espera grandes ganhos, pois “com as eleições não se vende muita madeira. As pessoas compram apenas comida”, explica.

Para os congoleses, a rota pela Tanzânia para chegar ao Oceano Índico não é uma opção: o caminho é muito longo. O Uganda tem igualmente uma rota através da Tanzânia para aceder à costa. Mas os comerciantes preferem a rota direta através do Quénia, pois o caminho é mais curto. Mesmo que não falhe o abastecimento, os ugandeses temem que a longa rota, através da Tanzânia, os obrigue a pagar mais pelos produtos importados.


Autor: Philipp Sandner / Glória Sousa
Edição: Helena Ferro de Gouveia

Eleições no Quénia preocupam países vizinhos

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Tanto os quenianos como a comunidade internacional apelam a eleições pacíficas no QuéniaFoto: Reuters
Raila Odinga, atual primeiro-ministro queniano, concorre à PresidênciaFoto: Ivan Lieman/AFP/Getty Images
Uhuru Kenyatta, candidato presidencial, é acusado pela justiça internacional de desencadear a violência após as eleições de 2007Foto: Simon Maina/AFP/Getty Images
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