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Eleições no Quénia: uma disputa a dois

Aarni Kuoppamäki | Tainã Mansani
14 de julho de 2017

Na corrida eleitoral às presidenciais de agosto destacam-se dois candidatos: o atual Presidente, Uhuru Kenyatta, e o seu rival e ex-primeiro-ministro, Raila Odinga.

Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta (ao centro)Foto: Reuters/T. Mukoya

Num carro de campanha que percorre as ruas da cidade queniana de Kapenguria, o Presidente do país e candidato à reeleição pelo partido "Jubilee Party", Uhuru Kenyatta, acena para uma multidão de apoiadores. Parece que já venceu a disputa contra o rival Raila Odinga, mas a eleição ainda não está decidida. Ao que tudo indica, as presidenciais de agosto serão acirradas.

Jan Cernicky, diretor da Fundação política alemã Konrad Adenauer, no Quénia, lembra que "as eleições no país sempre foram muito disputadas e isso também deverá acontecer este ano. Serão eleições difíceis e pouco claras".

Linhas étnicas e regionais

As últimas eleições têm mostrado que os quenianos votam segundo critérios étnicos em busca de apoio para as suas regiões. Os maiores grupos étnicos são, nesta ordem, os Kikuyu, os Luhya, os Kalenjin e os Luo. Kenyatta é da etnia Kikuyu e o seu vice-presidente, William Ruto, da etnia Kalenjin; por isso, contam com o apoio desses grupos.

Líderes da oposição no Quénia: Musalia Mudavadi, Raila Odinga, Isaac Ruto, Kalonzo Musyoka e Moses Wetangula, em Nairobi,Foto: Reuters/T. Mukoya

Um desafio para o opositor Raila Odinga, que tem feito alianças com outros grupos em busca de votos, a exemplo da Super Aliança Nacional (NASA).

Por outro lado, numa pesquisa conduzida no final de maio pelo instituto de pesquisa de mercado Ipsos, 47 por cento dos entrevistados disseram que votariam em Kenyatta e 42 por cento em Odinga. Mas há controvérsias sobre os dados; sobretudo, diante das já alegadas acusações de fraudes eleitorais pelo opositor Odinga: "Os membros do partido Jubilee Party mentem e roubam. Eles são inimigos da descentralização", afirmou.

Receio de violência

Perante deste cenário, teme-se que a batalha eleitoral continue nas ruas mesmo após o resultado de agosto. A isso, soma-se o medo da violência, que já marca as eleições no Quénia.

Há 10 anos, mais de mil pessoas morreram numa onda de violência pós-eleitoral - marcada por confrontos entre vários grupos étnicos - provocada por dúvidas sobre a credibilidade da reeleição de Mwai Kibaki, que venceu, por pouco, o oponente Raila Odinga. 600 mil pessoas foram obrigadas a abandonar as suas casas.

14.07 Vorbericht: eleições no Quénia - MP3-Mono

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Este ano, Jan Cernicky frisa que "ainda não há motivo para pânico", mas ressalva: "Ambos os lados já se comunicam como se fossem vitoriosos. O candidato que perder poderá alegar que o resultado foi manipulado. Já se prevê que o perdedor diga: se as instituições não contribuem, então contestaremos nas ruas".

O atual Presidente e candidato à reeleição, Uhuru Kenyatta, garante a transição pacífica, caso perca as eleições: "Se a população decidir, a 8 de agosto, que quer um novo líder, eu aceitarei o resultado e assegurarei a transição de poder respeitosa e pacífica. Com pedidos ao meu sucessor que ame e proteja esta nação, tal como eu tenho tentado fazer".

Para já, espera-se uma segunda volta na disputa eleitoral no Quénia.

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