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RENAMO aponta dedo a silêncio de Presidente Nyusi

Nádia Issufo (Maputo)
11 de outubro de 2019

À DW, Venâncio Mondlane diz que esta é uma condição para que as eleições sejam tranquilas. O mandatário nacional da RENAMO aponta ainda o dedo ao Governo por não conseguir "controlar a situação" em Cabo Delgado.

Mosambik Wahlkampf RENAMO | Venancio Mondlane
Foto: DW/N. Issufo

Em Moçambique, a RENAMO, o principal partido da oposição, responsabiliza o líder do partido FRELIMO e Presidente do país, Filipe Nyusi, pela violência eleitoral. Em entrevista à DW, Venâncio Mondlane, mandatário nacional da RENAMO, frisa ter conhecimento de que em "99,9% dos casos registados nas instâncias judicias do país, o indiciado por  violência, agressão ou ilícito eleitoral é o partido FRELIMO".

Venâncio Mondlane vai mais longe, afirmando que "os esquadrões da morte, que dizimaram pessoas nos últimos cinco anos, são um produto patrocinado e promovido pelo partido" da FRELIMO e, por isso, exige a Filipe Nyusi uma atitude para expurgar esses crimes. 

DW África: Como tem sido fazer campanha eleitoral nos distritos alvos de ataques armados em Cabo Delgado?

Venâncio Mondlane (VM): Ainda há pouco tempo o Presidente fez uma segunda ronda em Cabo Delgado que foi claramente uma das coisas mais espantosas que aconteceu naquela província, apesar dos ataques.Qual é o grande problema de Cabo Delgado? É naturalmente a questão da segurança. E também a incapacidade do nosso governo de controlar a situação dos insurgentes, que também tem muito a ver com a incapacidade de comunicar, porque este processo não é novo. A informação de grupos armados já se tinha desde 2015, portanto, os serviços de informação do Estado estão, de facto, debilitados. Estão atrasados e são primitivos. Esta é uma das coisas pela qual nós sempre pautámos e contestámos nos Orçamentos de Estado, porque tiveram sempre um orçamento galopante, mas em termos efetivos de garantir a segurança da população é exatamente o contrário. A própria RENAMO tinha-se oferecido para fazer parte, quer da solução negocial, quer da solução militar, mas o governo rejeitou.

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DW África: Quais os condicionamentos a que a RENAMO está sujeita na prática?

VM: De uma forma geral, em matéria de segurança, pautámos por fazer campanha em locais seguros. As próprias forças de defesa e segurança têm feito uma espécie de escolta aos partidos que estão a concorrer, sendo que um dos partidos acabou por abandonar [a campanha] dizendo que temia um ataque em Cabo Delgado. A RENAMO, até este momento, não está numa situação concreta de insegurança a esse ponto. Temos feito a campanha normalmente, naturalmente com medidas de precaução e de segurança. A lei permite que as campanhas sejam feitas até às 18 hrs, é o que temos feito, e até este momento não temos nenhum sinal de risco no que toca aos homens da RENAMO que estão a fazer campanha em Cabo Delgado. Somos um partido que tem uma componente para-militar, por isso temos serviço de inteligência interno, sabemos como nos precaver nesse tipo de situações.

DW África: O espera das eleições, tendo em conta que, na prática, o país não vive uma situação de paz?

VM: Essa paz que é teórica nota-se, por exemplo, em casos muitos concretos. Existe um processo eleitoral em que o nível de violência que se vive em Gaza é um sinal evidente de que facto não estamos em paz, porque o partido que está no poder é um partido de violência. É um partido que promove e patrocina a violência, e nós sabemos disso porque temos casos muitos concretos. Tenho o registo de todo o país, dos casos que estão na polícia, nas procuradorias, e os pouquíssimos que chegam aos tribunais distritais, relativos aos ilícitos eleitorais e à violência eleitoral. 99,9% dos casos, o indiciado de violência, de agressão ou ilícito eleitoral é o partido FRELIMO.

Presidente Filipe Nyusi ainda não se pronunciou sobre onda de violência que tem marcado a campanha eleitoral em MoçambiqueFoto: DW/B. Jequete

DW África: Tendo em conta o conhecimento que a RENAMO diz ter sobre esses ilícitos, sobre a violência eleitoral e essa paz que existe só na teoria, o que prevê para o dia das eleições?

VM: O ideal é que tivéssemos eleições tranquilas, justas e livres, é o que toda a gente quer. O chefe de Estado deve pronunciar-se, sobretudo, sobre a postura bélica, violenta e agressiva tomada pelo seu próprio partido e membros e ainda sobre as forças de segurança, uma vez que está provado agora que, afinal de conta, os esquadrões da morte, que dizimaram pessoas nos últimos cinco anos, são um produto patrocinado e promovido pelo próprio partido FRELIMO. Se não houver uma atitude concreta a expurgar isso, não vamos ter eleições tranquilas.

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